Atentado de bolsonarista é investigado como terrorismo e ato antidemocrático

Atentado bolsonarista evidencia que "o extremismo está ativo", de acordo com a PF. Confira o que disse o diretor-geral da polícia
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O homem que promoveu o atentado, inclusive, é ligado ao partido de Bolsonaro. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Brasília foi palco de um atentado bolsonarista na noite de ontem (13). Segundo o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, a ação do homem revela a atuação ativa de grupos extremistas no país. As explosões ocorreram na área central da capital, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). A Suprema Corte é alvo constante de ataques da extrema direita, incluindo ofensivas diretas do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL). O homem que promoveu o atentado, inclusive, é ligado ao partido de Bolsonaro.

Com o episódio, a PF, em conjunto com o STF, assumirá as investigações, que começaram sob responsabilidade da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). “Situação que exige ação enérgica não só da PF, mas de todo o sistema de Justiça Federal”, disse Rodrigues. Segundo o diretor-geral, a natureza do incidente indica que “não se trata de um fato isolado, mas sim de ações conectadas a outros eventos semelhantes em anos anteriores”. Andrei revelou que são duas frentes de investigação do atentado do bolsonarista. O primeiro é de crime contra o Estado Democrático de Direito. O segundo, terrorismo.

O responsável pelo atentado é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Ele morreu no local após ser atingido por uma das próprias explosões. As autoridades encontraram artefatos e pacotes suspeitos, que seguiram sendo detonados pelos policiais na manhã desta quinta-feira, em locais como um trailer próximo à Esplanada dos Ministérios e na casa alugada pelo suspeito no Distrito Federal. Francisco, inclusive, foi candidato a vereador em uma cidade de Santa Catarina pelo partido de Bolsonaro.

Atentado bolsonarista

As investigações iniciais apontam que Wanderley teria agido após um “planejamento de longo prazo”, segundo Andrei Rodrigues. O homem, natural de Santa Catarina, estava há meses em Brasília, onde alugou uma casa em Ceilândia. Parentes informaram que ele já teria visitado a cidade anteriormente, inclusive no início de 2023. A PF ainda investiga se há relação direta com os atos de 8 de janeiro.

A PF também apurou que as bombas utilizadas eram de fabricação artesanal, mas com “alto grau de lesividade”, um indicativo de sua periculosidade. Entre os artefatos, havia um extintor de incêndio preenchido com gasolina, que simulava um lança-chamas. No porta-malas do carro de Wanderley, foram encontrados fogos de artifício montados sobre tijolos, configurados para direcionar a explosão.

Ação de Robôs

Na manhã desta quinta-feira, uma gaveta na casa alugada pelo suspeito explodiu ao ser aberta por um robô antibombas da PF, utilizado pela equipe para evitar risco aos agentes. Segundo Rodrigues, o uso do robô foi essencial para preservar vidas: “Se policiais tivessem entrado sem o robô, certamente não sobreviveriam a tamanha intensidade da explosão”.

Ainda de acordo com o diretor, a PF recolheu outros materiais na residência, classificados como “de grande relevância” para as investigações. “Estamos tratando o caso sob duas vertentes: atos contra o Estado Democrático de Direito e atos terroristas. A resposta deve ser proporcional à gravidade do atentado”, concluiu Rodrigues.

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