Dia da Saúde na COP30: conheça plano do Brasil para adaptar SUS às mudanças climáticas

Plano de Ação em Saúde de Belém será lançado como modelo global para sistemas de saúde resilientes à crise climática
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Nesta quinta-feira (13), o Brasil apresenta o Plano de Ação em Saúde de Belém, iniciativa inédita que propõe a adaptação do SUS às mudanças climáticas. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Pela primeira vez na história das conferências do clima, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em Belém (PA), terá um dia inteiramente dedicado à relação entre saúde e meio ambiente. Nesta quinta-feira (13), o Brasil apresentará o Plano de Ação em Saúde de Belém, uma iniciativa inédita que propõe a adaptação dos sistemas de saúde às mudanças climáticas. O documento, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), busca inspirar outros países a fortalecer seus serviços públicos de saúde diante dos impactos crescentes do aquecimento global. Entenda na TVT News.

O plano coloca o Sistema Único de Saúde (SUS) no centro da resposta brasileira à crise climática e consolida o país como referência internacional na integração entre políticas de saúde e clima. A proposta brasileira é considerada pela OMS uma das principais estratégias globais de resiliência sanitária e será apresentada oficialmente no Dia da Saúde da COP30.

Como dito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha em entrevista à Voz do Brasil nesta semana, “a saúde é a principal face dos impactos das mudanças climáticas”. O objetivo do plano é garantir que, mesmo em um planeta mais quente e sujeito a desastres ambientais, o SUS e outros sistemas de saúde continuem capazes de cuidar da população.

Os impactos da crise climática na saúde

A crise climática já provoca efeitos diretos e mensuráveis sobre a saúde pública. A OMS estima que, entre 2030 e 2050, ela será responsável por cerca de 250 mil mortes por ano em decorrência de desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Estudos indicam que 58% das doenças infecciosas conhecidas têm relação com fatores ambientais.

Eventos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as secas severas na Amazônia, têm destruído infraestruturas hospitalares e comprometido o atendimento contínuo de pacientes. O aumento das queimadas eleva as internações por doenças respiratórias, enquanto a expansão de vetores como o mosquito da dengue e o transmissor da chikungunya leva doenças tropicais a novas regiões, inclusive na Europa e nos Estados Unidos.

Três eixos de ação para um SUS resiliente

O Plano de Ação em Saúde de Belém, e sua versão nacional, o Adapta-SUS (2025–2035), está estruturado em três eixos centrais que orientam a adaptação do setor de saúde às mudanças climáticas.

  1. Vigilância e monitoramento em saúde
    Criação de uma vigilância integrada capaz de cruzar dados ambientais e de saúde, permitindo alertas precoces sobre riscos como ondas de calor, aumento da poluição e surtos de doenças. Estados e municípios poderão reagir rapidamente a eventos climáticos extremos com base em evidências científicas.
  2. Preparação dos serviços e capacitação de profissionais
    Hospitais e unidades básicas de saúde serão orientados a reorganizar rotinas durante períodos de calor extremo, com novos horários de atendimento e protocolos clínicos específicos. O plano também prevê formação de profissionais para lidar com emergências como queimadas, inundações e crises de calor, temas ainda pouco abordados em cursos de medicina e enfermagem no Brasil.
  3. Inovação e produção sustentável em saúde
    O setor de saúde é um dos mais poluentes do mundo, responsável por altas emissões de carbono e pelo uso intensivo de plástico. O plano prevê incentivos à transição para energias renováveis, à redução de resíduos e ao desenvolvimento de medicamentos mais estáveis e menos dependentes de refrigeração. Também inclui medidas para fortalecer o complexo econômico-industrial da saúde, estimulando a inovação com menor impacto ambiental.

Adapta-SUS e o legado da COP30

A versão nacional do plano, o Adapta-SUS, mapeou as regiões e populações mais vulneráveis (comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas e periferias urbanas) para direcionar investimentos e políticas de adaptação. A Atenção Primária à Saúde, com suas 42 mil unidades básicas e cobertura de 123 milhões de brasileiros, é considerada a base dessa resposta.

Em Belém, a própria COP30 serve como campo de teste: o Ministério da Saúde montou um centro de emergências sanitárias, instalou um hospital de campanha e reforçou o atendimento local com profissionais de outros estados. A estrutura já realizou mais de mil atendimentos durante a conferência.

Segundo Padilha, os investimentos deixarão um legado permanente para o Pará, com a instalação de seis novos equipamentos de radioterapia e o financiamento de barcos-hospitais que farão atendimentos e cirurgias em comunidades ribeirinhas. “A Amazônia é como o paracetamol do mundo. Se a Amazônia está forte, a temperatura do mundo não cresce tanto, controla a febre do mundo. Então, você adaptar o sistema de saúde para cuidar dessa população é muito importante”, afirmou o ministro.

Com Agência Gov

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