Trump intensifica pressão sobre Venezuela e diz que ofensivas por terra podem começar “muito em breve”

Enquanto Trump afirma que ações por terra na Venezuela podem ocorrer "em breve", ele perdoa condenado por narcotráfico aliado em Honduras
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou a tensão diplomática e militar em torno da Venezuela ao declarar que companhias aéreas devem considerar o espaço aéreo do país “totalmente fechado” Foto: Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou a tensão diplomática e militar em torno da Venezuela ao declarar que companhias aéreas devem considerar o espaço aéreo do país “totalmente fechado” Foto: Casa Branca

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou a tensão diplomática e militar em torno da Venezuela ao declarar que companhias aéreas devem considerar o espaço aéreo do país “totalmente fechado”. A mensagem, publicada na rede Truth Social, da qual Trump é proprietário, endurece a recomendação feita pelo próprio governo no dia 21 de novembro e alimenta a expectativa de que uma ação norte-americana na região seja iminente. Entenda na TVT News.

“Às companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas: considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado. Obrigado a todos pela atenção”, escreveu Trump.

A Casa Branca tem classificado, sem provas ou qualquer base fática, Nicolás Maduro como líder do Cartel de los Soles, apresentado pelo governo Trump como uma “organização narcoterrorista” argumento central para justificar o aumento da presença militar dos EUA no sul do Caribe.

Caracas reage e revoga licenças

A declaração deste sábado vai além do comunicado publicado no dia 21 pela Administração Federal de Aviação (FAA), que recomendava “exercer cautela” e evitar sobrevoar a Venezuela devido ao “agravamento da situação de segurança” e à “atividade militar crescente no país e arredores”.

O alerta levou diversas companhias aéreas internacionais a suspender rotas que cruzavam o espaço venezuelano ou tinham o país como destino. Em resposta, o governo Maduro revogou licenças de ao menos seis empresas, incluindo a TAP (Portugal), Avianca (Colômbia), Turkish Airlines e a brasileira Gol. Caracas acusou as companhias de aderir ao que chama de “terrorismo de Estado” promovido pelos EUA e deu 48 horas para que retomassem as operações.

Trump fala em ofensivas terrestres “muito em breve”

A escalada verbal de hoje ocorre dois dias após Trump afirmar que operações terrestres contra o narcotráfico na Venezuela começarão “muito em breve”, sem detalhar o formato da ação. Em conversa com militares, ele disse que o tráfico marítimo diminuiu e que agora os EUA focariam em impedir o transporte por terra, “mais fácil”, segundo sua avaliação.

“Alertamos eles a pararem de enviar veneno para o nosso país”, declarou.

Reportagem do The New York Times revelou que Trump ligou para Maduro nos dias 22 e 23 de novembro para discutir a possibilidade de um encontro nos EUA. Não há confirmação de reunião, e o conteúdo do diálogo permanece sigiloso. Segundo o jornal, o secretário de Estado Marco Rubio, conhecido crítico do chavismo e extremista de direita, participou da chamada.

Dias depois, entrou em vigor a decisão de enquadrar o Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira, o que reforçou a justificativa para o aumento da presença militar norte-americana na região.

Sob Trump, EUA ampliam ações militares na costa venezuelana

Desde agosto, forças dos EUA atacaram 21 embarcações no Mar do Caribe e no Pacífico, alegando participação no tráfico internacional de drogas. As ações resultaram em 83 mortos, de acordo com informações obtidas pelo NYT. O jornal também relata que Trump tem sobre a mesa opções militares que incluem ataques a altos funcionários venezuelanos e medidas para assumir o controle do petróleo do país.

Dois pesos, duas medidas

O endurecimento contra a Venezuela não foi o único movimento de Trump na política latino-americana nesta semana. Na sexta-feira (28), o presidente concedeu perdão ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, este sim, condenado nos EUA a 45 anos de prisão por narcotráfico.

O indulto ocorre às vésperas das eleições hondurenhas, marcadas para domingo (30), e veio acompanhado de apoio explícito ao candidato de direita Nasry Asfura. Trump chegou a ameaçar reduzir a ajuda americana ao país caso seu aliado perca a disputa.

Hernández foi considerado culpado em março de 2024 por facilitar o envio de centenas de toneladas de cocaína aos EUA, em um esquema que operava desde 2004 e envolvia principalmente rotas que partiam de Colômbia e Venezuela e cruzavam Honduras antes de ingressar no mercado norte-americano.

Cresce o risco de escalada regional

Com a retórica mais agressiva de Trump, a classificação de Maduro como líder de uma organização terrorista e a intensificação das operações militares no Caribe, especialistas ouvidos por veículos internacionais avaliam que o risco de escalada regional aumenta significativamente.

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