Os 13 brasileiros que integravam a Flotilha Global Sumud, interceptada por forças israelenses quando tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, desembarcaram na manhã desta quinta-feira (9) em São Paulo, após serem deportados. O grupo foi recebido por familiares e participou de uma coletiva de imprensa no aeroporto, marcada por emoção e relatos sobre a missão interrompida e as condições da detenção em Israel. Leia em TVT News.
A embarcação havia partido com o objetivo de romper simbolicamente o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar suprimentos a civis palestinos. De acordo com relatos dos participantes, a flotilha foi interceptada em águas internacionais e seus tripulantes detidos pelas forças israelenses. Após alguns dias de prisão e interrogatórios, os brasileiros foram deportados.
Entre os que retornaram ao país estão o organizador internacional da flotilha, Thiago Ávila, a deputada federal Luzianne Lins (PT-CE), a vereadora de Campinas Mariana Conte (PT), o porta-voz oficial da missão Bruno Gilga, o palestino-brasileiro Mohamed El Kadre, Ariadne Teles, Gabriele Tolote, Lucas Farias Guzmão, João Aguiar, Liziane Proença, Magno Carvalho, Vítor Nascimento e Miguel Viveiros.
A chegada ao Brasil foi marcada por cenas de emoção. Thiago Ávila, que já havia participado de outras missões de solidariedade à Palestina, reencontrou a esposa e a filha de dois anos. Durante a coletiva, os ativistas enfatizaram que a deportação não encerra o compromisso com a causa palestina. “A flotilha vai continuar”, afirmou a esposa de Ávila, destacando a importância da iniciativa “para dar visibilidade à causa palestina”, segundo a repórter Girrana Rodrigues, durante cobertura para o Jornal TVT News Primeira Edição.
Thiago Ávila emocionou-se ao falar sobre o cessar-fogo em curso. “Esse cessar-fogo só acontece e deveria ter acontecido há dois anos, porque houve uma mobilização no mundo, uma mobilização também da flotilha, mas mais do que isso, uma movimentação humanitária de pressão aos governos para que esse acordo saísse”, disse. Ele acrescentou que é preciso “acabar com a mentalidade colonial e com o racismo contra o povo palestino”, relatou Girrana.
Segundo o ativista, o cessar-fogo não significa o fim da violência e da opressão. “A gente teve esse cessar-fogo, mas ainda não existe a paz na Palestina”, afirmou.
O porta-voz Bruno Gilga reforçou a denúncia das violações cometidas contra os palestinos. “O objetivo do Trump e do Netanyahu não mudou: é dizimar o povo palestino. Por isso, a flotilha e a atenção para a Palestina precisam continuar”, declarou.
A deputada Luzianne Lins falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros durante a detenção em Israel, mas ponderou que essas experiências não se comparam ao sofrimento cotidiano vivido pelos palestinos. “Passamos por muitas dificuldades, mas essas dificuldades não são comparadas às que o povo palestino passa todos os dias”, afirmou.
Já a vereadora Mariana Conte destacou o alívio temporário trazido pela trégua nos bombardeios. “Um acordo de paz não é definitivo, mas é importante o povo palestino ter dormido essa noite sem saber que uma bomba cairia sobre as suas cabeças”, disse.
Durante a coletiva, Thiago Ávila também denunciou as condições enfrentadas pelos palestinos presos em Israel. “Tem mais de 10 mil palestinos nas masmorras sionistas, 400 desses são crianças”, afirmou. Ele lembrou ainda que foi submetido a longas horas de interrogatório e a ameaças envolvendo sua filha de dois anos.
Apesar das dificuldades, os integrantes da Flotilha Global Sumud afirmaram que pretendem manter as ações de solidariedade internacional. “A flotilha é um movimento civil, pacífico, de resistência e denúncia. Nossa missão é mostrar ao mundo o que está acontecendo em Gaza”, disse Bruno Gilga.
Os ativistas reforçaram que a campanha pela libertação de prisioneiros palestinos e pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza continuará. “Não é apenas sobre um cessar-fogo, é sobre justiça e dignidade para um povo inteiro”, concluiu Ávila.
A chegada do grupo a São Paulo simbolizou, segundo os participantes, um novo capítulo da luta de solidariedade ao povo palestino. Com cartazes, aplausos e lágrimas, familiares e apoiadores celebraram o retorno, mas também prometeram seguir mobilizados.
A Flotilha Global Sumud reúne ativistas de vários países e busca romper simbolicamente o bloqueio marítimo imposto por Israel a Gaza desde 2007. A interceptação do barco gerou críticas de organizações humanitárias e pedidos de investigação sobre a ação das forças israelenses em águas internacionais.