O Brasil registrou avanços relevantes nesta segunda-feira (8) em sua agenda de comércio internacional — com importantes aberturas de novos mercados na Ásia e na América do Sul, por meio de acordos sanitários e fitossanitários que ampliam oportunidades comerciais para o agronegócio nacional e se apresentam como resposta às restrições tarifárias impostas pelos Estados Unidos. Leia em TVT News.
Indonésia amplia em 80% o número de frigoríficos brasileiros habilitados para exportar carne bovina
A Indonésia habilitou 17 novos frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, elevando o total de estabelecimentos autorizados para 38 e gerando um incremento de 80% na capacidade de suprimento ao mercado indonésio. O país asiático, com mais de 270 milhões de habitantes, já havia autorizado em agosto a importação de carne bovina com osso, miúdos e produtos cárneos preparados provenientes do Brasil, ampliando a gama de produtos admitidos.
O avanço reforça a posição brasileira como fornecedor estratégico de proteínas animais no Sudeste Asiático, com potencial significativo de incremento nos volumes exportados, geração de emprego e renda em toda a cadeia agropecuária, e fortalecimento da imagem do Brasil enquanto parceiro confiável em segurança alimentar.
Abertura de três novos mercados para o Brasil na Argentina
Na Argentina, foi concluída negociação sanitária que permite ao Brasil exportar ovos em pó para alimentação animal, matérias-primas de suínos e miúdos suínos “in natura”. As novas liberdades comerciais estreitam ainda mais a integração com um dos principais parceiros regionais, especialmente no âmbito do Mercosul.
A Argentina, com uma população de mais de 45 milhões de pessoas, apresenta um mercado pet em franca expansão, com demanda crescente por ingredientes para nutrição animal, e abre espaço para a valorização de cortes menos consumidos internamente sobre os quais o setor suinícola brasileiro passa a atuar com mais intensidade.
No Paraguai, foi firmado acordo fitossanitário que autoriza a exportação de chia em grãos feita por pequenos e médios produtores — em especial dos estados do Centro-Oeste, oeste do Paraná e noroeste do Rio Grande do Sul. O Paraguai recebeu cerca de US$ 963 milhões em produtos agropecuários brasileiros em 2024, e esta nova abertura amplia oportunidades de renda para uma base produtiva diversificada.
Esses desenvolvimentos ocorrem em um contexto de expansão inédita das aberturas de mercado no governo atual: a Argentina marcou a abertura número 425 desde o início de 2023, seguida pelo Paraguai como a 426ª.
Essa intensa agenda diplomática e sanitária evidencia o esforço do governo brasileiro — por meio dos ministérios da Agricultura e Pecuária (MAPA) e das Relações Exteriores (MRE) — de criar alternativas à política protecionista adotada pelos Estados Unidos, que havia elevado tarifas e restringido o acesso de produtos nacionais ao mercado americano.
Ao diversificar destinos e produtos — da carne com osso à chia em grãos —, o agronegócio brasileiro reduz sua dependência dos EUA, amplia sua resiliência a choques externos e consolida sua presença em mercados emergentes ou em crescimento.
Além dos benefícios imediatos em receita e produção, essas aberturas trarão impactos estruturais: intensificam a modernização de cadeias produtivas, ampliam escala, fortalecem a confiança internacional na sanidade dos produtos brasileiros e estimulam investimentos em infraestrutura de exportação. A perspectiva de ampliação das trocas comerciais com esses parceiros — especialmente em áreas como proteínas, ingredientes para nutrição animal e produtos saudáveis — sinaliza uma trajetória de crescimento sustentado e mais equilibrado da pauta exportadora do país.
Forte articulação diplomática, inserção em novos nichos regionais e cooperação sanitária delineiam o caminho do Brasil diante da guerra tarifária com os Estados Unidos, abrindo portas para uma presença global mais plural e estratégica do agronegócio nacional.