O dólar abriu em queda nesta quarta-feira (5) no Brasil. No início da tarde, a moeda norte-americana recuava 1,94%, cotada a R$ 5,8012. Na última sexta-feira (28), a moeda havia registrado alta de 1,50%, fechando a R$ 5,9162. Às 15h01, o dólar à vista tinha queda de 2,17% ante o real, a R$ 5,787. Confira mais em TVT News.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, operava em leve alta de 0,27% às 14h30, aos 123.130 pontos. Na sexta-feira anterior, o indicador havia recuado 1,60%, encerrando o pregão em 122.799 pontos.
No cenário internacional, o dólar segue em queda desde terça-feira (4), refletindo preocupações com uma possível guerra comercial entre os Estados Unidos e países alvos das tarifas de importação impostas pelo ex-presidente Donald Trump.
Nesta quarta-feira, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que novas tarifas sobre produtos do México e do Canadá estão em análise. Segundo ele, o governo avalia setores como o automobilístico, que podem ter algum alívio tarifário, mas ressaltou que os líderes dos dois países ainda precisam se reunir com Trump para definir os termos do acordo.
O aumento das tarifas de importação tende a encarecer insumos e produtos no mercado norte-americano, elevando os custos de produção e pressionando a inflação.
Apesar das oscilações do dólar, as bolsas dos EUA operavam em alta nesta quarta-feira. Às 15h40, o índice Dow Jones avançava 0,42%, aos 42.698,45 pontos, enquanto o Nasdaq subia 0,63%, a 18.400,196 pontos.
Na véspera, o índice Nasdaq chegou a registrar queda após a fabricante de chips Nvidia demonstrar preocupação com os custos da inteligência artificial (IA) e as tensões geradas por uma possível guerra comercial global.
As ações da Nvidia recuaram 1,92% na terça-feira, sendo negociadas a US$ 111,97. No mesmo dia, o Dow Jones caiu 1,51%, para 42.539 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 1,56%, fechando em 5.758 pontos.

O temor do mercado é que a nova onda de tarifas comerciais impostas por Trump aumente ainda mais os custos produtivos nos EUA, pressionando a inflação e impactando o consumo.
Além disso, investidores acompanham atentamente os desdobramentos da política monetária norte-americana. O Federal Reserve (Fed) tem sinalizado uma postura cautelosa em relação a possíveis cortes nas taxas de juros. Na última reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que a instituição continua monitorando a inflação e os dados do mercado de trabalho antes de tomar qualquer decisão sobre a política monetária.
A incerteza quanto ao rumo dos juros nos Estados Unidos também impacta o mercado de câmbio, uma vez que taxas mais altas tendem a fortalecer o dólar, atraindo investidores para ativos norte-americanos. No entanto, os recentes dados econômicos dos EUA indicam uma possível desaceleração, o que poderia levar o Fed a adotar uma postura mais branda nos próximos meses.
No Brasil, o movimento de queda do dólar é influenciado, em parte, por um cenário externo mais favorável às moedas emergentes. Além disso, dados econômicos internos têm trazido certo otimismo ao mercado. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, veio abaixo das expectativas no último mês, reforçando a possibilidade de novos cortes na taxa Selic pelo Banco Central.
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Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, após sucessivas reduções desde o ano passado. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem buscado equilibrar o cenário inflacionário com a necessidade de estimular o crescimento econômico. Um ambiente de juros mais baixos pode favorecer o mercado de ações e reduzir a atratividade do dólar como investimento, contribuindo para a sua desvalorização frente ao real.
Outro fator que impacta o câmbio é o fluxo de investimentos estrangeiros. Nos últimos dias, houve um aumento na entrada de capital externo na bolsa brasileira, o que ajudou a impulsionar o Ibovespa e contribuiu para a queda do dólar. Esse movimento tem sido influenciado pelo bom desempenho de algumas commodities, como o minério de ferro e a soja, apesar dos anúncios de Trump de também aplicar tarifas de importação maiores ao Brasil.
No setor corporativo, empresas brasileiras de grande porte, como a Vale e a Petrobras, têm registrado instabilidade em suas ações, refletindo tanto fatores externos quanto internos. A Petrobras, por exemplo, viu suas ações oscilarem nos últimos dias em meio a discussões sobre a política de preços dos combustíveis e o cenário político.
Os próximos dias devem continuar sendo de forte atenção dos investidores, que aguardam novos dados econômicos e possíveis declarações de autoridades monetárias tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Além disso, o cenário geopolítico global segue como um fator de risco para os mercados, especialmente diante das incertezas envolvendo as relações comerciais entre as principais potências mundiais.
A volatilidade do mercado financeiro tende a permanecer enquanto persistirem dúvidas sobre a trajetória da inflação e dos juros globais. Com isso, o comportamento do dólar e do Ibovespa seguirá sendo influenciado por uma combinação de fatores internos e externos, exigindo cautela por parte dos investidores.