Caso JK deve ser reaberto por governo Lula

Morte de Juscelino Kubitschek deve ser analisada em reunião da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos
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O ex-presidente JK morreu em 1976, durante a ditadura militar. Foto: Agência Brasília

Novas análises dos laudos da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK) dizem que não houve choque entre o ônibus da Cometa e o Opala de JK. A revisão foi feita pelo engenheiro e perito Sergio Ejzenberg. O governo de Lula e a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) devem votar pela reabertura do caso. Entenda na TVT News.

Os próximos passos do caso JK

A Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) é um órgão do Estado criado para lidar com as consequências da ditadura militar de 1964-1985. Na sexta-feira (14) está marcada a terceira reunião desde que foi recriado pelo governo Lula — descontinuado pelo governo Bolsonaro.

Um grupo de sete pessoas devem aprovar uma reanálise do caso de JK a partir das novas informações fornecidas pelo Ministério Público Federal (MPF).

As novas informações do caso JK

Em 2013, o MPF convidou o especialista em transportes Sergio Ejzenberg para examinar laudos feitos Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), do Rio de Janeiro, entre 1976 e 1996 — parte durante o regime ditatorial. A análise terminou em 2019 e se tornou pública em setembro de 2021.

Diante dos fatos revistos do acidente de JK, o documento afirma que “é impossível afirmar ou descartar que o veículo tivesse sido sabotado, ou mesmo que o motorista tivesse sofrido um mal súbito ou sido envenenado, vez que não há elementos materiais suficientes para apontar a causa do acidente ou que expliquem a perda do controle do automóvel”.

Os cálculos feitos por Ejzenberg rejeitam a tese de que houve uma colisão do ônibus Cometa com o Opala de JK. Essa foi a conclusão feita na época do acidente, conduzida sob o regime militar, e também foi a mesma conclusão da Comissão Nacional da Verdade, em 2014.

O especialista afirma que para uma investigação de acidente deve se ter precisão nos cálculos feitos, coisa que, para ele, não ocorreu nos laudos iniciais.

Ao se tratar de um caso envolvendo um ex-presidente do país, se faz ainda mais necessário considerar o contexto social. Em 1976, quando ocorreu o acidente, JK era opositor do regime militar que estava no poder.

O “presente laudo foi analisada com erros conceituais, com utilização de equações inaplicáveis, diferente e injustificadas medidas do raio da curva que antecede o local do acidente, com interpretações equivocadas de marcas de atritamento pneumático indevidamente atribuídas a um ‘terceiro veículo’ (ônibus Cometa) que não teve participação causal no evento, e com base em hipóteses insubsistentes”, escreveu no inquérito.

Apesar da nova materialidade apresentada por Ejzenberg, ainda não há como apontar o que causou a morte do ex-presidente JK. E ainda que seja necessário descobrir o agente causador, “não há elementos materiais suficientes para apontar a causa do acidente ou que expliquem a perda do controle do automóvel”, concluiu o inquérito do MPF.

As teorias de que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro tivesse sido envenenado ou levado um tiro não poderiam ser comprovados, pois na época não foi realizado exame toxicológico e a na exumação houve controvérsias entre os peritos, que alegam ter visto uma bala ou um prego solto no caixão, assim como alegam ter visto buraco semelhante a um tiro.

Já a hipótese de que o carro teria sido adulterado mecanicamente também não é possível averiguar porque o carro foi totalmente desmantelado pelos investigadores da ditadura no pátio da Delegacia de Resende (RJ) impediu que a perícia da época esclarecesse a dúvida.

Os seguintes vídeos incluídos no arquivos do inquérito simulam o acidente de JK, veja:

Na visão do ônibus:

Na visão do Opala de JK:

Na visão do caminhão:

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