O ministro Luís Roberto Barroso surpreendeu o país ao anunciar, na sessão plenária desta quinta-feira (9), sua aposentadoria antecipada do Supremo Tribunal Federal (STF). Aos 67 anos, ele ainda poderia permanecer na Corte por mais oito anos, até os 75, mas optou por deixar o cargo antes do prazo legal. Leia em TVT News.
Em pronunciamento entre os colegas e convidados, Barroso afirmou: “acredito no país e que continuarei trabalhando fora do tribunal.” Segundo ele, “é hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas.” A despedida ocorre logo após sua saída da presidência do STF, função que exerceu até recentemente.
A decisão, até então não totalmente cristalizada, vinha sendo objeto de declarações ambíguas. Em entrevista à CNN Brasil, Barroso disse que realizaria “uma reflexão muito profunda” sobre a possibilidade de antecipar a saída, com a intenção de fazer um “retiro espiritual” ainda em outubro para definir os rumos. “Eu não desconsidero a possibilidade de sair, mas não bati o martelo ainda.”
Ainda em evento na Bahia, dias antes, ele já dera indícios da despedida ao afirmar: “estou terminando aqui” ao lembrar sua indicação original ao STF justamente naquele estado. “A vida é feita de muitos ciclos. A gente deve saber a hora de entrar e a hora de sair.”
Com a vaga aberta, já começam a circular nos bastidores sugestões e apostas políticas sobre quem poderá sucedê-lo. A decisão caberá ao presidente da República, diante do que for considerado estratégico politicamente e institucionalmente.
Três principais cotados à sucessão de Barroso no STF
Embora haja outros nomes em discussão, três candidatos despontam com força no momento:
- Jorge Messias (Advogado-Geral da União)
Considerado o favorito nos bastidores, Jorge Messias figura como o nome técnico mais alinhado ao governo do presidente Lula. Já foi apontado como “homem de confiança” do Planalto, com capacidade de articulação política e experiência jurídica. Se indicado ao STF jovem, poderia compor a Corte por décadas. Ele lidera articulações no governo para garantir apoio no Judiciário e no Senado. - Rodrigo Pacheco (ex-presidente do Senado)
O senador Rodrigo Pacheco é outro nome frequentemente mencionado. Sua trajetória política e proximidade com figuras do Judiciário lhe conferem legitimidade, e sua indicação poderia agradar a parlamento e à ala institucional. Entretanto, sua provável pretensão eleitoral — especula-se que ele concorra ao governo de Minas Gerais em 2026 — gera dúvidas sobre a disponibilidade para assumir uma cadeira no STF imediatamente. Sua passagem no Senado também lhe garante trânsito político em diferentes esferas de poder. - Bruno Dantas (ex-presidente do TCU / ministro do TCU)
Bruno Dantas, atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), também aparece como forte candidato. Ele combina perfil técnico com bom trânsito institucional, inclusive junto ao Planalto. Sua nomeação teria apelo entre setores que valorizam nomes com experiência fiscal e de controle da administração pública.
Além destes, menciona-se ainda o ministro da CGU, Vinícius Carvalho, entre outros nomes, mas com menor força nas articulações principais até o momento.
A corrida pela sucessão já movimenta ministros do STF, integrantes do Executivo e interlocutores do Senado, com foco em equilibrar critérios técnicos, simbólicos e estratégicos. Em síntese, o anúncio de Barroso marca o fim de uma fase no Supremo e o início de uma disputa intensa nos bastidores do Poder Judiciário e do governo federal.