Copom alerta para pressão nos preços dos alimentos

Ata é a primeira da gestão de Galípolo no Banco Central
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Ata do comitê explica as razões do aumento da taxa de juros. Imagem: Raphael Ribeiro/ Banco Central

Ata da reunião do Copom justifica a elevação da taxa básica de juros para 13,25% ao ano por conta da pressão dos preços dos alimentos. Veja mais em TVT News.

Ata é a primeira da gestão de Galípolo no Banco Central

O Banco Central elevou a taxa básica de juros para 13,25% ao ano e faz alerta para pressão nos preços dos alimentos. As informações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia, a Selic, foi elevada de 12,25% para 13,25% ao ano.

O documento também destaca que os preços dos alimentos devem continuar sob pressão devido à recente valorização do dólar, resultado de instabilidades políticas e econômicas, além de um forte ataque especulativo contra o real.

Neste primeiro encontro do Copom sob a liderança do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a instituição reforçou que, de acordo com as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer acima do limite superior da meta pelos próximos seis meses. A meta de inflação é de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Caso a meta não seja atingida, o Banco Central será obrigado a enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda e a publicar uma nota no Relatório de Política Monetária.

No documento, o Copom avalia que “os determinantes de curto prazo, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, continuam exigindo uma política monetária mais contracionista”. Esses indicadores foram decisivos para elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual na última reunião.

Copom alerta para as contas públicas

O Copom também destacou a necessidade de políticas fiscais mais rigorosas para controlar as contas públicas. Segundo o Banco Central, “a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida tem impactado de forma relevante os preços de ativos [juros futuros e dólar] e as expectativas dos agentes”.

A instituição avalia ainda que houve uma redução nos esforços do governo para promover reformas estruturais e disciplina fiscal. Além disso, o aumento da oferta de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública podem elevar a taxa de juros, comprometendo a eficácia da política monetária e o processo de redução da inflação. No entanto, o governo Lula defende, desde o início do mandato, que as decisões sobre políticas concentradas na autoridade monetária engessam o governo em buscar soluções para o crescimento da economia.

Isso porque, a autonomia do Banco Central, instituída pela Lei Complementar 179/2021, apesar de garantir uma blindagem contra interferências políticas nas decisões monetárias, também limitou a capacidade do governo de contribuir para essas decisões, sem excluir as necessidades do país.

Antes da autonomia, governo e BC atuavam de forma conjunta na formulação de políticas de controle da moeda, dos juros e de outras medidas que impactam diretamente a economia. Com a nova legislação, o BC ganhou independência operacional, o que, embora tenha fortalecido sua atuação técnica, também abriu espaço para uma maior influência de quadros do setor privado em suas decisões, privilegiando as expectativas do mercado em detrimento do restante da população.

Cenário Internacional e perspectivas para o futuro

Diante desse cenário, a expectativa é de novos aumentos da taxa Selic nos próximos meses, com projeções de que o índice supere 15% ao ano em 2025, o maior nível em quase duas décadas. O Copom também aponta como desafio as incertezas econômicas geradas por conflitos geopolíticos e bélicos, além de uma possível desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana.

No entanto, além das incertezas externas, há dúvidas sobre a condução da política econômica doméstica, incluindo possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e a introdução de tarifas sobre importações. O cenário sugere que o caminho para a estabilização da economia brasileira permanece cheio de obstáculos, com a política monetária e fiscal sob constante pressão de diversos setores econômicos para equilibrar o controle da inflação e o crescimento econômico.

Por Dayane Ponte

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