Canadá, Reino Unido, Portugal e Austrália anunciaram, no último domingo (21), o reconhecimento formal do Estado da Palestina. O gesto, feito na véspera da Assembleia Geral da ONU, representa um avanço no apoio político à causa palestina por países historicamente alinhados a Israel e aos Estados Unidos. Entenda na TVT News.
A decisão conjunta é considerada um marco histórico, já que pela primeira vez membros do G7 (Reino Unido e Canadá) se unem a outros países ocidentais para reconhecer oficialmente a Palestina. Com Portugal somando apoio europeu e a Austrália ampliando a adesão no Pacífico, a medida cobre três continentes e pressiona Israel para aliviar a crise humanitária em Gaza e retomar negociações de paz.
Reconhecimento busca solução de dois Estados
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que a decisão busca “reavivar a esperança” de uma solução de dois Estados, considerada o único caminho para a paz entre israelenses e palestinos. O Canadá, por meio do premiê Mark Carney, acusou Israel de “trabalhar sistematicamente para inviabilizar” a criação do Estado Palestino. O australiano Anthony Albanese reafirmou o compromisso de seu governo com a solução de dois Estados, e o chanceler português Paulo Rangel enfatizou que a decisão “não é contra Israel, mas a favor da paz e do direito palestino à autodeterminação”.
Repercussão
A Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, saudou o anúncio como um “passo importante e necessário” para pavimentar a coexistência pacífica dos dois Estados. Em Londres, a bandeira palestina foi hasteada na nova embaixada do país, marcando simbolicamente o reconhecimento. O Hamas também classificou a decisão como positiva, embora tenha exigido medidas concretas para encerrar a guerra.
Já o Estado genocida de Israel condenou a decisão. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chamou-a de “prêmio ao terrorismo” e prometeu intensificar a construção de assentamentos na Cisjordânia. Ministros da direita israelense defenderam inclusive a anexação de territórios ocupados.
Nos Estados Unidos, o governo Donald Trump criticou a decisão, argumentando que ela compromete negociações futuras e “recompensa” grupos extremistas.
Impacto diplomático
O reconhecimento por quatro países de peso político e econômico reforça a tendência global: atualmente mais de 140 Estados-membros da ONU já reconhecem a Palestina. Embora o ato seja principalmente simbólico, ele aumenta a pressão internacional por negociações, amplia o isolamento diplomático de Israel e expõe fissuras nas alianças ocidentais tradicionais.
O movimento pode ainda influenciar votações na ONU e acelerar o reconhecimento por outros países europeus, como a França, que já sinalizou apoio ao Estado Palestino. Ao mesmo tempo, organizações de direitos humanos alertam que o gesto é insuficiente se não vier acompanhado de medidas concretas, como a suspensão de exportações de armas e sanções contra violações de direitos na região.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil declarou que “recebeu com satisfação” o anúncio do reconhecimento. O Itamaraty ressaltou que a decisão “evidencia o crescente consenso internacional sobre a necessidade de assegurar ao povo palestino o direito à autodeterminação”. O Brasil reconhece a Palestina desde 2010 e apoia a implementação da solução de dois Estados no território.
Com informações do The New York Times