Ministras negras da área social e cultural do Governo Federal visitam “1897 – Reino do Benin” de Osa Seven, que faz ponte temporal entre passado e presente de Benin, por meio da arte urbana contemporânea. Veja mais em TVT News.
Momento histórico das relações entre Brasil e África
Ministras responsáveis pelas pautas em Igualdade Racial, Direitos Humanos, Cidadania e Cultura do Brasil visitam exposição sobre arte africana, evento promovido pela The African Pride.
Em um momento histórico para as relações entre Brasil e África, a The African Pride recebeu as Ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) e Margareth Menezes (Cultura) na exposição “1897 – Reino do Benin”, de Osa Seven, que ocupa o Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab) até o dia 30 novembro de 2024.
A visita ministerial ocorre em um contexto estratégico, quando o Rio de Janeiro sedia a reunião do G20, que pela primeira vez contará com a participação da União Africana como membro oficial do grupo, além de Angola, Egito e Nigéria como observadores.
“A presença das Ministras reforça o compromisso do governo federal com políticas de reparação histórica, cidadania e valorização da cultura afro-brasileira”, destaca Carolina Morais, historiadora e cofundadora da The African Pride, curadora do projeto.
A exposição estabelece uma ponte temporal entre passado e presente ao revisitar a história do Reino do Benin através da arte urbana contemporânea.
Tendo como ponto de partida a icônica máscara da Rainha-mãe Idia – atualmente no Museu Britânico – a mostra propõe uma reflexão sobre propriedade cultural e memória, reconstruindo narrativas que por séculos foram contadas apenas pela perspectiva ocidental.
A mostra integra um circuito internacional que inclui Nova York, Los Angeles, Londres, Dubai, Lagos e Paris, consolidando o papel da The African Pride como principal portal de conexão com a África contemporânea. Há oito anos promovendo intercâmbios culturais entre Brasil e países africanos, a organização trabalha para ampliar a compreensão da multiplicidade filosófica e cultural do continente, apresentando ao público brasileiro o que há de mais instigante em produções históricas e contemporâneas.
A realização desta exposição marca um momento sem precedentes nas relações Brasil-África: além de celebrar o mês da Consciência Negra – com o dia 20 de novembro instituído pela primeira vez como feriado nacional – a mostra antecede a histórica participação da União Africana como membro do G20, durante a presidência brasileira do grupo.
A presença das ministras consolida o propósito da The African Pride de fortalecer a cooperação multilateral entre o Brasil e os países africanos.
Diretor executivo criativo da Inscribe Art e premiado na categoria Artes e Cultura do Futuro África em 2016, Seven consolidou sua reputação internacional através de colaborações com marcas globais como Adidas, Microsoft, Google e Netflix. Em 2019, tornou-se o primeiro artista africano a desenvolver o design de uma garrafa para a Hennessy Very Special Cognac, em comemoração aos 10 anos do Hennessy Artistry na Nigéria, demonstrando sua capacidade única de traduzir elementos históricos para a linguagem contemporânea.
A escolha do Muhcab como sede da exposição reforça o compromisso da The African Pride com a valorização dos territórios históricos da presença africana no Brasil. Localizado na região conhecida como Pequena África, área que abriga importantes marcos da história afro-brasileira no Rio de Janeiro, o museu se destaca por sua excelência na preservação e divulgação desta cultura.
Sabia mais sobre o Reino do Benin
O Reino do Benin, estabelecido no sul da atual Nigéria entre os séculos XII e XIII, construiu um dos mais importantes legados artísticos e culturais da África Ocidental, impressionando europeus por sua sofisticação e complexidade. O território, que mantém sua estrutura monárquica dentro da Nigéria contemporânea, teve seu palácio real saqueado por forças britânicas em 1897, episódio que resultou na dispersão de mais de três mil obras de arte por museus europeus. Seven recria esse universo através de nove painéis que narram a expedição militar britânica, além de instalações como “Ada & Eben”, “Cabeça da Rainha Idia” e a obra em luz ultravioleta “IKELE – IVIE × EKAN”, inspirada nas contas de coral reais.