Desagravo a Frei Chico reúne aliados históricos de Lula. “A extrema direita é feita de canalhas”

José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu amigos e companheiros em almoço de desagravo
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José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de seu amigo, advogado Luiz Eduardo Greenhalgh

Um almoço nesta segunda (27), em São Paulo, reuniu antigos companheiros de luta sindical, religiosos e figuras do campo progressista em solidariedade a José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, marcado por lembranças dos tempos de resistência, também serviu para celebrar os 80 anos do presidente Lula. Confira tudo na TVT News.

O desagravo foi convocado após uma onda de ataques e notícias falsas que tentam vincular Frei Chico a uma fraude bilionária no INSS. O caso, no entanto, não o cita nem o envolve: documentos da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União confirmam que o Sindnapi, sindicato do qual ele é vice-presidente, não está entre as entidades investigadas. Pelo contrário, foi o próprio Sindnapi que denunciou irregularidades ainda em 2017, no governo Michel Temer, que passaram e se aprofundaram no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Frei Chico: vida de luta e sofrimento

Entre os presentes estava o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, histórico advogado defensor de presos políticos e amigo da família Silva desde os anos 1970. Em entrevista exclusiva à TVT News, ele destacou a longa trajetória de lutas e perseguições enfrentadas pelos irmãos. Frei Chico, inclusive, foi preso político e torturado durante a ditadura civil-militar (1964-1985).

“A família Silva sempre dando problema”, brincou Greenhalgh, antes de prosseguir em tom sério. “Vemos uma vida de luta com Lula. Uma vida de alegria, de sofrimento. Quem conhece a família, os filhos, quem conheceu a Marisa, quem conhece a Janja, sabe que não é fácil pertencer à família do Lula.”

O advogado lembrou os anos de repressão durante a ditadura, quando Frei Chico foi preso e torturado no DOI-CODI. “Conheci Frei Chico antes de conhecer o Lula. Eu era advogado de presos políticos. Vi Frei Chico ser preso e torturado, vi seu julgamento. Desde sempre, tive dele a imagem de patrono da família Lula.”

Perseguição sistêmica

Greenhalgh também relatou a perseguição judicial e midiática que acompanha Lula e seus familiares há décadas. “A extrema direita é feita de canalhas. Para eles não importa o que é verdade e o que é mentira. São narrativas sempre caluniosas, ofensivas, sem provas, sem nada. Jogam na imprensa, e você acorda de manhã sem saber o que fazer. Seu filho olha para você e você não sabe explicar. O vizinho olha diferente. É uma situação de constrangimento social”, afirmou. “Por isso, nestes momentos, nós que somos companheiros precisamos demonstrar solidariedade, dizer que ele não está sozinho, que a injustiça vai passar e nós vamos vencer isso.”

O almoço reuniu poucos convidados, amigos antigos do sindicalista, entre eles o deputado estadual Donato (PT-SP), o frade dominicano Frei Betto e o advogado Antônio Funare Filho, presidente da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Lula: verdadeiro alvo

Para Donato, o caso revela mais uma tentativa de atingir Lula por meio de ataques à sua família. “Estamos em um evento de solidariedade a Frei Chico, que é atacado por ser irmão do presidente Lula. Mas quem conhece Frei Chico sabe que ele não tem nenhum envolvimento com a máfia do INSS. Pelo contrário, esse esquema surgiu no governo Bolsonaro. A CPI vai mostrar que será mais um tiro no pé do bolsonarismo”, afirmou o parlamentar.

O deputado também destacou a coincidência do ato com o aniversário de Lula. “Lula celebra 80 anos, uma grande referência da classe trabalhadora. Desejamos algo que ele vem dizendo em todas as suas aparições: quer viver até 120 anos”, disse.

Frei Betto, amigo pessoal de Lula e de Frei Chico desde os anos 1970, fez questão de ressaltar a honestidade da família. “Conheço ele há muitas décadas. Tenho absoluta convicção da ética e da lisura do Frei Chico. Ele é uma pessoa íntegra. Confio na educação que Dona Lindu deu a seus filhos”, disse. “Já fui vítima dessas injúrias e difamações. Temos que reforçar nossos companheiros que estão sendo acusados indevidamente. Quanto ao Frei Chico, ponho as duas mãos no fogo.”

O religioso também lembrou o aniversário do presidente. “Hoje é uma data muito importante. Lula faz 80 anos, uma data simbólica, com muita disposição e garra. Acredito que ele será o primeiro brasileiro a ocupar pela quarta vez a cadeira de presidente da República.”

Antônio Funare Filho recordou que a perseguição a Frei Chico não é novidade: “Quando tentaram incluí-lo na Lava Jato, a Comissão de Justiça e Paz se reuniu e chegou à conclusão de que se tratava de perseguição política. Tivemos sucesso. O juiz não aceitou a denúncia contra ele. Isso continua, é uma constante. Estou aqui como pessoa física e representando a Comissão.”

Em meio a abraços e memórias, prevaleceu o tom de resistência e solidariedade que marcou a trajetória da família Silva. “Não é fácil ser da família Lula”, resumiu Greenhalgh.

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