Cúpula dos Povos pede atenção aos povos originários

Evento paralelo à COP30 reúne movimentos sociais, lideranças indígenas e autoridades políticas na UFPA
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Belém (PA), 12/11/2025 - Abertura da Cúpula dos Povos na COP 30, em Belém, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

Por Fábia Regina Ribeiro Gonzaga Medeiros, de Belém, PA,s ob supervisão de Alexandre Barbosa*

Cúpula dos Povos é aberta em Belém com apelos por justiça climática e voz aos povos tradicionais

A abertura oficial da Cúpula dos Povos ocorreu nesta quarta-feira (12), por volta das 17h, nas instalações da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. O evento, que acontece paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), tem como tema “Da Amazônia para o Mundo: Justiça Climática Já!”.

Logo pela manhã, diversas embarcações seguiram pelas águas do rio Guamá até a baía do Guajará, em um cortejo batizado de “Barqueata”, considerado o primeiro ato político da Cúpula.

A abertura contou com a presença de movimentos sociais, direitos humanos, sindicatos, ambientalistas, povos indígenas, quilombolas, feministas, lideranças estudantis e representantes da juventude.

Entre as personalidades políticas presentes estavam Edinho, presidente do PT, Paulo Teixeira ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Guilherme Boulos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República; e os deputados psolistas Ivan Valente (SP), Tarcísio Mota (RJ) e Guilherme Cortez (SP). Também participaram o ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o ex-ministro Márcio Macedo.

Durante o encontro, foi lançada a Revista Casa Comum, uma iniciativa dos religiosos franciscanos em parceria com cerca de 40 redes e coalizões, além do Comitê Internacional da Cúpula. A edição especial foi distribuída gratuitamente ao público e também disponibilizada em formato digital.

O deputado Tarcísio Mota destacou a importância da COP30 e ressaltou que as soluções para os problemas ambientais estão nos conhecimentos ancestrais e não apenas nas mãos de parlamentares. “Não mudaremos a história sem a participação dessas pessoas que estão aqui na Cúpula dos Povos. São eles que sabem quais são os problemas quando as chuvas fortes caem, quando a seca acontece. É do nosso povo que irá sair a resposta e não dos parlamentares em Brasília”, afirmou.

Takak Xikrin, liderança do povo Xikrin, localizado no município de Parauapebas (PA) e integrante do MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração), relatou que sua comunidade participa do evento para cobrar atenção dos governos à situação dos povos indígenas e denunciar os impactos da exploração mineral.

“Estamos sendo contaminados e a nossa saúde vem sendo comprometida. Estamos aqui para exigir políticas de proteção do nosso povo”, disse Takak.

Também subiram ao palco diversos movimentos religiosos de matrizes africanas, que alertaram para a importância do cuidado com a natureza e exaltaram o conhecimento ancestral da medicina.

Para Dulce Favacho, liderança religiosa com mais de 30 anos de tradição, residente no município de Vigia, no interior do Pará, “a chave para a cura de diversas doenças está no poder das folhas e das ervas”, além de cobrar respeito e reconhecimento aos saberes dos povos originários. “Nossa Amazônia está aí. Não há saúde, não há vida sem água, sem floresta, sem ervas. Os indígenas precisam ter respeito”, afirmou.

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A Ministra Sônia Guajajara caminha nos corredores da Blue Zone com indígenas. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

A programação da Cúpula dos Povos segue até 16 de novembro, com apresentações artísticas, palestras, oficinas, gastronomia e uma feira de produtos artesanais.

Confira a programação da Cúpula dos Povos

A programação oficial da Cúpula dos Povos pode ser consultada aqui.


* A estudante de jornalismo Fábia Regina Ribeiro Gonzaga Medeiros é paraense e está em Belém acompanhado a COP30, sob orientação do jornalista Alexandre Barbosa.

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