Em meio à Cúpula dos Povos e à barqueata que abriu oficialmente os eventos paralelos à COP30, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, destacou nesta terça-feira (11) a urgência da ação global diante da crise climática e defendeu um novo modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia Legal.
Em entrevista ao TVT News – Primeira Edição, conduzida pela jornalista Talita Galli, Edinho reforçou que “a racionalidade e a ciência precisam vencer o negacionismo” neste momento decisivo para o planeta.
Segundo o dirigente petista, “os dados mostram o agravamento da situação climática” e o Brasil já sente de forma intensa os efeitos do aquecimento global. “Nós estamos num processo de aquecimento global onde os dados só mostram o agravamento da situação. O Brasil vive as consequências dessa urgência climática, como o mundo também vive. O presidente Lula disse, com razão, que essa é a COP em que a ciência precisa vencer o negacionismo, e eu não tenho nenhuma dúvida disso”, afirmou.
Durante a entrevista, realizada ao vivo enquanto participava da barqueata que reuniu cerca de 150 embarcações com ambientalistas, povos indígenas e movimentos sociais, entre eles o cacique Raoni, Edinho defendeu que a ausência oficial dos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, não deve desmobilizar os esforços internacionais. “Claro que isso enfraquece qualquer medida, pela importância que os Estados Unidos têm enquanto grande nação poluidora. Mas nós não podemos, por conta da ausência do governo Trump, deixar de avançar em medidas que enfrentem efetivamente essa situação”, ressaltou.
Encontro do PT sobre a Amazônia
Edinho anunciou ainda que o Partido dos Trabalhadores promoverá dois encontros durante a semana da COP30, com o objetivo de formular diretrizes para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. O primeiro ocorre nesta quarta-feira (12), reunindo lideranças dos nove estados da Amazônia Legal, pesquisadores e cientistas.
“Queremos preservar a floresta em pé, mas também queremos perspectiva de desenvolvimento econômico para essa região de forma sustentável. Queremos produção e distribuição de riqueza, queremos gerar prosperidade para que a juventude amazônica não precise deixar a região para sonhar com o futuro”, disse o dirigente.
Na sexta-feira (14), está prevista uma reunião entre partidos progressistas brasileiros para discutir sustentabilidade e integração política. “Além das resoluções oficiais da COP, queremos produzir documentos e diretrizes que dialoguem com a sociedade local e com a necessidade de um projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia”, afirmou.
Demarcação e autonomia dos povos indígenas
Questionado pela comentarista Laura Capriglione sobre a expectativa de demarcação de novas terras indígenas, reivindicação central dos povos originários presentes em Belém, Edinho confirmou a disposição política do presidente Lula em avançar nesse tema. “Essa é a vontade política do presidente. É fundamental preservar os territórios, mas também é preciso regularizar as atividades econômicas dessas comunidades. Eles são os que mais lutam pela preservação da floresta e não querem desmatamento, pesca ou caça ilegal, nem mineração em seus territórios”, afirmou.
O presidente do PT destacou que a discussão sobre o desenvolvimento regional deve incluir o fortalecimento do extrativismo sustentável e a autonomia produtiva das comunidades tradicionais. “Nós temos que regulamentar o que é o extrativismo artesanal, o que é o extrativismo como fonte de produção dessas comunidades. Assim, elas poderão ter perspectiva de futuro dentro de seus próprios territórios.”
Diálogo continental na COP30
Ao final da entrevista, Edinho defendeu uma aproximação estratégica entre partidos progressistas das Américas, citando a importância de fortalecer laços com o Partido Democrata dos Estados Unidos. “É fundamental construirmos um projeto de integração entre as Américas, baseado na defesa da democracia e no multilateralismo, que rejeite a pressão armamentista e valorize a diplomacia. Precisamos resolver nossos problemas pela via democrática, e não pela força”, disse.
A Cúpula dos Povos, inspirada em mobilizações iniciadas na Eco-92, ocorre paralelamente à COP30 em Belém e reúne movimentos populares, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil. O evento discute soluções climáticas “de baixo para cima”, com base nas experiências e propostas das próprias comunidades que enfrentam os efeitos diretos da crise ambiental.
“É um longo processo, mas precisamos dar os primeiros passos”, concluiu Edinho Silva. “O Partido dos Trabalhadores quer contribuir com diretrizes concretas para que a Amazônia seja sinônimo de preservação, prosperidade e justiça social.”
