A Noruega anunciou nesta quinta-feira (6), durante a Cúpula do Clima, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), o aporte de três bilhões de dólares para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O investimento é o maior realizado até agora para o TFFF. O valor será aplicado ao longo dos próximos dez anos. Saiba mais na TVT News.
O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, afirmou que “não temos tempo a perder se quisermos salvar as florestas tropicais do mundo” e destacou que o TFFF representa uma oportunidade concreta de oferecer financiamento estável e de longo prazo a países que preservam seus ecossistemas. O país escandinavo já é o maior financiador do Fundo Amazônia.
Um novo modelo de financiamento verde
Idealizado pelo governo brasileiro, o TFFF propõe mudar a lógica econômica da conservação ambiental, criando uma fonte permanente de recursos para os países que mantêm suas florestas em pé. Diferente de modelos baseados em doações, o fundo opera como um mecanismo de investimento, com rendimento aplicado em ativos sustentáveis e de baixo risco.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a iniciativa “não é caridade, é um investimento na humanidade e no planeta contra a ameaça de devastação pelo caos climático”, reforçando que os fundos climáticos tradicionais não têm sido suficientes para enfrentar a crise ambiental global.
A meta do TFFF é mobilizar US$ 125 bilhões, sendo US$ 25 bilhões aportados por países parceiros servindo como garantia, e US$ 100 bilhões captados no mercado financeiro por meio da emissão de títulos. O fundo será administrado pelo Banco Mundial, e os rendimentos gerados nas aplicações, estimados entre 7% e 8% ao ano, financiarão os pagamentos aos países que comprovarem a conservação de suas florestas.
O mecanismo prevê pagamentos anuais de cerca de US$ 4 por hectare preservado, ajustados pela inflação. Para se qualificar, cada país deverá manter o desmatamento abaixo de 0,5% ao ano, com monitoramento por satélite. Caso a taxa ultrapasse esse limite, os repasses serão reduzidos proporcionalmente.
O spread (diferença entre o rendimento total das aplicações e o valor pago aos investidores privados) será usado para remunerar os países florestais. Assim, o fundo busca transformar a conservação em um ativo econômico global, tornando a floresta “rentável” sem destruição.
Aportes e participantes
Com o investimento norueguês, o TFFF já soma US$ 5,5 bilhões em compromissos financeiros. Além da Noruega, participam:
- Brasil (US$ 1 bilhão)
- Indonésia (US$ 1 bilhão)
- França (US$ 500 milhões)
- Portugal (1 milhão de euros)
- Países Baixos (US$ 5 milhões para custos operacionais)
A Alemanha também sinalizou apoio, mas o valor ainda será anunciado. O fundo foi concebido para envolver até 74 países em desenvolvimento com florestas tropicais e subtropicais úmidas, que, juntas, representam mais de 1 bilhão de hectares de vegetação nativa. Pelo desenho do mecanismo, ao menos 20% dos pagamentos anuais recebidos por cada país deverão ser destinados diretamente a povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo seu papel essencial na proteção dos ecossistemas.
