A conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a produzir efeitos imediatos na cooperação bilateral contra o crime organizado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (3) que a embaixada norte-americana no Brasil já solicitou acesso a informações e documentos sobre as operações brasileiras de enfrentamento às facções criminosas, realizadas nos últimos meses. Entenda na TVT News.
O movimento ocorre dias depois de Haddad vir a público alertar para um esquema de triangulação financeira que envolveria o envio de recursos ilícitos de facções brasileiras para empresas registradas nos Estados Unidos, com o objetivo de lavar dinheiro. Segundo o ministro, esses mecanismos têm usado brechas regulatórias, especialmente em setores como fintechs e plataformas de apostas online (bets), para ocultação de patrimônio e movimentações suspeitas.
“A embaixada (dos EUA) quer acesso aos documentos para que essa ação cooperada seja efetivada”, afirmou Haddad. “O crime não deixa de utilizar nenhuma brecha, como fintechs e bets que servem de veículo para lavagem de dinheiro.”
Haddad tem reiterado que as facções operam um processo de “triangulação internacional gravíssima”. A mais recente operação, segundo ele, envolveu cerca de R$ 1,2 bilhão, mascarado como investimento estrangeiro. “Dinheiro saiu daqui e está voltando para esses fundos”, explicou.
Pressão por ação conjunta e prisão de chefes de facção nos EUA
Mais cedo, Lula declarou que o combate ao crime organizado foi um dos temas centrais de sua conversa com Trump. O presidente brasileiro alertou para a infiltração de facções em instituições democráticas e sugeriu ao líder americano que comece a prender chefes de organizações criminosas brasileiras atualmente em território dos EUA.
“Eu disse ao Trump: a gente não precisa usar armas, a gente tem que usar a inteligência”, afirmou Lula. “Vamos prender os brasileiros que estão aí.”
A fala do presidente indica uma nova etapa de pressão diplomática, num momento em que o governo federal tenta ampliar a cooperação internacional para enfrentar o avanço transnacional das facções, especialmente no fluxo de armas e na movimentação financeira clandestina que atravessa fronteiras.
Armas e lavagem de dinheiro na rota Brasil EUA
Na semana passada, Haddad também afirmou que há contrabando de armas em direção ao Brasil, abastecendo organizações criminosas cada vez mais estruturadas. O ministro reforçou que parte dos recursos ilícitos das facções está sendo canalizada para empresas abertas nos EUA, que funcionariam como fachada para lavagem de dinheiro.
A solicitação da embaixada norte-americana, segundo o governo, é vista como um gesto concreto de que Washington pretende aprofundar a colaboração com Brasília em investigações, bloqueio de ativos e responsabilização de lideranças criminosas que operam em ambos os países.
Com a troca de informações agora em curso, a expectativa é que operações conjuntas possam avançar nos próximos meses — especialmente no rastreamento financeiro e na prisão de criminosos que se movimentam entre Brasil e Estados Unidos.
