Uma Carta Compromisso pela Integridade da Informação Climática na Publicidade Digital foi lançada nesta quinta-feira, 13, durante o painel “Integridade da Informação e Ação Climática no Brasil: Sinergias entre Governo e Sociedade Civil” na COP30. O anúncio, feito no Pavilhão Brasil da Green Zone, reforçou a construção conjunta entre governo e sociedade, com o propósito de fortalecer um ecossistema informacional mais íntegro, transparente e preparado para enfrentar a mudança do clima. Entenda na TVT News.
O documento foi apresentado pelo Capítulo Brasileiro da Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre Mudança do Clima, composto por mais de 130 organizações da sociedade civil e apoiado pelo Governo Brasileiro, ONU e UNESCO. A carta foi criada a partir de um processo colaborativo conduzido pela Rede de Parceiros pela Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima (RPIIC) e aponta resposta direta ao avanço da desinformação climática e das práticas de greenwashing (lavagem verde, em português) que afetam o debate público e prejudicam a ação climática.
Para Nina Santos, secretária-adjunta de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a COP30 marca uma “virada de chave na agenda ambiental”. “Pela primeira vez, a gente tem a qualidade da informação, a integridade da informação como um eixo central da agenda de ação climática. Está mais do que estabelecido que, sem informação de qualidade, a nossa capacidade de agir sobre a mudança do clima fica extremamente prejudicada”, afirmou durante painel.
A secretária-adjunta também lembrou da Declaração sobre a Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima na COP30, lançada nesta quarta-feira, 12/11. O documento, já endossado por 12 países, estabelece compromissos internacionais compartilhados para combater a desinformação climática e promover informações precisas e baseadas em evidências.
Durante o painel desta quinta-feira, além da carta, também foram apresentados os documentos: Guia para Atuação Jurídica pela Integridade da Informação Climática; Carta de Compromisso para Anunciantes, Plataformas e Empresas; Panorama do Debate Digital sobre Clima no Brasil; Recomendações para promover a integridade da informação sobre a mudança do clima por meio da sustentabilidade do jornalismo e da proteção de jornalistas, comunicadores e ambientalistas; e uma Nota Técnica de Apoio à Proposta de Decreto sobre Greenwashing.
Os documentos produzidos pela Rede estão disponíveis no site da iniciativa.
Sobre a carta
A Carta Compromisso pela Integridade da Informação Climática na Publicidade Digital alerta que a propagação de informações falsas e distorcidas sobre a emergência climática compromete a compreensão pública dos riscos e obstaculiza o cumprimento das metas pactuadas no Acordo de Paris. O documento destaca que plataformas digitais, anunciantes e empresas de publicidade programática operam em um ecossistema marcado por coleta massiva de dados, microdirecionamento de conteúdos e riscos à autonomia individual, reforçando a necessidade de responsabilidades éticas, legais e sociais no ambiente digital.
O texto aponta que anunciar ou monetizar ambientes que disseminam desinformação socioambiental e do clima ameaça direitos humanos, mina a confiança pública e gera prejuízos reputacionais às marcas. Também ressalta que a falta de transparência, de regulação específica e de mecanismos eficazes de fiscalização tem facilitado práticas de manipulação da opinião pública, fraude financeira e disseminação de campanhas de desinformação por meio de conteúdos pagos e impulsionados.
Letícia Capone, da RPIIC e diretora do Instituto Democracia em Xeque, reforça o papel coletivo da construção do documento. “O primeiro ponto importante é a gente dizer que essa construção coletiva de mais de 130 organizações, articulada com o Governo Federal, está sendo muito importante no avanço dessa agenda da integridade da informação. Ela é fundamental para que a gente possa, de fato, construir um espaço de comunicação íntegra, segura, confiável”, disse.
A carta ainda reúne compromissos de anunciantes, empresas de publicidade e plataformas digitais para fortalecer a integridade da informação climática. Entre as medidas, estão evitar greenwashing, não anunciar em páginas que promovem desinformação, bloquear sites criados apenas para gerar receita publicitária, ampliar a transparência da cadeia de veiculação, aprimorar sistemas de moderação e recomendação, rotular conteúdos pagos, desenvolver técnicas de pré-bunking e apoiar iniciativas de letramento climático e jornalismo responsável.
Nelcina Trotta, presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), destacou que enxerga a iniciativa da Secretaria de Comunicação Social como importante para garantir que a informação que chega ao consumidor seja verdadeira. “A iniciativa pode garantir uma informação que ajude esse consumidor a se informar sobre os temas, especialmente os que versam sobre mudança do clima”, afirmou.
