A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália nesta terça-feira (29), afirmou o Ministério da Justiça. A parlamentar, que tem cidadania italiana, fugiu do Brasil em junho após ser condenada a dez anos de prisão em unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entenda em TVT News.
A prisão da bolsonarista é acompanhada por autoridades brasileiras e pela Interpol. Aguarda-se um posicionamento oficial do governo italiano sobre o processo de extradição.
O deputado italiano Angelo Bonelli, da coalizão Aliança Verde-Esquerda, informou o endereço onde a deputada estaria aos agentes de segurança italianos. Em um post no X, às 16h45 (horário de Brasília), o político disse: “Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Dei o endereço à polícia, e eles já identificaram Zambelli.”
Segundo a Polícia Federal (PF), Zambelli foi levada a uma delagacia italiana, e as autoridades locais tem 48 horas para dar encaminhamento ao processo da parlamentar. A decisão envolverá soltar, mandar para prisão domiciliar ou extraditá-la.
O Brasil e a Itália possuem um acordo de extradição que prevê a devolução do cidadão solicitado pela Justiça, desde que a pena seja superior a nove meses. O caso de Zambelli cumpre todos os requisitos da resolução. A decisão, no entanto, será baseada no direito italiano, e não na Justiça brasileira.
Apesar do Ministério da Justiça e da PF terem confirmado a prisão nesta terça-feira (29), o advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, defende a versão de que a parlamentar se entregou às autoridades italianas. Em um vídeo gravado pela parlamentar, ela demonstra o desejo de não retornar ao Brasil e cumprir pena na Itália, depois de dizer que
Entenda o caso de Zambelli
A deputada Carla Zambelli deixou o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão, inelegibilidade, perda do mandato e ao pagamento de uma multa de R$ 2 milhões por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. Os crimes ocorreram em 2023, em parceria com o hacker Walter Delgatti, e a decisão sobre sua condenação foi divulgada em 14 de maio.
Em 3 de junho, Zambelli fez um vídeo dizendo que havia saído do Brasil e sua localização é descoberta por um YouTuber: a deputada estava em Fort Lauderdale, na Flórida. A chegada a Roma ocorreu em 5 de junho, horas antes de ter seu nome incluído na lista vermelha da Interpol.
Em 4 de junho, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão da deputada em razão da fuga demonstrar “a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal em razão da proximidade do julgamento” Como justificativa, Moraes apresentou o argumento de que a deputada pretendia continuar praticando crimes para “descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado Democrático de Direito”.
Zambelli havia demonstrado que agiria na Europa da mesma forma que Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos: realizando reuniões com líderes políticos para propagar a falsa ideia de que o Brasil vive uma ditadura e que precisa de intervenção estrangeira.
Ainda em junho, Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, encaminhou para a Comissão de Constituição e Justiça um pedido para cassação do mandato da parlamentar, cuja análise ainda não foi concluída.