Denúncias de crimes cibernéticos caíram no Brasil em 2024 

Denúncias de Crimes Cibernéticos caíram 33% em relação a 2023, segundo dados da Safernet
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Foram 100.077 novas ocorrências em 2024, uma redução de 33% em relação ao ano anterior. Créditos: Joedson Alves/Agência Brasil

A Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, mantida pela organização não governamental SaferNet, registrou 100.077 novas ocorrências em 2024, uma redução de 33% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizadas 150.847 denúncias. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11), durante as atividades do Dia da Internet Segura. Confira mais em TVT News.

Entre os crimes mais reportados estão aqueles relacionados a imagens de abuso e exploração sexual infantil. Em 2024, foram 52.999 denúncias nessa categoria, uma queda de 26% em comparação com 2023, ano que marcou o recorde histórico desde o início da série, em 2006. 

No entanto, a redução no número de denúncias não significa necessariamente que esses crimes estejam diminuindo. De acordo com Thiago Tavares, presidente da SaferNet, em entrevista à Agência Brasil, houve uma mudança no comportamento dos criminosos, que migraram para espaços mais fechados e menos acessíveis. “O conteúdo criminoso tem circulado menos na web pública e mais em grupos fechados de aplicativos de mensagens. Para denunciar, é preciso ser membro desses grupos, e quem participa dificilmente vai denunciá-los”, explicou. 

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Crimes cibernéticos tem migrado da internet acessível para a deep web. Créditos: Joedson Alves/Agência Brasil

Queda em crimes de ódio, mas números ainda preocupam 

Os crimes de ódio, que incluem atos motivados por discriminação racial, religiosa, xenofobia, LGBTfobia, misoginia e outras formas de intolerância, também apresentaram queda significativa. Em 2024, houve uma redução de 49% nas denúncias únicas em comparação com 2023. Apesar disso, Tavares ressalta que o volume ainda é alarmante. “Este é o quarto maior número da série histórica em 19 anos. A queda em relação ao pico de 2023 é positiva, mas os números continuam muito altos”, afirmou. 

As redes sociais seguem sendo um terreno fértil para crimes cibernéticos. Embora o conteúdo ilegal não seja publicado diretamente nessas plataformas, elas são frequentemente usadas como iscas para atrair vítimas a grupos fechados ou sites onde o material criminoso é compartilhado e comercializado. “As redes sociais são portas de entrada para esses espaços obscuros”, destacou Tavares. 

Aumento em fraudes no e-commerce  

Um dado que chama a atenção é o aumento de 174% nas denúncias relacionadas a fraudes em compras online, que passaram de 23 casos em 2023 para 63 em 2024. Esse crescimento reflete a expansão do comércio digital e a necessidade de maior conscientização sobre segurança nas transações virtuais. 

Por outro lado, a SaferNet tem ampliado seu apoio a vítimas de crimes cibernéticos e pessoas com problemas de saúde mental relacionados ao uso da internet. O serviço Helpline, criado para oferecer orientação e acolhimento, registrou um aumento de 79% nos atendimentos em 2024, passando de 114 para 204 casos. “Nosso objetivo é acolher e orientar esses usuários, indicando onde buscar ajuda especializada”, explicou Tavares. 

Como denunciar crimes cibernéticos 

Denúncias de crimes como abuso sexual infantil, exploração e crimes de ódio podem ser feitas diretamente na Central Nacional de Denúncias da SaferNet. Basta copiar e colar o link do conteúdo criminoso em um formulário online, que garante o anonimato do denunciante. Além da SaferNet, outros canais estão disponíveis, como o Disque 100, serviço do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. 

Para vítimas diretas de crimes cibernéticos, é possível registrar um boletim de ocorrência online no site da Polícia Civil de cada estado ou procurar uma delegacia especializada em crimes digitais. 

Apesar da queda nas denúncias, os desafios no combate aos crimes cibernéticos permanecem. A migração desses conteúdos para espaços fechados e a resistência das grandes plataformas em adotar mecanismos de controle mais eficazes exigem ações coordenadas entre governos, organizações e a sociedade civil para garantir uma internet mais segura para todos. 

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