“Brasil trabalha para ser membro pleno da Asean”, diz Lula

No último compromisso oficial na Indonésia, presidente se reuniu com Kao Kim Hourn, da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean)
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Durante o encontro com Kao Kim Hourn, Lula ressaltou que, para o Brasil, é um orgulho ser o primeiro e único parceiro de diálogo setorial da ASEAN na América Latina. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 24 de outubro, que o Brasil tem planos de se tornar membro pleno da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A declaração foi dada após reunião com o secretário-geral da entidade, Kao Kim Hourn, em Jacarta, capital da Indonésia. Entenda na TVT News.

“O mundo está a exigir dos líderes políticos mais competência de negociação, mais vontade de fazer as coisas acontecerem”, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

O Brasil trabalha para ser membro pleno. O país tem de acreditar na sua economia. A visita foi a primeira de um presidente brasileiro à ASEAN. Espero que a gente possa ter um entrosamento cada vez mais forte e possa sair com uma perspectiva muito positiva. O mundo está a exigir dos líderes políticos mais competência de negociação, mais vontade de fazer as coisas acontecerem”, disse Lula.

A reunião marcou o último compromisso oficial do presidente brasileiro na visita à Indonésia. Lula seguiu para Kuala Lumpur, onde fará uma visita de Estado à Malásia e participará da 47ª Cúpula da ASEAN, no domingo (26/10), além de cumprir outros compromissos da reta final de viagem pelo Sudeste Asiático.

“Encerramos nossa agenda na Indonésia com uma visita à sede da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Foi uma honra ser o primeiro presidente brasileiro a visitar a sede da ASEAN. Nos próximos dias, na Malásia, serei também o primeiro presidente brasileiro a participar.”

Diálogo Brasil Indonésia

Durante o encontro com Kao Kim Hourn, Lula ressaltou que, para o Brasil, é um orgulho ser o primeiro e único parceiro de diálogo setorial da ASEAN na América Latina. Destacou que os projetos de cooperação para o desenvolvimento têm aproximado os dois lados. Frisou que a cooperação em bioenergia tem grande potencial e afirmou que, em 2026, pretende ampliar a pauta para as áreas de saúde e educação.

Lula convidou Kao Kim Hourn a participar da Cúpula de Líderes da COP30, que será realizada em Belém nos dias 6 e 7 de novembro. O presidente disse que ficou muito feliz ao saber que ASEAN terá pavilhão na COP30 e que associação asiática tem a intenção de criar um grupo de negociação no âmbito da Conferência do Clima no Brasil, o que fortalece a coesão dos integrantes nas negociações. Além da participação na COP30, Lula disse que ficaria honrado em receber o secretário-geral no Brasil em 2026 para dar sequência às iniciativas de cooperação na Parceria de Diálogo Setorial.

Florestas tropicais

Lula também pontuou a Kao Kim Hourn a importância do lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) durante a COP30. Trata-se de um mecanismo de financiamento florestal inovador e ambicioso, concebido pelo Sul Global e para o Sul Global e que se constitui em um fundo de investimentos que vai remunerar tanto os investidores, quanto os países florestais participantes e garantir um fluxo contínuo de recursos para os países que preservarem suas florestas. Serão até quatro dólares por hectare, com monitoramento realizado por satélites. Segundo Lula, o engajamento da ASEAN é fundamental para mobilizar apoio ao TFFF. O presidente lembrou que a Malásia já integra o Comitê Diretivo da iniciativa e que outros países da associação são bem-vindos.

O presidente também disse que o Brasil celebrou a decisão da ASEAN de aceitar Timor-Leste como 11º membro. Lula lembrou que o Brasil tem vínculos históricos, culturais e linguísticos com o Timor-Leste, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que seu governo apoia esse processo de adesão à ASEAN. 

Fundada em 1967, a Asean é composta por 10 países do Sudeste Asiático: Brunei Darussalam, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia e Vietnã. Timor-Leste será admitido como membro por ocasião da 47ª Cúpula. 

As relações com a ASEAN constituem eixo estruturante da prioridade atribuída pela política externa brasileira ao adensamento das relações com os países do Sudeste Asiático. Do ponto de vista econômico, a corrente comercial do Brasil com os países da ASEAN passou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024, um aumento de 12 vezes. Em 2024, o bloco foi o quinto maior parceiro comercial do Brasil no mundo, sendo o quarto maior destino das exportações brasileiras e responsável por 20% de todo o superávit da balança comercial brasileira, com saldo de USD 15,5 bilhões.

Por Planalto/Comex

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