Bolsonaristas em defesa dos EUA ameaçam ministros e familiares

Bolsonaristas revoltados com a tentativa fracassada de golpe de Estado agora se aliam com nação estrangeira agressora para atacar o Brasil
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A extrema direita bolsonarista escalou seu confronto contra as instituições democráticas brasileiras. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em vídeos publicado nas redes, bolsonaristas como Eduardo Bolsonaro, foragido nos Estados Unidos, faz ameaças diretas a ministros do STF como Gilmar Mendes e Cristiano Zanin e insinua sanções às esposas dos magistrados. Ataques são mais uma tentativa de coação contra o Supremo Tribunal Federal em meio à iminente condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Entenda na TVT News.

A extrema direita bolsonarista escalou seu confronto contra as instituições democráticas brasileiras. Em vídeo publicado nesta semana, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos, ameaçou diretamente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Cristiano Zanin, além de suas respectivas esposas. A fala, uma intimidação a integrantes do Judiciário, foi publicada na plataforma X (antigo Twitter) e gerou reação imediata de juristas e autoridades.

“Gilmar Mendes está disposto a tudo? A sua esposa está disposta a tudo? Será que o Zanin está disposto a tudo?”, questiona Eduardo no vídeo, em tom de ameaça velada.

A fala ocorre justamente quando o STF analisa o caso mais grave envolvendo o bolsonarismo: Jair Bolsonaro é réu por diversos crimes como tentativa de golpe de Estado e pode ser condenado à prisão. O vídeo representa mais uma tentativa desesperada de coagir a Corte, não por acaso, promovida por um parlamentar licenciado que hoje age como lobista de interesses estrangeiros e sabotador da política econômica nacional, enquanto se esquiva das instituições que deveria respeitar.

Eduardo, que continua recebendo recursos públicos mesmo residindo no exterior, tem se aliado à extrema direita norte-americana para desestabilizar o governo brasileiro e buscar apoio político para Jair Bolsonaro, tentando transformar o crime contra a democracia em narrativa de perseguição. A postura do deputado tem sido vista como atuação direta contra a soberania nacional, ao buscar sanções estrangeiras contra autoridades brasileiras, especialmente ministros do STF.

Ofensiva articulada nos EUA

As ameaças de Eduardo Bolsonaro se somam às declarações do também bolsonarista Paulo Figueiredo Filho, que vive nos Estados Unidos e foi denunciado ao STF por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. Figueiredo respondeu uma publicação do ministro Gilmar Mendes no X, sugerindo que o ministro também deveria ser sancionado pelos EUA por ter defendido Alexandre de Moraes, vítima de sanção arbitrária baseada na Lei Magnitsky.

“Obrigado, facilita a vida para sancioná-lo quando há uma declaração tão explícita de apoio – prevista na própria lei Magnitsky”, escreveu Figueiredo, em tom de ameaça ao ministro Gilmar Mendes.

A ofensiva contra Moraes partiu de um governo estrangeiro que, sob influência de grupos radicais, busca interferir diretamente em decisões internas da Justiça brasileira — um ataque grave à soberania e à independência do país. A sanção imposta a Moraes se baseia em acusações genéricas e infundadas, e já vinha sendo articulada há meses por políticos republicanos norte-americanos ligados ao ex-presidente Donald Trump, com o apoio da ala bolsonarista exilada.

Moraes, alvo da medida, não possui bens nem conta bancária nos Estados Unidos. Seu visto para entrada no país está vencido há anos, o que revela o caráter puramente simbólico e político da sanção. Gilmar Mendes reagiu com firmeza:

“Diante dos ataques injustos, declaro integral apoio ao Ministro Alexandre de Moraes. Ao conduzir com coragem e desassombro a função de relator de processos que envolvem acusações graves, como um plano para matar juízes e opositores políticos e a tentativa de subversão do resultado das eleições, o ministro Alexandre tem prestado serviço fundamental para a preservação da nossa democracia”, publicou Mendes.

Defesa da democracia e da independência do STF

Em outro trecho, Gilmar Mendes reforçou que a independência do Judiciário brasileiro é inegociável e não será afetada por pressões externas ou internas de grupos antidemocráticos.

“Sobre os acontecimentos de hoje, é importante que se diga: a independência do Poder Judiciário brasileiro é um valor inegociável, e o Supremo Tribunal Federal seguirá firme no cumprimento de suas funções.”

As ameaças recentes representam uma escalada preocupante de intimidação contra ministros da Suprema Corte. Tentam, por meio de chantagem e articulação internacional, deslegitimar o trabalho constitucional do STF. Ao fazer insinuações contra familiares dos magistrados, Eduardo Bolsonaro ultrapassa qualquer limite do debate político e mergulha no território da coação criminosa.

Traição à pátria

Ao colaborar com sanções externas contra agentes do Estado brasileiro e atacar as instituições democráticas, os bolsonaristas radicais agem como traidores da pátria. Tentam, desde fora do país, sabotar a estabilidade do Brasil e descredibilizar o sistema judiciário que julga crimes contra a democracia. São, hoje, aliados de uma nação estrangeira agressora, que não tem justificativas legítimas para interferir no funcionamento interno das instituições brasileiras.

A defesa da ordem constitucional, da soberania nacional e da independência dos Poderes exige resposta. A democracia brasileira resistiu ao golpe frustrado de 8 de janeiro de 2023. E resistirá, com a mesma firmeza, a qualquer tentativa de chantagem ou sabotagem vinda de quem prefere o caos à Constituição.

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