Bolsonaro denunciado por tentativa de golpe: políticos repercutem

Para presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, "chegou a hora dele (Bolsonaro) e seus cúmplices prestarem contas pelos crimes cometidos contra o país"
Se condenado, Bolsonaro pode pegar mais de 30 anos de cadeia. Foto: Fernando Frazão/ABR

A denúncia apresentada nesta terça-feira (18) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, repercute no mundo político. É a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente da República é denunciado por atacar abertamente os pilares da democracia.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou, em postagem na rede social X (ex-Twitter), que “chegou a hora dele (Bolsonaro) e seus cúmplices prestarem contas pelos crimes cometidos contra o país, o povo e a democracia brasileira”.

Para ela, a denúncia “é um passo fundamental na defesa da democracia e do estado de direito”. Disse que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, baseou-se em “contundentes provas” colhidas pela Polícia Federal em relação aos crimes cometidos. “É a verdade falando alto, para que todos paguem por seus crimes.”

Nesse sentido, Gleisi ainda classificou como “estarrecedora” a alegação da PGR apresentada na denúncia de que Bolsonaro sabia e teria concordado com planos para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O que o inelegível e sua turma chamam de ‘fantasia’ é a descrição minuciosa da trama golpista, ditatorial e assassina que Jair Bolsonaro comandou como ‘chefe da organização criminosa'”.

Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) também celebrou a denúncia contra Bolsonaro e seus aliados. Destacou que o ex-presidente pode virar réu, caso o STF decida acatar as alegações apresentadas pela PGR, citou o direito à ampla defesa, e listou os crimes imputados a ele. “Se condenado pode pegar até 28 anos de cadeia. Tarda, mas não falha.”

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a prisão de Bolsonaro e de todos os envolvidos na trama golpista “é uma medida imprescindível para garantir que a impunidade não prevaleça e que a democracia seja preservada”. “A CPMI do Golpe já apontava claramente os culpados, e entre eles está o ex-presidente Bolsonaro, que precisa responder por seus atos”, acrescentou.

Segundo o senador Fabiano Contarato (PT-ES), que também teve participação atuante na CPMI do Golpe, a denúncia apresentada ontem pela PGR “é robusta e traz Bolsonaro como o líder de uma organização criminosa que atentou violentamente contra a nossa democracia e a nossa Constituição”. Ele ainda alertou pelo aumento do alarido por anistia por parte dos bolsonaristas. “É que Justiça se faz com base em provas, e eles sabem muito bem que o peso dos fatos está contra eles”.

Relatora da CPMI do Golpe, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse que pode atestar “categoricamente” que o líder da tentativa de trama que ameaçou a democracia brasileira tem nome e sobrenome. “É Jair Messias Bolsonaro.”

Bolsonaro denunciado: clima de festa

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), celebrou a denúncia contra Bolsonaro durante sua festa de aniversário. “Que essa noite nos dê cada vez mais força e energia”, afirmou o líder diante dos convidados. “A PGR denunciar o Bolsonaro foi o melhor presente que eu recebi de aniversário”, comemorou Guimarães, um dos quadros históricos do partido.

Gleisi também celebrou a feliz coincidência: “O líder Guimarães celebra aniversário recebendo um presente muito especial para aqueles que defendem a democracia: a denúncia de Jair Bolsonaro”. “Belo presente de aniversário que ele ganhou, né? Um privilégio”, comemorou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-CE).

Outras personalidades da Câmara também se manifestaram pelas redes sociais. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) comentou a “série de crimes” que a PGR reputa a Bolsonaro e seus aliados. Para Natália Bonavides (PT-RN) afirmou que as revelações que constam da denúncia “enterram qualquer possibilidade de algum tipo de anistia”. Fernanda Melchionna (Psol-RS) declarou que “a prisão do delinquente nunca esteve tão perto”.

Silêncio ensurdecedor

Chama a atenção o silêncio de duas das mais importantes figuras da República: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Até o início da tarde desta quarta-feira (19), ambos ainda não haviam se pronunciado, nem à imprensa, nem pelas redes sociais. Alcolumbre esteve à frente do Senado durante a presidência de Bolsonaro, e auxiliou na aprovação de pautas caras ao governo, como a dita reforma da Previdência. Hugo Motta, do mesmo modo, é próximo aos bolsonaristas, foi eleito com votos do PL e defendeu recentemente anistia aos condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

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