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Brasil e Colômbia emitem nota sobre pedido de prisão de opositor na Venezuela

Países afirmam que determinação judicial afeta compromissos firmados nos Acordos de Barbados
Justiça venezuelana determina prisão de opositor Edmundo González Urrutia (crédito: AFP)

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nesta terça-feira (3) nota conjunta dos governos do Brasil e da Colômbia criticando o mandado de prisão expedido pela Justiça venezuelana contra o opositor Edmundo González Urrutia. Para os países, a determinação judicial é vista com profunda preocupação e representa violação dos termos dos Acordos de Barbados, nos quais Nicolás Maduro se comprometeu a realizar eleições transparentes e com livre participação dos opositores.

No documento, Brasil e Colômbia afirmam que a medida judicial “afeta gravemente os compromissos assumidos pelo governo venezuelano no âmbito dos Acordos de Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e convivência. Dificulta, ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas”, diz a nota.

Os dois países destacam que a decretação da prisão de González representa um novo gesto repressivo do governo de Maduro, que foi declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). O governo brasileiro, para demonstrar a legitimidade da reeleição de Maduro, solicitou as atas eleitorais, mas as instituições judiciais venezuelanas não apresentaram os documentos.

Ainda nesta terça-feira (3), o assessor internacional da presidência, embaixador Celso Amorim, declarou em entrevista à Reuters que o governo brasileiro considera preocupante o pedido de prisão de Edmundo González e vê a decisão da justiça venezuelana como uma escalada autoritária. Ele acrescentou que a prisão de González poderia ser classificada como uma prisão política, uma vez que ele é um candidato presidencial em uma eleição cuja resolução ainda está pendente. “A situação eleitoral na Venezuela não está resolvida; não vemos a vitória de nenhum dos lados. Seria uma prisão política, e não aceitamos presos políticos.”

Pedido de prisão

O mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia foi decretado na segunda-feira (2) após o opositor não comparecer a três convocações do Ministério Público para esclarecer a obtenção e divulgação de atas eleitorais. O candidato enfrenta acusações de desobediência, usurpação de funções, falsificação de documentos públicos e conspiração.

González alega ter vencido as eleições na Venezuela com 67% dos votos. O opositor de Maduro está em local desconhecido desde 30 de julho, dois dias após a eleição.

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