A era do R$ 1,99 acabou. Quanto custa agora o novo ‘barato’ no Brasil?

Especialista em câmbio atribui o aumento dos preços à inflação e à desvalorização do real ao longo dos anos. Entenda na TVT News
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O que se comprava por R$ 1,99 naquela época, hoje custa consideravelmente mais caro, e o conceito dessas lojas praticamente desapareceu. Foto: EBC

Nos anos 2000, as lojas de R$ 1,99 se tornaram um verdadeiro fenômeno no Brasil. Eram encontradas em praticamente todos os bairros e ofereciam uma ampla variedade de produtos — de itens de cozinha a decoração, brinquedos e material escolar — por apenas R$ 1,99. Essa proposta atraía consumidores em busca de praticidade e economia. No entanto, a inflação ao longo dos anos mudou completamente essa realidade. O que se comprava por R$ 1,99 naquela época, hoje custa consideravelmente mais caro, e o conceito dessas lojas praticamente desapareceu.

Para entender essa transformação, é importante analisar o contexto econômico. Felipe Miranda, especialista em câmbio da corretora 305 Markets, explica: “O Brasil sofreu um aumento expressivo nos preços ao longo dos anos, impulsionado principalmente pela inflação e pela desvalorização do real. O dólar, que em 2000 estava na faixa de R$ 1,80, atualmente gira em torno de R$ 5,00. Essa mudança afetou diretamente o poder de compra dos brasileiros e inviabilizou o modelo das lojas de R$ 1,99”.

Com a alta nos custos de produção e distribuição, manter um preço fixo de R$ 1,99 para uma variedade tão ampla de produtos se tornou insustentável. Hoje, para se ter uma ideia, poucos itens podem ser encontrados por esse valor, como balas e pequenos acessórios descartáveis. Produtos que antes eram vendidos nesse valor, como utensílios domésticos, decoração, material escolar e escritório, brinquedos, ferramentas e utilidades, além de itens de higiene, beleza e enfeites para festas, agora custam de R$ 10 a R$ 20.

O que é barato?

Um paralelo interessante pode ser feito com a Dollar Tree, rede norte-americana conhecida por oferecer produtos a US$ 1. Por mais de 30 anos, a loja conseguiu manter o preço fixo, mas em 2021 foi forçada a reajustá-lo para US$ 1,25, o equivalente a cerca de R$ 6,25. Mesmo com o aumento, a variação de apenas 25 centavos ao longo de décadas é uma realidade muito diferente do cenário brasileiro. “A economia dos EUA tem um controle inflacionário muito mais estável. Apesar de ajustes pontuais, a valorização do dólar e a baixa inflação permitiram que a Dollar Tree mantivesse uma proposta viável por tanto tempo”, comenta Miranda.

No Brasil, a realidade é outra. O novo “R$ 1,99” hoje gira em torno de R$ 10 a R$ 15. “Estamos falando de um aumento de cerca de 600% ou mais para itens básicos. A pressão inflacionária constante e a instabilidade cambial tornaram inviável a manutenção de lojas populares com preços fixos baixos. O que vemos hoje são lojas que tentam manter o conceito de economia, mas com preços muito mais altos”, conclui o especialista.

Com essa mudança, as lojas de R$ 1,99 deixaram de existir como conhecíamos. Em seus lugares surgiram redes de utilidades que vendem produtos a preços variados, mas longe da faixa original. Isso reflete não apenas o impacto da inflação, mas também a mudança nos padrões de consumo dos brasileiros.

Para o consumidor, a busca por economia persiste, mas o que antes era garantido por menos de R$ 2, hoje é realidade apenas em lojas como a Dollar Tree nos EUA, onde a inflação foi muito mais controlada. No Brasil, a era do R$ 1,99 ficou no passado, substituída por novos desafios econômicos e hábitos de consumo diferentes.

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