O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vem realizando uma série de reuniões que escancaram um modus operandi típico de quem atua contra os interesses nacionais: articular, com autoridades e assessores do presidente Donald Trump, sanções e boicotes contra o Brasil. Entenda na TVT News.
A missão, que ele realiza ao lado do ex-apresentador da Jovem Pan e youtuber Paulo Figueiredo, envolve a entrega de um dossiê que tenta vender aos norte-americanos a narrativa bolsonarista sobre a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e sobre supostos “efeitos positivos” das retaliações da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
No documento, Eduardo afirma, de forma sabidamente falsa, que Moraes não teria consultado o procurador-geral da República nem ministros do Supremo antes da decisão, quando na verdade tanto a PGR quanto a Polícia Federal foram oficiadas, e a prisão já havia sido solicitada pela PF. A intenção é apresentar a Washington uma versão distorcida da realidade para reforçar a pauta de confrontação contra instituições brasileiras e manter o cerco de sanções.
O filho 03 de Jair Bolsonaro e seus aliados querem convencer o governo Trump de que a ofensiva contra Moraes abriu espaço político para que o Congresso aprove a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, apesar da resistência das presidências da Câmara e do Senado.
Pesquisas recentes, porém, mostram que a população pensa diferente: segundo o instituto Quaest, 72% dos brasileiros condenam a taxação de 50% imposta por Trump ao Brasil, medida que o bolsonarismo tenta relativizar em nome da “aliança ideológica” com o republicano.
Eduardo Bolsonaro contra o Brasil
O alinhamento de Eduardo com figuras ideológicas do governo Trump não se limita a ataques a Moraes. Trocas de e-mails obtidas pela imprensa mostram que, poucas horas após uma entrevista do deputado ao jornal O Globo, a reunião virtual marcada entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, foi cancelada. Haddad atribuiu o recuo a uma articulação da extrema-direita para travar o diálogo e evitar que se discutisse a revisão das tarifas impostas ao Brasil.
A avaliação no Palácio do Planalto e no Itamaraty é que embora Eduardo não tenha ingerência formal sobre a agenda de Bessent, sua aproximação com assessores ideológicos, como o chefe de gabinete do secretário, Daniel Katz, indicado diretamente por Trump, cria barreiras para qualquer negociação. Na prática, ele atua para fechar portas que poderiam aliviar o impacto econômico das medidas punitivas contra o país.
Traição à pátria
Em vez de representar o Brasil, ele utiliza seu mandato para pedir a um governo estrangeiro que mantenha punições contra empresas nacionais e pressione instituições democráticas brasileiras. Trata-se de uma inversão de função parlamentar que, para críticos, se aproxima de condutas que beiram a traição à pátria, crime previsto na Constituição para quem colabora com países estrangeiros contra o interesse nacional.
Na visão de analistas, o episódio também deixa evidente que, sob Trump, decisões estratégicas sobre o Brasil passam diretamente pelo Salão Oval da Casa Branca, e não por órgãos técnicos como o Tesouro. Isso reforça a percepção de que a viagem de Eduardo não busca diálogo institucional, mas sim a construção de um canal direto com o núcleo ideológico trumpista, um canal voltado a minar a soberania brasileira em prol de um projeto político pessoal e familiar.