O candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) tentou conquistar eleitores de Pablo Marçal, em sabatina promovida pelo ex-coach, nesta sexta-feira (25), pela internet. A dois dias do segundo turno, Boulos afirmou que, assim como o candidato que ficou em terceiro no primeiro turno, também defende a mudança.
“O diálogo que estou fazendo é uma coisa comum, eu defendo, assim como você, a mudança da cidade”, disse Boulos. “Quem votou em você votou buscando uma mudança. E quem votou em mim busca a mesma coisa. É esse eleitor que vou buscar”, frisou o psolista.
Nesse sentido, Boulos afirmou que está enfrentando “essa mesma turma do Centrão” que o ex-coach dizia combater, fazendo alusão ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.
“Eu, se fosse levar para o lado pessoal, não aceitaria o convite para estar aqui pelos ataques que recebi de sua candidatura. Mas não me movo por mágoa”, disse Boulos no começo da conversa. Ele afirmou que se movimenta por “propósito” e que, por isso, decidiu participar da transmissão com Marçal. Durante a campanha, o ex-coach chegou a acusar Boulos de ser usuário de drogas, com base em um lado falso.
Mais do que isso, Boulos reafirmou que vai encampar uma das propostas de Marçal. Do mesmo modo, disse que vai manter e ampliar outra política atual de Nunes, que ele considera bem-sucedida.
“Teve uma ideia sua que admiti publicamente que assumi, que foi a história das escolas olímpicas. Ricardo Nunes também acertou com a ideia da faixa azul para motocicleta. Falei que vou manter e ampliar. Não vou ficar com birrinha porque é coisa do adversário”, respondeu Boulos.
Nova polarização
Durante a conversa, chamada por Marçal de “Entrevista de emprego“, o ex-coach afirmou que ele e Boulos irão polarizar a cena política nas próximas décadas.
“Assim como tem Lula e Bolsonaro, vai ter uma tal de Guilherme e Pablo nos próximos 30 anos. Isso me incomoda. Você acredita? É um sentimento que eu tenho. Você já pensou em disputar a eleição de governo, para presidente da República, assim, com um cara de direita que vai te atormentar a vida inteira?”, questionou o candidato derrotado.
Boulos usou a expressão “eu não sou filho de pai assustado” para responder à pergunta e afirmou que “está pronto para qualquer embate”. “Adversário a gente não escolhe. Na campanha, na vida, (o adversário) aparece, e a gente tem que estar preparado para fazer um debate qualificado, independentemente das circunstâncias”, disse.
Ao mesmo tempo, os dois negaram que votariam um no outro, mas mantiveram a cordialidade na conversa. “Não votaria nem em você, nem no Ricardo Nunes”, disse Boulos. “Eu, Pablo, não voto na esquerda jamais”, Marçal devolveu.
Nunes fugido
Marçal ainda disse que se surpreendeu com o fato de Boulos ter aceitado participar da “entrevista”. “Fiquei realmente assombrado quando o Guilherme aceitou”, admitiu. “Eu liberei o eleitorado para fazer o que bem entender”, acrescentou ele, em outro momento. “Acredito que vai ter a maior abstenção da história”, acrescentou.
E ainda atacou Nunes por se recusar a participar. Ao final da live, Marçal telefonou para o prefeito, exibindo o celular para a câmera. “Eu, Pablo, faço um apelo mais uma vez. Terminando a entrevista aqui com o Guilherme, a gente passa para o Ricardo. Eu acho lastimável ele não fazer”, disse,
“Eu estou ligando para o prefeito. Se eu tratei o Guilherme nesse respeito, você também tem que esperar o mesmo respeito. Vou até mostrar para vocês, está ligando aqui”, continuou. “Lamento, tá Ricardo? Você não conseguir entrar.”