O cineasta do documentário “Sem Chão” , Hamdam Ballal, foi agredido por colonos judeus e posteriormente detido por militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) na última segunda-feira (24), conforme noticiado pelo jornal israelense Haaretz . O incidente ocorreu próximo ao assentamento israelense de Susya, na Cisjordânia ocupada. Confira mais em TVT News.
Ele está em um hospital em Hebron, na Cisjordânia, recebendo tratamento. Na foto divulgada pelo jornalista Basel Adra, é perceptível que Hamdam Ballal está feriado no nariz e há sangue na camisa.

As FDI afirmaram que estão investigando o caso, mas não forneceram detalhes adicionais até o momento. Segundo Jihad Nawajaa, prefeito de Susya, que falou à agência de notícias Reuters, Ballal participava de um encontro comunitário para encerrar o jejum diário do Ramadã quando colonos judeus invadiram a reunião tentando roubar ovelhas da vila, provocando uma confusão entre moradores e os invasores.
Ativistas membros do Centro para a Não-Violência Judaica relataram ao jornal The Guardian que os colonos “começaram a atirar pedras contra os palestinos e destruíram um tanque de água perto da casa de Hamdan”. Eles também afirmaram que “os colonos destruíram seu carro com pedras e cortaram um dos pneus. Todas as janelas e o para-brisa estavam quebrados”.

Basel Adra, outro codiretor de “Sem Chão” , disse ao mesmo veículo que militares acompanhavam os colonos e usaram suas armas para ameaçar os moradores.
“Hamdan tentou proteger sua família e os colonos o atacaram. Soldados começaram a atirar para cima para impedir que alguém ajudasse Hamdan. Ele estava gritando por ajuda. Eles deixaram que os colonos o atacassem e então o exército o sequestrou”, declarou o cineasta palestino.
Leia também: Com trégua em Gaza, Israel mata palestinos na Cisjordânia
De acordo com o jornalista israelense Yuval Abraham, que também dirigiu o documentário, após ser ferido pelos colonos, Ballal foi colocado em uma ambulância, mas retirado por militares israelenses enquanto recebia tratamento médico.
O cineasta palestino e codiretor do documentário vencedor do Oscar “No Other Land”, Hamdan Ballal (centro), foi sequestrado por “israel” após ataque de colonos judeus supremacistas no vilarejo de Susya, Cisjordânia Ocupada. Ele ficou ferido no ataque.
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) March 24, 2025
Ainda não temos informações… pic.twitter.com/26hJ9eRp8I
A Associação Internacional de Documentários (IDA, na sigla em inglês) emitiu uma declaração após a prisão do cineasta palestino, enviada à imprensa internacional: “Exigimos a libertação imediata de Ballal e que sua família e comunidade sejam informadas sobre sua condição, localização e a justificativa para sua detenção”.
As Forças Armadas de Israel confirmaram a prisão de Ballal, alegando que ele estava entre um grupo de palestinos que arremessava pedras contra colonos judeus. No entanto, negaram que o codiretor tenha sido retirado à força de uma ambulância onde recebia atendimento após ser linchado pelos colonos.
De acordo com o relato de Yuval Abraham, o codiretor palestino sofria ferimentos graves, com sangramento intenso na cabeça e na barriga. Em um post realizado na rede “X”, Abraham confirmou que Ballal já foi liberado e está a caminho de casa.

Ainda segundo Abraham, a advogada do cineasta disse que ele passou a noite em uma delegacia de Israel e as agressões continuaram enquanto era mantido detido por soldados no local.
Quem é o cineasta Hamdam Ballal?
Hamdam Ballal é ativista dos Direitos Humanos, fotógrafo e fazendeiro da aldeia de Susya, na Cisjordânia. Ao lado de Basel Adra e dos israelenses Rachel Szor e Yuval Abraham, ele dedicou cinco anos à produção do documentário “Sem Chão” , vencedor do Oscar 2025 na categoria Melhor Documentário. A obra retrata a luta dos moradores de Masafer Yatta contra a ameaça de demolição de suas vilas pelas forças israelenses.

Ballal também integra o projeto Humans of Masafer Yatta , que documenta ataques de colonos israelenses na região. Em seu último texto publicado no projeto, em janeiro deste ano, ele escreveu: “Nossas cabeças estão sendo esmagadas enquanto o mundo finge que não vê”.