A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, criticou as novas restrições de visto impostas pelos Estados Unidos contra Cuba e pediu o fim imediato do bloqueio econômico ao país caribenho. Em declarações feitas nesta quarta-feira (20), Mao afirmou que a China se opõe ao uso da diplomacia coercitiva e solicitou a remoção de Cuba da lista unilateral dos EUA de “patrocinadores estatais do terrorismo”. A postura pacifista chinesa também encontra alinhamento com a visão do gigante asiático contra barreiras, sobretaxas e guerras comerciais incentivadas pelo governo de extrema direita de Donald Trump, em nome do desenvolvimento mútuo dos povos.
Solidariedade de Cuba
As críticas da China vêm após os EUA ampliarem as restrições de visto contra Cuba, sob a justificativa de que os serviços médicos cubanos no exterior estariam relacionados ao “trabalho forçado”. Contudo, a realidade é que os médicos cubanos fazem parte de uma política de solidariedade da ilha com outras nações. A medida norte-americana gerou reações contrárias de países caribenhos, que expressaram preocupação com as ações dos EUA.
Mao Ning destacou que, de acordo com as autoridades médicas cubanas, mais de 600 mil profissionais de saúde foram enviados por Cuba a mais de 60 países nos últimos 60 anos, prestando assistência a mais de 230 milhões de pessoas, realizando mais de 17 milhões de cirurgias e salvando mais de 12 milhões de vidas. “A cooperação médica de Cuba no exterior foi muito bem recebida pelos governos e povos do Caribe”, reforçou a porta-voz.
Segundo ela, as acusações de “trabalho forçado” são usadas como pretexto para que os EUA suprimam vozes dissidentes e ampliem as sanções contra Cuba, que já duram seis décadas. “A China insta os EUA a tomarem medidas concretas para melhorar as relações com Cuba e contribuírem genuinamente para o desenvolvimento das nações caribenhas”, afirmou Mao Ning.
Barreiras comerciais
Em outra declaração, feita nesta quinta-feira (21), Mao Ning também criticou as barreiras comerciais impostas por alguns países, argumentando que essas medidas prejudicam a economia global. “As tarifas e outras barreiras comerciais não servem aos interesses de ninguém e são prejudiciais à prosperidade e estabilidade da economia global”, afirmou.
A porta-voz fez referência ao mais recente relatório provisório de perspectivas econômicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reduziu as previsões de crescimento global e alertou para o impacto negativo das restrições comerciais no crescimento econômico e na inflação.
“Estou ciente do relatório relevante”, disse Mao Ning, acrescentando que “as diferenças econômicas e comerciais devem ser resolvidas por meio de diálogo e consultas, e não às custas da economia global”.
Mao reforçou que a China continuará a se manter aberta ao comércio global e ao multilateralismo. “Para a China, independentemente das mudanças externas, manteremos a abertura, apoiaremos firmemente os princípios do livre comércio e o sistema do comércio multilateral, promoveremos uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva e buscaremos o desenvolvimento comum e o benefício mútuo com todos os países”, concluiu.