O longa brasileiro Ainda Estou Aqui foi indicado na categoria de Melhor Filme em língua não-inglesa ao Bafta, considerado o Oscar britânico. Nessa semana, Ainda Estou Aqui foi premiado Festival Internacional de Cinema de Palm Springs. Veja mais sobre as premiações em TVT News.
Ainda Estou Aqui concorre ao Bafta, o Oscar britânico
O filme Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles, foi indicado na categoria de Melhor Filme em língua não-inglesa para o Bafta, considerado o Oscar britânico. Cerimônia do Bafta acontece no dia 16 de fevereiro.
Ainda Estou Aqui concorre com “Tudo Que Imaginamos Como Luz” (Índia), “Emilia Pérez” (França), “Kneecap” (Irlanda) e “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha). O anúncio dos indicados aconteceu nesta quarta-feira (15).
“Conclave” lidera as indicações ao Bafta 2025 — 12 no total – incluindo Filme, Diretor, Ator e Atriz Coadjuvante. “Emilia Perez” recebeu 11 indicações. A protagonista, Karla Sofía Gascón, aparece na lista de Melhor Atriz concorrendo com Cynthia Erivo (“Wicked”), Marianne Jean-Baptiste (“Hard Truths”), Mikey Madison (“Anora”), Demi Moore (“A Substância”) e Saoirse Ronan (“The Outrun”).
Ainda Estou Aqui ganha prêmio no Festival de Palm Springs
O filme Ainda Estou Aqui”, escolhido pelo Brasil para tentar uma vaga no Oscar, ganhou mais um prêmio no domingo (12): foi escolhido o melhor longa-metragem internacional pelo júri no Festival de Cinema de Palm Springs, na Califórnia.
Ao anunciar o prêmio, o júri afirmou que o filme “evoca a gravidade da violência sem recorrer ao melodrama”, e que o diretor Walter Salles “captura um momento crítico da história com detalhes meticulosos e envolventes”.
Os integrantes do júri são Brian D. Johnson (crítico de cinema canadense), Marcelo Janot (crítico de cinema brasileiro) e Paola Casella (crítica de cinema italiana).
Qual é a história de Ainda Estou Aqui?
Ainda Estou Aqui conta a história da mãe de Marcelo Rubens Paiva, Eunice Paiva, que se tornou ativista política após perder seu marido, Rubens Paiva, para a crueldade da ditadura militar brasileira. A narrativa percorre a relação entre o autor e sua mãe, além de trazer a infância de Marcelo e as questões políticas acerca da morte de seu pai.
O filme é protagonizado por Fernanda Torres como Eunice, e Selton Mello como Rubens Paiva. Fernanda Montenegro também participa da obra, como Eunice, na última fase, já com Alzheimer.
A produção brasileira dirigida por Walter Salles permanece em cartaz nos cinemas brasileiros e já ultrapassou a marca de três milhões de espectadores. A TVT News assistiu e recomenda o filme, mas leve um lencinho para limpar as lágrimas no final da sessão.
Resenha: Ainda Estou Aqui é filme sobre memória e resistência
Dirigido por Walter Salles (de Central do Brasil e Diários de Motocicleta), Ainda Estou Aqui tem no elenco atores de peso como Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, Selton Mello (como Rubens Paiva), além das participações de Marjorie Estiano e da fantástica Fernanda Montenegro, que faz Eunice mais velha e já acometida de Alzheimer.
A participação de Fernanda Montenegro, mesmo curta, dá a Ainda Estou Aqui maior carga sobre o drama da memória. Como se o filme já não emocionasse desde as primeiras cenas.
Com reconstituição impecável do Rio de Janeiro dos anos 70, Ainda Estou Aqui começa com o cotidiano da família de Rubens Paiva em meio às repercussões do sequestro do embaixador suíço pelos grupos de resistência armada à Ditadura Militar.
A trama se desenvolve em três partes: a maior, que mostra a família de Paiva no Rio de Janeiro nos anos 1970; a segunda, conta trajetória de Eunice como defensora dos Direitos Humanos e a terceira, o encerramento, é a que está Fernanda Montenegro e coloca o público diante do debate da memória.
Na primeira parte, o filme mostra como a prisão de Rubens Paiva foi arbitrária. As sequências mostram como a família tentava manter a normalidade, como os dramas de adolescentes, o jogo de totó (pebolim) entre pai e filho, as idas à praia, as festas com amigos, a troca de dentinhos das crianças, a adoção de um cachorro.
Esse cotidiano é dilacerado pela prisão e desparecimento de Rubens Paiva. As cenas de Eunice e da filha presas vão levar o público para os horrores das prisões da Ditadura Militar. Mesmo sem mostrar, de forma explícita, as torturas, o filme traz o medo, o nojo e o crime que envolviam os porões da Ditadura.
Na cena do chuveiro, Eunice tenta arrancar da pele as marcas desses porões e o público fica com elas. Dali em diante, tanto plateia como o filme parecem prender a respiração. O cinema fica num silêncio sufocante. A trilha sonora da primeira parte dá lugar a uma angústia.
Mães e pais não conseguem conter as lágrimas ao verem como Eunice vai tentando manter a família. Em determinada cena, Marcelo quebra a boneca da irmã que vai reclamar com a mãe, justamente no momento mais difícil daquela trajetória. A reação normal seria descontar nas crianças, entrar em desespero. Mas Eunice segue.
Há um toque sutil no roteiro e na direção: Eunice sabe da morte do marido. Mas essa cena não é explícita. Há um corte entre ela receber quem lhe vai dar a notícia e a reação do dela. O público sabe que ela recebeu a informação. Mas ela não é falada.
Rubens Paiva não tinha morrido “oficialmente”, não há um atestado de óbito. Portanto, não há como materializar a morte.
Na segunda parte, Eunice já é uma advogada renomada na luta pelos direitos humanos. E consegue, depois de longa luta, o atestado de óbito com o reconhecimento da morte violenta de Rubens Paiva. É quando as crianças menores, já adultas, conversam: “quando você enterrou o papai”?
Esse é o gancho para a terceira parte de Ainda Estou Aqui: a memória. A família está toda reunida. Eunice, com Alzheimer, parece distante, como numa realidade paralela, típica de quem sofre essa doença. Mas uma cena na TV devolve a atenção ao olhos dela. A memória tem caminhos desconhecidos e ali, memória, luta e resistência de cruzam.
Relembre a rota de sucesso do filme Ainda Estou Aqui
O cinema brasileiro está em festa com o sucesso do filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A produção tem conquistado corações pelo mundo, levando mais de 3 milhões de espectadores às salas de cinema no Brasil desde a estreia em novembro e acumulando prêmios em renomados festivais internacionais.
Ainda Estou Aqui está na pré-lista do Oscar
O filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, está pré-indicado ao Oscar de Melhor Longa-Metragem Internacional. É a primeira vez que um filme brasileiro retorna para essa etapa da nomeação desde 2008, quando o filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias, de Cao Hamburger participou da pré-lista, mas não ficou entre os selecionados.
As premiações anteriores servem como termômetro para o Oscar, por isso as expectativas para a lista oficial que será divulgada no dia 17 de janeiro permanecem altas. Para a principal condecoração do cinema mundial, ainda se espera que Fernanda Torres seja indicada na categoria de Melhor Atriz do Oscar.
Fator decisivo para a qualidade e reconhecimento de Ainda Estou Aqui é que se trata de uma produção de Walter Salles. Salles é reconhecido mundialmente não apenas pela seu olhar artístico e competência, já postas a prova, mas também é considerado o terceiro cineasta mais rico do mundo. Em Central do Brasil, ele foi fundamental para que Fernanda Montenegro fosse indicada a melhor atriz no Oscar de 1999.
Quais foram as premiações de Ainda Estou Aqui nos festivais
Selecionado para mais de 50 festivais nacionais e internacionais, Ainda Estou Aqui já acumula sete importantes prêmios no currículo. Entre eles estão:
- Melhor Roteiro no prestigiado 81º Festival de Veneza, Itália;
- Melhor Atriz em Filme Internacional para Fernanda Torres no Critics Choice Awards, EUA;
- Melhor Filme na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Brasil;
- Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, Canadá;
- Melhor Filme no Festival de Cinema de Mill Valley, EUA;
- Prêmio do Público no Festival De Pessac, França;
- Prêmio Danielle Le Roy (Júri Jovem) no Festival De Pessac, França.