Defenda o Brasil: campanha defende a soberania e expõe patriotas de ocasião

"Defenda o Brasil": agora está claro quem quer o bem do país. Patriotas de ocasião usurparam a bandeira e as cores nacionais. Devolvam
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Protesto à atuação do Congresso Nacional na justiça tributária com a taxação dos super ricos, fim da escala 6×1 e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, realizado em frente ao MASP. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou hoje (11) a campanha digital “Defenda o Brasil”, uma reação direta à recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Entenda na TVT News.

A iniciativa “Defenda o Brasil” tem como mote a defesa da soberania nacional diante de interferências externas e acusa figuras da extrema direita brasileira de submissão e traição ao país.

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Defenda o Brasil: “cabe a todo brasileiro defender o país e identificar quem são os falsos patriotas”

A ofensiva comunicacional, que será veiculada nas redes sociais com vídeos, cards e bonés temáticos, é assinada pelo marqueteiro Otávio Antunes, o mesmo responsável pela bem-sucedida campanha “taxação BBB” (que defende a taxação de bilionários, bancos e bets). Agora, o foco se volta ao embate internacional provocado pelo “tarifaço” anunciado por Trump e ao silêncio de líderes da direita brasileira frente à medida.

Segundo interlocutores do PT, o objetivo da nova campanha é reforçar a ideia de que “cabe a todo brasileiro defender o país e identificar quem são os falsos patriotas”. O símbolo central da iniciativa é a bandeira do Brasil, ressignificada como emblema de luta popular e não mais como ferramenta de apropriação ideológica pela extrema direita.


“Roubaram a bandeira. Mentiram vestindo-a. Traíram com ela nas costas”, diz a locução de um dos vídeos da campanha, enquanto são exibidas imagens de manifestações pró-Bolsonaro. O vídeo também mostra trechos do ex-presidente Jair Bolsonaro batendo continência à bandeira dos EUA e gritando ‘USA, USA’, além do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) usando o boné vermelho com a frase “Make America Great Again”, slogan de Trump, e declarando: “grande dia”.


Patriotas de ocasião

As peças publicitárias lançam mão de uma retórica patriótica invertida: acusam os que se dizem patriotas de, na verdade, “bajularem Trump” e “calarem diante do ataque ao Brasil”. Um dos slogans afirma: “A culpa do tarifaço de Trump ao Brasil é dos Bolsonaros”, responsabilizando diretamente o campo político liderado pelo ex-presidente por não proteger os interesses nacionais nem construir uma política externa autônoma.

A campanha também se desdobra em materiais impressos e produtos, como bonés com os dizeres “O Brasil é soberano”, em diferentes cores, contrapondo-se diretamente ao adereço de apoio ao ex-presidente norte-americano.

Defenda o Brasil

A reação do PT ocorre num momento em que o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, tenta contornar os impactos econômicos e diplomáticos da decisão de Trump. O aumento tarifário é visto por analistas como uma forma de coerção política e econômica, com impactos diretos sobre setores-chave da economia brasileira, como o agronegócio, a siderurgia e a indústria de base.

Em resposta, o governo Lula reforçou sua posição de defesa da soberania e da autodeterminação. Em entrevistas nesta semana, o presidente afirmou que o Brasil “não aceitará ingerência externa” e que “o país deve ser respeitado como protagonista global”.

No Congresso, a oposição ao governo federal tem evitado comentar o impacto da medida americana. O silêncio, avalia a direção do PT, escancara uma “submissão ideológica” de parte da elite política nacional à agenda trumpista, e é justamente essa omissão que a campanha pretende denunciar.

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Comunicação com apelo popular

Com linguagem acessível e imagens fortes, a campanha busca se conectar com sentimentos de orgulho nacional e de frustração diante da atual política internacional. Em um dos vídeos, o narrador sentencia:

“Bandeira não é adereço, não é figurino de traidor. É símbolo de um país que trabalha. E é para ser defendida.”

A campanha “Defenda o Brasil” também dialoga com o esforço do PT de reocupar os símbolos nacionais, apropriados por movimentos de extrema direita nos últimos anos e de mobilizar a base popular em torno de pautas de soberania, desenvolvimento e justiça social.

Ao unir crítica internacional, disputa simbólica e apelo à mobilização cidadã, o PT mira mais do que apenas responder a uma medida econômica externa. Busca, sobretudo, reconstruir um discurso patriótico progressista num cenário geopolítico cada vez mais tenso e marcado por alianças que nem sempre respeitam os interesses nacionais.

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