Ednaldo Rodrigues afastado da CBF: entenda por que e o que acontece agora

Novas eleições serão realizadas; decisão do TJ-RJ não deve interferir na Seleção Brasileira
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Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo de Presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Foto: CBF

A diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), incluindo o presidente Ednaldo Rodrigues, foi afastada do comando da entidade no final da tarde desta quinta-feira (15), seguindo determinação do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Gabriel de Oliveira Zefiro. Entenda os motivos em TVT News.

A decisão também determina que Fernando Sarney, um dos vice-presidente da CBF e que pediu à Justiça o afastamento de Rodrigues, atue como interventor da entidade, tendo como uma de suas principais responsabilidades realizar eleições “o mais rápido possível”.

Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF de forma interina em 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio. Em 2022, foi eleito oficialmente, tornando-se o primeiro presidente negro e nordestino da história da entidade.

A eleição foi contestada e anulada pelo TJ-RJ em dezembro de 2023, por irregularidades. Em janeiro de 2024, Gilmar Mendes, do STF, suspendeu a decisão para evitar interferência judicial na CBF, o que poderia gerar sanções da FIFA ao Brasil.

Em fevereiro de 2025, o STF homologou um acordo que validou a eleição de Ednaldo em 2022 e estendeu seu mandato até 2026. No mês seguinte, ele foi reeleito sem oposição para seguir no cargo até 2030.

Um fato anterior ganhou destaque: para que o acordo homologado pelo STF fosse válido, era essencial o aval do Coronel Nunes — vice-presidente mais velho e, conforme o estatuto, o responsável por assumir interinamente a presidência em 2021 após o afastamento de Rogério Caboclo.

A assinatura de Nunes era fundamental para legitimar o acordo que garantia a permanência de Ednaldo no cargo. No entanto, ex-dirigentes questionaram essa assinatura, alegando que Nunes, então com 81 anos e histórico de problemas de saúde, poderia não ter condições cognitivas para validar o documento.

Assinaram o documento: Antônio Carlos Nunes de Lima (Coronel Nunes), Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Rogério Caboclo, a Federação Mineira de Futebol e a própria CBF.

Porém, Fernando Sarney, então vice-presidente da CBF, e a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, solicitaram a revisão da assinatura do Coronel Nunes nesse acordo, questionando a autenticidade da rubrica.

O pedido foi negado pelo STF no dia 7 de maio. O ministro Gilmar Mendes entendeu que “não havia, à época, quaisquer elementos nos autos que levassem à compreensão ou sequer suspeitas de ocorrência de simulação, fraude ou incapacidade civil dos envolvidos”.

Apesar da negativa, a decisão determinou que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro investigasse o caso com urgência.

A perícia que gerou a suspeita de falsificação foi solicitada por Marcos Dias (Podemos), vereador e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Rio.

A análise, realizada por Jacqueline Tirotti, concluiu que não é possível afirmar que a assinatura seja de Nunes, devido a diferenças encontradas nos traços da escrita.

Intimado para audiência no TJ-RJ nesta segunda-feira (12), Coronel Nunes não compareceu por problemas de saúde. André Mattos, diretor jurídico da CBF, informou que ele estava impossibilitado até mesmo para participar remotamente.

O desembargador Gabriel De Oliveira Zefiro baseou sua decisão em um atestado médico de maio de 2023, que aponta déficit cognitivo, hidrocefalia, tonturas e ataxia, além de perícia grafotécnica nas assinaturas de Nunes em outros documentos.

“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela Corte Superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido por Coronel Nunes”, afirma o desembargador Gabriel de Oliveira Zefirona decisão publicada nesta quinta.

“A consequência imediata e lógica consiste no reconhecimento da ilegitimidade da atual administração da CBF, fruto do acordo declarado nulo. A entidade não pode restar acéfala e é imperativo que se realizem eleições lícitas, dentro da legalidade estatutária”, acrescenta a nota.

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Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o presidente da confederação nesta quinta-feira (15), por suspeita de falsificação de assinatura.

CBF quer anular afastamento

Ainda nesta quinta-feira (15), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a decisão da Justiça do Rio de Janeiro que afastou o presidente da entidade.

O pedido foi encaminhado ao ministro Gilmar Mendes, que foi relator de decisões anteriores que garantiram a permanência do presidente no comando da confederação.

A CBF afirma que a decisão do desembargador Gabriel Zéfiro contraria uma medida cautelar do STF. Segundo a entidade, o afastamento de Ednaldo Rodrigues desrespeita a decisão do ministro Gilmar Mendes, de 4 de janeiro de 2024, que suspendeu o afastamento determinado pelo TJ-RJ e garantiu o retorno dos dirigentes eleitos em março de 2022.

Além disso, também aponta falhas processuais na decisão que levou à intervenção. A inspeção judicial que questionou a capacidade de Antônio Carlos Nunes, um dos signatários do acordo homologado pelo STF, teria sido marcada com menos de 24 horas úteis de antecedência e sem notificação das outras partes.

A entidade também argumenta que um acordo homologado não pode ser anulado por embargos ou decisões acessórias em processo extinto, apenas por ação anulatória específica.

Novas eleições

Quem assume interinamente o comando da CBF é o vice-presidente Fernando Sarney. Ele divulgou nesta sexta-feira (16), novas eleições para a presidência da entidade, o pleito será realizado no domingo (25).

Confira o comunicado:

“Em cumprimento à ordem judicial que determinou que fossem convocadas novas eleições o mais rápido possível, informo que amanhã será publicado em jornal de grande circulação o Edital de Convocação para Assembleia Geral Eleitoral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para os cargos de presidente, 8 (oito) vice-presidentes, 3 (três) membros efetivos e 3 (três) membros suplentes do Conselho Fiscal, para o exercício dos mandatos do quadriênio de 2025/2029.

Observando as regras e os procedimentos eleitorais previstos no Estatuto da CBF, o processo será conduzido de forma transparente, democrática e participativa, conforme cronograma abaixо:

  • 17/05/2025 – Publicação do 1º Edital e Regulamento Eleitoral
  • 18/05/2025 a 20/05/2025 – Prazo de Registro de Chapa
  • 25/05/2025 – Assembleia Geral Eleitoral

Informo, ainda, que a condução do processo eleitoral ficará sob responsabilidade de Comissão Eleitoral Apartada e Independente, conforme previsão do art. 22, VI, da Lei nº 9.615/98″.

Segundo o estatuto da entidade, apenas vices que não integraram a chapa da última eleição podem se candidatar — incluindo o próprio interino.

Nesse cenário, os nomes elegíveis para a disputa são: Rubens Lopes (78 anos), Hélio Cury (75), Francisco Novelletto (70), Fernando Sarney (69), Marcus Vicente (71), Reinaldo Carneiro Bastos (72) e Roberto Góes (58).

Fernando Sarney, de 70 anos, é filho do ex-presidente da República José Sarney e irmão da deputada federal Roseana Sarney (MDB-MA) e de José Sarney Filho (PV-MA), atual secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal. Empresário, ele está na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde 1998, quando assumiu o cargo de diretor de relações governamentais durante a gestão de Ricardo Teixeira. Desde então, permaneceu nos bastidores da entidade em todas as administrações seguintes.

Em 2015, Sarney passou a integrar o Comitê Executivo da Fifa por indicação de Marco Polo Del Nero, função que exerceu até março de 2023, quando foi substituído por Ednaldo Rodrigues após decisão da Conmebol. Embora tenha sido vice-presidente na atual gestão de Ednaldo, Sarney rompeu com o dirigente e se aliou à oposição. Por isso, não integrou a chapa de reeleição de Ednaldo, que venceu o pleito de março deste ano por aclamação.

Federações “soltam” a mão de Ednaldo

Nesta quinta-feira (15), logo após o anúncio do afastamento de Ednaldo Rodrigues, 19 presidentes de federações estaduais divulgaram nesta semana um manifesto conjunto clamando por “renovação e modernização” na Confederação Brasileira de Futebol. O documento destaca a necessidade de mudanças estruturais na entidade, mas chama atenção por não mencionar o nome de Ednaldo. A omissão é interpretada como sinal de distanciamento ou crítica velada à sua gestão.

Entre as federações que assinam o manifesto está a do Maranhão — estado de origem de Sarney — enquanto importantes entidades como São Paulo, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso não aderiram ao texto.

A manifestação pode marcar o início de um movimento por reformas mais profundas na estrutura da CBF. Historicamente, essas entidades exercem papel central nas eleições da confederação, com peso superior ao dos clubes das Séries A e B no colégio eleitoral.

A ausência de unanimidade entre os dirigentes estaduais, que em sua maioria apoiaram a reeleição de Ednaldo em 2022, sugere uma reconfiguração das forças políticas dentro da confederação. O gesto coletivo pode abrir espaço para novas candidaturas e projetos de gestão, refletindo um desejo de ruptura com o modelo atual.

Leia o manifesto na íntegra:

“MANIFESTO PELA ESTABILIDADE, RENOVAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO. 15 DE MAIO DE 2025.

O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol. Precisamos de um calendário equilibrado, arbitragem profissionalizada, gramados de qualidade, segurança nos estádios e competições fortalecidas.

Para que isso aconteça, é fundamental garantir estabilidade institucional à CBF. Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade e o avanço do futebol brasileiro. É também momento de resgatar a autonomia interna da CBF, hoje sufocada por uma estrutura excessivamente centralizada e desconectada das instâncias que compõem o ecossistema do futebol nacional.

Além da estabilidade, o cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças, bem como a profissionalização definitiva das estruturas de gestão. A CBF precisa ser exemplo de governança, eficiência e transparência — e também precisa voltar a ser a casa de todos que constroem o futebol brasileiro, com um ambiente saudável, inspirador e descentralizado, em que cada um possa contribuir ativamente para a melhoria do esporte que constitui verdadeiro patrimônio nacional.

Unidos com esse propósito, assumimos o compromisso de construir uma candidatura à Presidência e Vice-Presidências da CBF comprometida com um novo ciclo para o futebol brasileiro: mais democrático, mais integrado e mais aberto à participação de todos. Queremos uma CBF forte, querida por dentro, admirada por fora — e novamente amada por todos que fazem do futebol a alma do nosso país.”

Ancelotti não vem mais?

Uma das principais preocupações que repercutiram nos bastidores e nas redes sociais foi sobre a contratação do italiano Carlo Ancelotti, anunciado como novo técnico da Seleção nesta segunda-feira (12).

Apesar da instabilidade institucional na CBF, o acordo com Ancelotti segue inalterado. O treinador continua sendo esperado no dia 26 de maio – um dia antes das eleições da CBF- na sede da entidade, no Rio de Janeiro, para anunciar sua primeira convocação com foco nos jogos contra Equador e Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Confirmado oficialmente nesta semana após liberação do Real Madrid, O italiano foi uma escolha estratégica da instituição para aumentar a competitividade da Seleção Brasileira.

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