“Açu dos Desgostoso” mostra impactos do maior porto privado do Brasil

Documentário mergulha na comunidade do Açu, mostrando os desafios enfrentados pelas famílias expulsas de suas terras para a construção do porto
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Comunidade ainda enfrenta desafios de uma das maiores obras de infraestrutura portuária do Brasil. Foto: Divulgação

Imagine uma família que mora há décadas em um local ser expulsa de suas terras para a construção de um porto? Foi o que aconteceu com os moradores da região do Açu, no norte do estado do Rio de Janeiro. Plantações destruídas, casas derrubadas, pessoas proibidas de acessar suas moradias. Mulheres, crianças e idosos sendo retirados do local onde viveram por toda a vida. Todas essas histórias podem ser vistas no documentário “Açu dos Desgostos”, dirigido por Pablo Vergara e lançado pelo Observatório Socioambiental TerraPuri, com o apoio da EarthWorks – organização estadunidense –, em outubro de 2024.

O drama dessas famílias começou em 2008, quando a então prefeita de São João da Barra, Carla Machado, fez um decreto transformando as terras rurais em industriais. Em seguida, o governador na época, Sérgio Cabral, decretou a desapropriação dessas terras. Foram aproximadamente setenta e dois quilômetros quadrados de área para implantação do Porto do Açu e condomínio industrial, cerca de mil e quinhentas atingidas diretamente e mais de três mil famílias atingidas indiretamente, sem qualquer audiência prévia para a implementação do complexo industrial, esclarecendo à comunidade local que perderiam as suas casas e plantações.

“Eles faziam em volta da propriedade um valão de mais ou menos dois ou três metros de profundidade, com uns dois metros de largura, para que a pessoa não tentasse, depois de expropriado, acessar novamente a sua terra e tomar posse de novo”, lembrou Noêmia Magalhães, ativista do Movimento de Pequenos Agricultores, referência da luta pela em defesa da comunidade do Açu. Dona Noêmia, como todos a conhecem, é uma das atingidas pela desapropriação das terras.

Além do depoimento de dona Noêmia, nos aproximadamente 20 minutos de documentário, podemos ouvir entrevistas de outras pessoas atingidas, estudiosos e ativistas ambientais, e assistir às filmagens da época, mergulhando nas histórias de moradores que viveram e vivem, ainda, os desafios socioambientais da construção do complexo industrial do Porto do Açu – uma das maiores obras de infraestrutura portuária do Brasil –, desde a perda de suas casas à perda de suas fontes de subsistência, além da degradação dos ecossistemas locais. O documentário pode ser assistido na página do Observatório Ambiental Terrapuri, ou no canal do YouTube da organização.

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