“O que melhor define o transporte público hoje é o cansaço” é a frase que abre o minidocumentário Tarifa Zero: Cidade em Disputa, e sintetiza a experiência cotidiana de milhões de brasileiros. Mais que um retrato da precariedade, o filme é um convite a imaginar cidades mais justas — onde circular livremente não seja um privilégio. Leia em TVT News.
O filme tem sessão especial exclusiva na segunda-feira (22), às 18h30, na TVT, TV aberta para Grande SP (canal 44.1) e para o Brasil (canal 555).
A exibição marca as discussões sobre o Dia Mundial Sem Carro. A data tem o objetivo de chamar a atenção para os vários problemas causados pelo uso massivo de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros
urbanos.
Uma parceria do Brasil de Fato e da Fundação Rosa Luxemburgo, o filme parte da vida de quem depende do transporte coletivo para revelar como o atual modelo urbano aprofunda desigualdades raciais, sociais e ambientais. São jornadas de até
cinco horas por dia, salários corroídos por passagens, corpos exaustos e vidas atravessadas por catracas.
A produção também se debruça sobre os efeitos da mobilidade na saúde: consultas desmarcadas por falta de passagem, sofrimento psíquico por jornadas excessivas, mães solo e trabalhadores periféricos sacrificando autocuidado e convivência por um direito básico — o de ir e vir.
Outro eixo crítico do documentário é o desmonte da retórica da “modernização verde”. Ao questionar o foco exclusivo nos carros elétricos, a obra denuncia um colonialismo ambiental interno, que ignora a urgência da transição modal do individual para o coletivo — a única, segundo o filme, capaz de enfrentar a crise climática com justiça.
“Mais que uma medida de gestão, a tarifa zero é um projeto de sociedade. É sobre saúde pública, redistribuição de renda, combate ao racismo e reconstrução do que entendemos por cidade”, afirma Katarine Flor, produtora executiva do filme.
Reconhecimentos
O documentário ganhou o prêmio de Impacto Social em Curta-Metragem da 3ª Edição do Short Way International Short Film Festival e foi selecionado para o ECOCINE – International Environmental Film and Human Rights Festival.