A Central Única dos Trabalhadores (CUT) participa ativamente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre até 21 de novembro em Belém (PA), com o objetivo de colocar a Transição Justa no centro do debate climático global. A entidade representa o movimento sindical brasileiro nas negociações oficiais e nas mobilizações da Cúpula dos Povos, evento paralelo que reúne organizações sociais de todo o mundo. Saiba mais na TVT News.
Para a CUT, a transição para uma economia de baixo carbono precisa ocorrer de forma socialmente equitativa e inclusiva, garantindo que os custos das mudanças climáticas e das políticas ambientais não recaiam sobre os trabalhadores e as populações vulnerabilizadas. A Central defende que a COP30, sediada na Amazônia, seja a “COP da Transição Justa”, pautada pela preservação ambiental aliada à justiça social e à proteção dos direitos humanos e trabalhistas.
Entre as principais reivindicações apresentadas pela CUT está a criação do Mecanismo de Ação de Belém (BAM), uma proposta de instrumento internacional no âmbito da ONU para coordenar políticas de Transição Justa e integrar o mundo do trabalho à ação climática. A Central também cobra financiamento climático justo, com um investimento mínimo de US$ 1,3 trilhão até 2030, sem aumentar a dívida dos países do Sul Global.
Além disso, o movimento sindical propõe medidas concretas para garantir emprego decente, proteção social universal e requalificação profissional para trabalhadores afetados pela descarbonização da economia. A agenda inclui ainda a defesa da Amazônia como zona de paz e soberania dos povos, a redução dos combustíveis fósseis, desmatamento zero e reforma agrária e urbana.

Participação da CUT na COP30
Durante a conferência, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, participa do painel oficial “O Mundo do Trabalho e a Transição Justa: o papel dos sindicatos e da negociação coletiva”, ao lado de ministros, representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e lideranças da indústria. No mesmo dia, a entidade lança a Pauta da Classe Trabalhadora 2025: Trabalho e Meio Ambiente – COP30, com propostas para uma política climática centrada nos direitos dos trabalhadores.
Paralelamente, a CUT também integra a coordenação da Cúpula dos Povos, realizada de 12 a 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA). O evento reúne mais de 1.100 movimentos sociais de 62 países e cerca de 30 mil participantes. A abertura será marcada pela Barqueata no Rio Guamá, com 250 embarcações de comunidades ribeirinhas em defesa dos territórios e “maretórios” amazônicos e contra o lobby fóssil presente nas negociações oficiais.
Segundo a secretária de Meio Ambiente da CUT, Rosalina Amorim, sediar a conferência no Brasil é uma oportunidade para fortalecer a participação popular nas decisões climáticas. “Estamos pedindo que esta seja a COP da Transição Justa, que coloque os direitos humanos e trabalhistas no centro do debate sobre políticas climáticas. Parem com a violência e a fome contra civis. Não há justiça climática sem direitos humanos”, afirmou.
Confira o discurso completo da Secretária de Meio Ambiente da CUT
Eu sou Rosalina Amorim, Secretária de Meio Ambiente da CUT Brasil. Falo em nome do movimento sindical global. Em nome de todos os trabalhadores, dou-lhes as boas-vindas ao meu país e à minha terra.
Aqui na Amazônia, estamos sendo duramente atingidos pelo impacto das mudanças climáticas. O calor crescente está matando pessoas. O desmatamento e a poluição estão destruindo nosso modo de vida, colocando em risco nossa sobrevivência. O movimento sindical global vem a Belém com esperança nos olhos e no coração.

Esta COP, realizada no coração da Amazônia, precisa levar as pessoas a sério. Estamos pedindo que esta seja a COP da Transição Justa. Uma Transição Justa que coloque os direitos humanos e trabalhistas no centro do debate sobre políticas climáticas.
Proteger e promover direitos trabalhistas — como o diálogo social e a negociação coletiva, a proteção social, a saúde e segurança no trabalho — é o que vai conquistar a confiança das trabalhadoras e dos trabalhadores e fortalecer a implementação das políticas climáticas.
As trabalhadoras e os trabalhadores do mundo demandam uma decisão urgente de vocês pela criação do “Mecanismo de Ação de Belém para a Transição Justa” – o BAM.
E, por fim, queridas e queridos delegados, a ação climática também significa pôr fim à violência, às guerras, aos conflitos e à repressão em todos os lugares. Parem com a violência e a fome contra civis — não há justiça climática sem direitos humanos!
