O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 24 de outubro, que o Brasil tem planos de se tornar membro pleno da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A declaração foi dada após reunião com o secretário-geral da entidade, Kao Kim Hourn, em Jacarta, capital da Indonésia. Entenda na TVT News.
“O mundo está a exigir dos líderes políticos mais competência de negociação, mais vontade de fazer as coisas acontecerem”, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
O Brasil trabalha para ser membro pleno. O país tem de acreditar na sua economia. A visita foi a primeira de um presidente brasileiro à ASEAN. Espero que a gente possa ter um entrosamento cada vez mais forte e possa sair com uma perspectiva muito positiva. O mundo está a exigir dos líderes políticos mais competência de negociação, mais vontade de fazer as coisas acontecerem”, disse Lula.
A reunião marcou o último compromisso oficial do presidente brasileiro na visita à Indonésia. Lula seguiu para Kuala Lumpur, onde fará uma visita de Estado à Malásia e participará da 47ª Cúpula da ASEAN, no domingo (26/10), além de cumprir outros compromissos da reta final de viagem pelo Sudeste Asiático.
“Encerramos nossa agenda na Indonésia com uma visita à sede da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Foi uma honra ser o primeiro presidente brasileiro a visitar a sede da ASEAN. Nos próximos dias, na Malásia, serei também o primeiro presidente brasileiro a participar.”
Diálogo Brasil Indonésia
Durante o encontro com Kao Kim Hourn, Lula ressaltou que, para o Brasil, é um orgulho ser o primeiro e único parceiro de diálogo setorial da ASEAN na América Latina. Destacou que os projetos de cooperação para o desenvolvimento têm aproximado os dois lados. Frisou que a cooperação em bioenergia tem grande potencial e afirmou que, em 2026, pretende ampliar a pauta para as áreas de saúde e educação.
Lula convidou Kao Kim Hourn a participar da Cúpula de Líderes da COP30, que será realizada em Belém nos dias 6 e 7 de novembro. O presidente disse que ficou muito feliz ao saber que ASEAN terá pavilhão na COP30 e que associação asiática tem a intenção de criar um grupo de negociação no âmbito da Conferência do Clima no Brasil, o que fortalece a coesão dos integrantes nas negociações. Além da participação na COP30, Lula disse que ficaria honrado em receber o secretário-geral no Brasil em 2026 para dar sequência às iniciativas de cooperação na Parceria de Diálogo Setorial.
Florestas tropicais
Lula também pontuou a Kao Kim Hourn a importância do lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) durante a COP30. Trata-se de um mecanismo de financiamento florestal inovador e ambicioso, concebido pelo Sul Global e para o Sul Global e que se constitui em um fundo de investimentos que vai remunerar tanto os investidores, quanto os países florestais participantes e garantir um fluxo contínuo de recursos para os países que preservarem suas florestas. Serão até quatro dólares por hectare, com monitoramento realizado por satélites. Segundo Lula, o engajamento da ASEAN é fundamental para mobilizar apoio ao TFFF. O presidente lembrou que a Malásia já integra o Comitê Diretivo da iniciativa e que outros países da associação são bem-vindos.
O presidente também disse que o Brasil celebrou a decisão da ASEAN de aceitar Timor-Leste como 11º membro. Lula lembrou que o Brasil tem vínculos históricos, culturais e linguísticos com o Timor-Leste, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que seu governo apoia esse processo de adesão à ASEAN.
Fundada em 1967, a Asean é composta por 10 países do Sudeste Asiático: Brunei Darussalam, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia e Vietnã. Timor-Leste será admitido como membro por ocasião da 47ª Cúpula.
As relações com a ASEAN constituem eixo estruturante da prioridade atribuída pela política externa brasileira ao adensamento das relações com os países do Sudeste Asiático. Do ponto de vista econômico, a corrente comercial do Brasil com os países da ASEAN passou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024, um aumento de 12 vezes. Em 2024, o bloco foi o quinto maior parceiro comercial do Brasil no mundo, sendo o quarto maior destino das exportações brasileiras e responsável por 20% de todo o superávit da balança comercial brasileira, com saldo de USD 15,5 bilhões.
