Estudo reforça aurgência da redução da jornada de trabalho

Em um cenário de avanços tecnológicos e aumento da produtividade, é inaceitável que a classe trabalhadora continue refém de jornadas extenuantes
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Redução da jornada também é estratégica para dinamização da economia. Foto: Miguel Ângelo/CNI

Por Valeir Ertle

Secretário Nacional de Assuntos Jurídicos da CUT Brasil, para a TVT News

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) recebe com grande atenção e considera de suma importância o recente estudo divulgado pelo Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) sobre a jornada de trabalho no Brasil. As conclusões do estudo vêm ao encontro das históricas reivindicações da CUT e reforçam a urgência de avançarmos na pauta da redução da jornada de trabalho sem redução salarial, como um passo fundamental para a melhoria da qualidade de vida da classe trabalhadora e para o desenvolvimento de um país mais justo e igualitário.

O estudo do CESIT, embasado em rigorosa análise de dados e tendências do mercado de trabalho, escancara uma realidade que a CUT denuncia há anos: a exaustiva jornada de trabalho a que são submetidos milhões de brasileiros e brasileiras impacta negativamente sua saúde física e mental, dificulta a conciliação entre vida pessoal e profissional, e limita o tempo dedicado ao lazer, à família e à participação cidadã. Em um cenário de avanços tecnológicos e aumento da produtividade, é inaceitável que a classe trabalhadora continue refém de jornadas extenuantes que comprometem seu bem-estar e seu pleno desenvolvimento.

A CUT reitera que a redução da jornada de trabalho não é apenas uma demanda legítima dos trabalhadores, mas também uma medida estratégica para a dinamização da economia e a geração de empregos de qualidade. Ao distribuirmos as horas de trabalho, abrimos espaço para a criação de novas vagas, combatendo o desemprego e a precarização. Além disso, trabalhadores com mais tempo livre e menos sobrecarga tendem a ser mais produtivos e engajados, beneficiando as empresas e a sociedade como um todo.

É fundamental ressaltar que a luta pela redução da jornada de trabalho é intrinsecamente ligada à defesa de salários dignos e de condições de trabalho decentes. Não se trata apenas de trabalhar menos horas, mas de garantir que essa redução da jornada venha acompanhada da valorização do trabalho e da manutenção do poder de compra dos trabalhadores. A CUT sempre defenderá uma redução da jornada sem qualquer tipo de perda salarial, assegurando que essa conquista represente um real avanço social e econômico para a classe trabalhadora.

O estudo do CESIT chega em um momento crucial, em que o debate sobre o futuro do trabalho ganha centralidade. As novas formas de organização do trabalho e os impactos da automação e da inteligência artificial exigem uma reflexão profunda sobre como garantir que o progresso tecnológico se traduza em benefícios para todos, e não apenas para uma parcela da sociedade. A redução da jornada de trabalho se apresenta como uma das respostas mais importantes a esses desafios, permitindo uma distribuição mais equitativa dos frutos do desenvolvimento.

Diante das evidências apresentadas pelo CESIT e da urgência de atendermos às necessidades da classe trabalhadora, se faz necessário intensificar as articulações internacionais em torno desta agenda, pois trata-se de uma resposta global às inovações tecnológicas que precisa ser assumida e implementada em âmbito mundial, para que não crie desvantagens competitivas dos países que a adotarem em relação aos que não o fizerem, favorecendo o deslocamento de plantas produtivas dos primeiros para os segundos.

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