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Biblioteconomistas debatem censura na Bienal do livro

Biblioteconomistas de São Paulo debateram temas relevantes, como a censura, durante a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
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Ana Cláudia Martins destacou que, nos últimos anos, diversos autores aclamados tiveram suas obras retiradas, a partir de censura, de escolas e bibliotecas

Na última sexta-feira, 13 de setembro, Ana Cláudia Martins, presidenta do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo (CRB-8), e Adriana Ferrari, vice-presidenta da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (Febab), discutiram a censura e o boicote a obras literárias na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Ana Cláudia Martins destacou que, nos últimos anos, diversos autores aclamados tiveram suas obras retiradas, a partir de censura, de escolas e bibliotecas. Ela mencionou exemplos como “Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas”, de Flávia Martins, retirado de escolas em São José dos Campos; “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, recolhido em Goiás, Santa Catarina e Paraná;  “Aparelho Sexual e Cia.”, jogado no lixo pela prefeita de Canoinhas, SC, entre outros. Avaliou, ainda, que é pertinente da profissão o desenvolvimento da política de formação de acervos, que passa por várias etapas que vão desde o estudo de usuário, aquisição e descarte de livros.

Adriana Ferrari falou sobre as iniciativas da FEBAB, como a “Campanha Bibliotecas que não se Calam” e a defesa da democracia e do acesso à informação pela Associação Americana de Bibliotecários e pela IFLA. Ela convocou todos os profissionais a serem defensores da democracia e a não aceitarem censura em seus acervos.

“As bibliotecas devem ser cada vez mais inclusivas e diversas, com acervos que representem toda a pluralidade do nosso país e do mundo. Assumimos a responsabilidade, como bibliotecários, de defender a democracia e a liberdade, para que todos possam viver em um país melhor”, salientou Ferrari.

Ana Cláudia Martins reforçou a importância do livro físico e lembrou que, em agosto de 2023, o governo de São Paulo decidiu que as escolas estaduais não receberiam os livros didáticos do PNLD, optando por material próprio e 100% digital a partir do 6º ano. Ela alertou sobre os riscos dessa decisão, citando o exemplo da Suécia, que suspendeu um plano de digitalização após queda nas notas de leitura.

“Precisamos ficar atentos a decisões como essas, pois sabemos da importância e da pluralidade dos livros no ensino. A digitalização e a inteligência artificial são ferramentas importantes, mas o livro será sempre um grande aliado no ensino”, destacou Ana Cláudia. 

Projeto de Lei

As especialistas também debateram o Projeto de Lei (PL) 3070/2024, que exige que bibliotecas organizem seus acervos com base na pluralidade de ideias. Ana Cláudia Martins criticou o PL.

“A diversidade das coleções de uma biblioteca deve ser baseada na relevância  das obras e na necessidades da comunidade e não em cotas ideológicas. Essa proposta afeta a liberdade dos profissionais da área que desempenham essa curadoria”, analisou Ana Claudia Martins.

O bibliotecário e escritor Sidnei Rodrigues, presente no evento, compartilhou que nunca teve livros censurados em sua biblioteca, mas viu vários colegas enfrentarem esse problema. Ele considerou o encontro informativo e esclarecedor para os profissionais da área.

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