O governo Lula voltou a afirmar, nesta terça-feira (2), seu compromisso com o fim da escala 6×1 sem redução salarial, uma das principais bandeiras democratas e progressistas para a área trabalhista. A posição foi reforçada em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após reunião de coordenação com ministros e parlamentares que defendem uma reformulação profunda da jornada no país. Entenda na TVT News.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, sustentaram que a alteração não deve se limitar à redução de horas semanais, mas garantir, sobretudo, qualidade de vida, saúde e tempo livre para trabalhadores e trabalhadoras.
“Depois da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, o fim da escala 6×1 ajuda a garantir qualidade de vida à maioria dos trabalhadores do Brasil”, afirmou Gleisi. Segundo ela, o governo entende que uma vida digna depende de tempo para descanso, lazer, cuidado familiar e resolução de demandas pessoais, algo incompatível com o atual regime de seis dias trabalhados para apenas um de descanso.
Relatório da Subcomissão sobra a escala 6×1
A manifestação do Planalto ocorreu após a apresentação do parecer do deputado Luiz Gastão, relator da Subcomissão da Escala 6×1. O relatório propõe a redução da jornada semanal para 40 horas, mas mantém o funcionamento do 6×1, ponto visto como inaceitável para o governo.
“Fomos surpreendidos pelo relatório da subcomissão”, disse Guilherme Boulos. “Vamos seguir defendendo o fim da escala 6×1, sem redução de salário, no Parlamento, na sociedade, nas ruas. É uma pauta aprovada por mais de 70% da população brasileira em todas as pesquisas”, completou.
A subcomissão especial volta a se reunir nesta quarta-feira (3), às 9h, para discutir e votar propostas legislativas. Após essa etapa, o debate seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
PEC propõe semana de quatro dias e fim definitivo do 6×1
Entre as propostas em discussão está a PEC 8/25, que estabelece uma jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, totalizando limite de 36 horas semanais, e extingue definitivamente a escala 6×1. O objetivo é adequar o Brasil a modelos mais modernos de organização laboral, já testados em países europeus e considerados benéficos para produtividade, saúde mental e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O debate gira em torno dos impactos do regime atual na saúde dos trabalhadores e em suas relações sociais, com estudos apontando desgaste físico e emocional acentuado, além de prejuízos à convivência familiar.
Parlamentares veem mudança como “ganho histórico”
A coletiva contou também com a presença de parlamentares que defendem o fim do 6×1 há anos. O deputado Reginaldo Lopes, autor da primeira PEC sobre o tema (PEC 221/2019), classificou a pauta como um marco civilizatório.
“O Governo do Brasil unifica sua posição e defende o direito ao descanso do povo trabalhador. Isso é um ganho histórico, é o fim da escravidão moderna”, afirmou.
A deputada Daiana Santos, autora do PL 67/2025, que propõe a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, destacou que a sociedade está pronta para essa transformação. “Eu acho que a sociedade brasileira já está amadurecida para esse momento”, disse.
Próximos passos
O governo aposta na mobilização social e no diálogo com o Congresso para garantir a aprovação das propostas. Ao reafirmar a prioridade do fim da escala 6×1 na agenda trabalhista, a gestão Lula procura consolidar um movimento de modernização das relações de trabalho e de reforço ao bem-estar dos trabalhadores, argumento central para sensibilizar parlamentares e a opinião pública.
