Cineasta Cacá Diegues morre aos 84 anos, veja repercussões

Diretor de “Xica da Silva” e “Deus É Brasileiro” faleceu após complicações de uma cirurgia
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Ícone de um dos movimentos cinematográficos mais relevantes da América Latina, o cineasta Cacá Diegues. Foto: Mayangdi Inzaulgarat

O cineasta Carlos José Fontes Diegues, o Cacá Diegues, morreu nesta sexta-feira (14) aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após complicações de uma cirurgia. O falecimento foi confirmado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), do qual o diretor fazia parte, ocupando a cadeira número 7.  Veja as repercussões na TVT News.

Responsável por sucessos como Bye Bye Brasil (1980), Xica da Silva (1976) e Deus É Brasileiro (2003), Cacá Diegues foi um dos expoentes do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro que se inspirou no neorrealismo italiano e na Nouvelle Vague francesa, trazendo histórias com críticas políticas e sociais. 

  • Vídeo: Zanin comenta a morte de Cacá Diegues no programa Bom Para Todos

A carreira de Cacá Diegues no cinema começou quando ainda estava no Diretório Estudantil da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), onde fundou um cineclube e iniciou suas atividades como cineasta amador, ao lado de Arnaldo Jabor, David Neves, entre outros. Na década de 1950, o grupo tornou-se um dos núcleos da fundação do Cinema Novo. 

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O cineasta Cacá Diegues. Foto: Wikimedia Commons

Ganga Zumba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969) foram algumas das suas primeiras produções cinematográficas profissionais. No auge da ditadura militar, Cacá se autoexilou na Europa depois da promulgação do AI-5. Retornando ao Brasil, na década de 70, Diegues dirige Quando o Carnaval Chegar (1972), Joanna Francesa (1973), Xica da Silva (1976), Chuvas de Verão (1978) e Bye Bye, Brasil (1980).

No período de retomada do cinema brasileiro, produziu Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) e Deus é Brasileiro (2002). Seu último filme foi O Grande Circo Místico, lançado em 2018.

Já em 2025, Deus Ainda É Brasileiro, sequência de Deus é Brasileiro, com Antônio Fagundes, estava na fase final de produção. O filme deve estrear em 23 de outubro. 

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Cacá Diegues dirigiu o sucesso “Bye Bye Brasil”, lançado em 1980. Foto: Reprodução

Presidente Lula lamenta morte de Cacá Diegues

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu uma nota de pesar pelo falecimento do cineasta. Lula ressaltou que filmes como Ganga Zumba, Xica da Silva, Bye, Bye Brasil e Deus é Brasileiro “mostram muito bem nossa história, nosso jeito de ser, nossa criatividade. E representam a luta de nosso cinema, que sempre se reergueu quando tentaram derrubá-lo”.

O Ministério da Cultura endossou sua importância para o cinema nacional, que dedicou “grande parte de sua trajetória profissional à popularização da sétima arte”. 

Merval Pereira, presidente da ABL, também comentou a perda. “Cacá era, antes de tudo, um pensador do Brasil. Ele se posicionava nos momentos difíceis do país e não tinha uma questão ideológica para defender”, disse em entrevista à Globo News.

Zezé Motta, a atriz que protagonizou Xica da Silva, agradeceu Cacá pela oportunidade no longa. “Xica da Silva é, será sempre minha eterna fada madrinha. Foi fundamental para a construção da primeira grande imagem da “escrava que virou rainha” diante da opinião pública. Em 2025 ela vai marcar presença, viva esta grande mulher que foi Xica. Minha eterna gratidão sempre ao gênio Cacá Diegues por me presentear com essa protagonista.”

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, homenageou o amigo e vizinho. “Perdemos hoje uma das figuras mais incríveis da cultura brasileira, um ser humano incomparável e iluminado. Cacá Diegues foi um dos fundadores do Cinema Novo, cineasta sensível, carioca apaixonado pelo Rio (desde os 6 anos de idade morando aqui) e meu amigo. Tive a honra de conviver nos últimos 15 anos com esse vizinho especial que junto com Renata, brindou a mim e a Criss com sua inteligência e carinho em tantas tardes e noites no Alto da Boa Vista. Como me disse hoje mais cedo a Renata: “Cacá viveu lindamente”! Vai fazer muita falta mas sua obra e seus ensinamentos são um legado que não nos deixarão esquecê-lo. Vá em paz e que Deus possa confortar o coração de seus familiares e a legião de amigos e fãs. Viva Cacá Diegues!”

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