No campo e na arquibancada: apoio à Palestina ganha voz no Mundial de Clubes

Em meio à escalada de tensões no Oriente Médio, manifestações de atletas e torcedores ressaltam o futebol como instrumento de expressão política
apoio-a-palestina-ganha-voz-no-mundial-de-clubes-tvt-news
"Terra, Liberdade, Palestina". A mensagem dos torcedores do Esperance durante a partida contra o Chelsea. Foto: Reprodução/Redes Sociais/X

A solidariedade à Palestina tem ganhado visibilidade no Mundial de Clubes da FIFA, à medida que torcedores e atletas encontram formas simbólicas de manifestar apoio à causa durante as partidas. Em um torneio que reúne as atenções do mundo, a presença de mensagens, gestos e faixas em defesa do povo palestino tem chamado a atenção e reacendido discussões sobre o papel do esporte como plataforma para causas humanitárias. Veja mais em TVT News.

Durante a partida do Espérance contra o Chelsea, disputada na Filadélfia nesta terça-feira (24), torcedores do time tunisiano exibiram faixas com mensagens políticas: “Land Freedom Palestine” e “Free Gaza”.

Além das faixas, a torcida do Espérance também levou diversas bandeiras de mão da Palestina ao estádio. O gesto faz parte de um movimento mais amplo de apoio à causa palestina, que está sofrendo com ataques israelenses e tem mobilizado torcedores de diferentes países da comunidade árabe em manifestações públicas durante o torneio.

Na última sexta-feira (20), o Espérance venceu o Los Angeles FC por 1 a 0 com gol do argelino Youcef Belaïli, que comemorou a vitória juntamente com torcedores palestinos.

Essa não é a primeira vez que o Espérance expressa apoio à causa. Na final da Liga Africana de 2024, torcedores do clube exibiram bandeiras e mosaicos em solidariedade às vítimas do conflito.

O Espérance encerrou sua participação no Mundial de Clubes com uma derrota por 3 a 0 para o Chelsea, terminando em terceiro lugar no Grupo D.

Essa não foi a única manifestação política na competição, além do Espérance, o Seattle Sounders, também protagonizou um ato de apoio à Palestina.

No segundo tempo da partida contra o Paris Saint-Germain, nesta segunda-feira (23), torcedores da equipe norte-americana ergueram bandeiras palestinas atrás de um dos gols no estádio Lumen Field, em Seattle.

A torcida do Sounders é conhecida por seu engajamento social e político, com um histórico marcante de manifestações nas arquibancadas. Em diversas ocasiões, os torcedores já promoveram protestos durante os jogos, utilizando faixas e bandeiras com mensagens antifascistas, antirracistas e de apoio a causas humanitárias.

O clube americano encerrou sua participação no Mundial sem conquistar nenhuma vitória.

Segundo o jornal As, da Espanha, antes da partida entre Inter Miami e Urawa, também em Seattle, um grupo de oito pessoas protestou pró-palestina do lado de fora do Estádio Lumen Field com faixas e cartazes escritos “Cartão vermelho para Israel“, eles ainda estavam com roupas e fotografias dos bombardeios da Faixa de Gaza.

Ignorância da FIFA

No dia 15 de junho, a FIFA retirou do ar imagens promocionais do jogador egípcio Hussein El Shahat, do Al Ahly, após identificar que ele usava uma pulseira com a frase “Palestina livre”, em inglês. As fotos faziam parte do catálogo oficial com os elencos dos 32 clubes participantes do Mundial de Clubes.

Apesar da remoção das fotos, El Shahat atuou normalmente na partida de estreia da competição, no empate sem gols entre Al Ahly e Inter Miami, dos Estados Unidos, mas desta vez, sem a pulseira.

mundial-de-clubes-palestina-Jogador-Hussein-El-Shahat,-com-pulseira-da-Palestina-nas-fotos-oficiais-do-Mundial-de-Clubes-da-FIFA.-Foto:-ANRed-(Agencia-de-Noticias-Redacción)-tvt-news
Jogador Hussein El Shahat, com pulseira da Palestina nas fotos oficiais do Mundial de Clubes da FIFA. Foto: ANRed (Agencia de Noticias Redacción)

E não foi o único caso. Wessam Abou Ali, atacante palestino do Al Ahly, também foi alvo de uma medida semelhante.

Segundo informações da Agência de Notícias Red Acción, da Argentina, a FIFA teria removido sua foto de apresentação por ele usar a mesma braçadeira. Em campo, Abou Ali respondeu simbolicamente: após marcar um de seus três gols, apontou para o pulso, e em outro lance celebrou com as mãos para trás, em clara referência à figura de Handala, ícone da resistência palestina.

Além disso, Abou Ali fez história nesta terça-feira (23) ao marcar um hat-trick na partida de empate em 4×4 entre Al-Ahly e Porto.

Antes de Abou Ali, apenas Pelé tinha marcado 3 gols em um Mundial de Clubes contra um time europeu. (1962, contra o Benfica)

A FIFA regularmente posta estatísticas sobre qualquer jogador que marca o primeiro gol de seu país em um torneio FIFA, caso de Abou Ali pela Palestina. Porém, a entidade se absteve de fazer qualquer menção a Abou Ali em suas redes sociais.

A FIFA ainda não se manifestou sobre o episódio em Seattle, a imagem dos jogadores ou os protestos da torcida do Espérance. Embora o código de conduta da entidade proíba manifestações de cunho político ou religioso em seus torneios, até o momento nenhuma punição foi aplicada.

A ausência de posicionamento oficial reacende o debate sobre liberdade de expressão em contextos esportivos e o tratamento de causas humanitárias e políticas dentro do futebol.

Assuntos Relacionados