Conclave: 133 cardeais, 7 brasileiros, os ritos e as curiosidades

Conheça detalhes dos cardeais e as curiosidades do Conclave
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Cardeais durante o atual conclave que elegerá o novo papa. Foto: Reprodução/Vatican News

O conclave que elegerá o próximo papa começou nesta quarta-feira, 7 de maio. Em votações diárias, os 133 cardeais elegerão o próximo sumo-sacerdote da Igreja Católica em breve. Enquanto o resultado é aguardado, confira algumas peculiaridades sobre esse processo de extrema importância para a religião em TVT News.

135 cardeais, 67 países

Enclausurados na Capela Sistina, os 133 cardeais elegíveis ainda não decidiram o nome do novo papa. A Igreja Católica atualmente possui 135 cardeais votantes — dois deles não participarão deste conclave por questões de saúde — de 67 países. 

Destes, quatro cardeais pertencem a outras igrejas católicas que mesmo seguindo ritos divergentes do tradicional, se unem em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, assim podendo se tornar cardeais. 

A Europa se destaca com o número de cardeais que disputam o papado: 53 sacerdotes. Em seguida vem a Ásia, com 22 candidatos. A África soma 18, enquanto a América do Sul fica com 17 elegíveis, sete sendo apenas do Brasil. A América do Norte conta com 14, a América Central com 6, e a Oceania com apenas 3.

Os 7 cardeais brasileiros

Odilo Scherer, João Braz de Aviz, Paulo Cezar Costa, Sérgio da Rocha, Jaime Spengler, Leonardo Ulrich Steiner e Orani João Tempesta: estes são os nomes dos sete brasileiros elegíveis para o cargo mais alto da Igreja. 

  • Dom Odilo Scherer: famoso arcebispo de São Paulo, foi ordenado padre em 1976, aos 27 anos, depois de passar pelo seminário em Toledo, no Paraná. Em outubro de 2024, o cardeal pediu para renunciar seu cargo na Arquidiocese de São Paulo. De acordo com a Santa Sé, o pedido é protocolar e deve ser feito quando os cardeais completam 75 anos. À época, o Papa Francisco acatou o pedido, mas pediu que Dom Odilo permanecesse no cargo até 2026.
  • Dom João Braz de Aviz: o arcebispo emérito de Brasília foi nomeado cardeal por Bento XVI em 2012 e, no mesmo ano, prefeito do Dicastério para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica no Vaticano. Durante o conclave de 2013, Dom João era o brasileiro que ocupava o cargo mais alto na Santa Sé.
  • Dom Paulo Cezar Costa: o atual arcebispo de Brasília é o brasileiro mais novo apto a participar do conclave, com 57 anos. Em 2022, foi criado cardeal pelo Papa Francisco junto com Dom Leonardo Ulrich Steiner. Junto com Dom Orani João Tempesta, ajudou a organizar a Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro.
  • Dom Sergio da Rocha: Por ser arcebispo da Arquidiocese de Salvador, a mais antiga do país, Dom Sergio da Rocha é considerado Primaz do Brasil. Ordenado cardeal por Papa Francisco em 2016, foi arcebispo de Brasília, além de presidir a CNBB, de 2015 a 2019.
  • Dom Jaime Spengler: Presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler nasceu em Gaspar (SC). Foi nomeado cardeal em dezembro de 2024 pelo Papa Francisco e é também presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho.
  • Dom Leonardo Ulrich Steiner: o arcebispo da Arquidiocese de Manaus foi nomeado como cardeal pelo Papa Francisco em 2022 e se tornou o primeiro da Amazônia. É bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena e doutor em Filosofia pela Pontíficia Universidade Antonianum de Roma.
  • Dom Orani João Tempesta: O arcebispo do Rio de Janeiro foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2014. Dom Orani foi um dos responsáveis pela Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho de 2013. A ocasião marcou a única passagem do Papa Francisco no Brasil, quatro meses depois de ter sido escolhido como líder.

Os quatro de outras igrejas católicas

Por que alguns cardeais usam roupas pretas ao invés da vermelha? A resposta é um pouco complexa. Há algumas igrejas católicas orientais e seculares que se uniram em comunhão com a Igreja Católica Romana. Sendo assim, os sacerdotes destas outras instituições, apesar de serem católicos, seguem ritos diferentes dos tradicionais e conhecidos realizados pelo Vaticano.

Conheça as igrejas orientais e seus sacerdotes que estão no Conclave:

  • Igreja Greco-Católica Ucraniana: representada no conclave pelo cardeal Mykola Bychok, é uma igreja autônoma que segue o rito litúrgico bizantino. Sua sede principal é em Kiev, na Ucrânia.
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O cardeal Mykola Bychok paramentado com suas vestes de celebração. Foto: Divulgação/CSSR
  • Igreja Católica Siro-Malabar: representada no conclave pelo cardeal George Jacob Koovakad, é uma igreja oriental residente na Costa do Malabar, subcontinente da Índia. A maior comunidade da instituição fica situada em São Tomé, na Índia. 
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O cardeal George Jacob Koovakad. Foto: Daniel Ibañez/CNA
  • Igreja Católica Caldeia: é uma igreja autônoma que segue a tradição litúrgica siríaca oriental e se reporta diretamente ao Vaticano desde 2013. No conclave, Louis Raphaël I Sako é um dos candidatos a se tornar o novo papa. 
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O cardeal Louis Raphaël I Sako. Foto: Vatican News
  • Igreja Católica Siro-Malancar: outra igreja católica indiana, a Siro-Malancar segue a tradição siríaca de Antioquia e seus fiéis se concentram na região oeste de Kerala, na Costa do Malabar. Cleemis Baselios Thottunkal é o cardeal participante do Conclave. 
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O cardeal Cleemis Baselios Thottunkal. Foto: Malankara Catholic Church

Os ritos do conclave

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Como funciona o conclave para escolher um novo papa. Arte: TVT News

O termo “conclave” vem do latim cum clavis, que significa “fechado à chave”, em referência ao isolamento total dos cardeais eleitores durante o processo — sem acesso ao mundo exterior, sem comunicação e com vigilância reforçada, para garantir a confidencialidade da votação.

Os cardeais eleitores devem se reúnem no Vaticano entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa. Durante esse período, permanecem hospedados na Casa Santa Marta, onde ficam completamente isolados até o fim do processo eleitoral.

Atualmente, 133 cardeais participam da eleição do novo pontífice. Embora a Igreja conte com 252 cardeais espalhados pelo mundo, apenas os que têm menos de 80 anos de idade no dia da abertura do conclave têm direito a voto, conforme estabelecido pelas regras do Vaticano.

Os cardeais eleitores podem realizar uma primeira votação ainda no primeiro dia do conclave, na Capela Sistina. A partir do segundo dia, o ritmo se intensifica: são realizadas até quatro votações diárias — duas pela manhã e duas à tarde — até que um único nome concentre a maioria necessária dos votos.

Cada cardeal escreve à mão o nome de seu candidato preferido em uma cédula, sob a inscrição latina “Eligio in Summum Pontificem”, que significa “Eu elejo como Sumo Pontífice”. Para preservar o anonimato e a confidencialidade do processo, os cardeais são instruídos a não usar sua caligrafia habitual.

Caso não haja definição até o fim do segundo dia, o terceiro é reservado exclusivamente à oração e contemplação, sem votações. Depois disso, o processo é retomado. Para que um nome seja escolhido, é necessário alcançar o apoio de dois terços dos cardeais votantes.

O conclave pode durar dias ou até semanas, a depender da velocidade com que o consenso é alcançado.

Veja o cronograma do segundo dia do conclave

A previsão é que o público veja duas fumaças por dia

Quinta-feira (8)

  • 5h30 – Fim de votação; só haverá fumaça branca se de fato um papa for eleito
  • 7h00 – Fim de segunda votação e, caso não haja papa, a fumaça preta sairá da chaminé
  • 12h30 – Fim de votação; novamente, só haverá fumaça bramca se de fato um papa for eleito
  • 14h00 – Fim de nova votação e, caso não haja papa, a fumaça preta sairá da chaminé

Caso não haja um papa eleito na quinta-feira, novas votações devem acontecer nos dias seguintes.

Quando o Papa será anunciado?

  • Se o novo Papa for eleito, o anúncio Habemus Papam deve ocorrer entre 45 min e 1h após a fumaça branca
  • Portanto, se o Papa for eleito na votação da manhã, o anúncio na sacada da Basílica de São Pedro deve ser por volta das 13h (8h, de Brasília).
  • Se a eleição do novo Papa acontecer na eleição da tarde, o Habemus Papam deve ser por volta das 18h30 (13h30, de Brasília).

Quanto tempo até o novo Papa ser anunciado?

De acordo com o frade dominicano e escritor Frei Betto, o conclave que elegerá o novo papa será longo, devendo durar até quatro dias. Pela sua experiência, o frade afirma que não há chances para um próximo pontífice latino-americano, mas presume que o eleito será um cardeal italiano e progressista: “cinco italianos foram nomeados por Francisco e seguem sua mesma linha pastoral”, ressaltou em entrevista à TVT News.

Veja outras notícias sobre o conclave que vai escolher o novo Papa

Com colaboração de Alexandre Barbosa, Ana Beatriz Alves e Rebeca D’Ávila

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