Etanol de milho cresce 18 vezes em sete anos no Brasil

Avanço expressivo do etanol de milho, diversifica a matriz energética nacional e atrai investimentos. Entenda
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As usinas dedicadas ao etanol de milho operam com margens que chegam a 30%, mesmo diante das flutuações de preços do cereal. Foto: Esalka

Nos últimos sete anos, o etanol de milho deixou de ser uma aposta para se tornar um dos pilares mais promissores da transição energética no Brasil. Com um crescimento de 1.700% — o equivalente a 18 vezes mais do que o registrado anteriormente — esse modelo de produção já consome mais de 17 milhões de toneladas do grão e deve ultrapassar 22 milhões até 2026, segundo projeções do setor. Entenda na TVT News.

Antes majoritariamente destinado à produção de ração animal ou à exportação, o milho agora passa a ser reconhecido também como fonte de energia limpa e estratégica. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sob gestão do governo Lula, vem abrindo linhas de crédito para desenvolvimento do etanol de milho.

A transformação do milho em etanol representa não apenas uma diversificação econômica para o campo, mas também uma mudança estrutural na matriz energética brasileira. Hoje, o etanol de milho compreende 17% de todo etanol produzido no país.

Etanol de milho e rentabilidade

As usinas dedicadas ao etanol de milho operam com margens que chegam a 30%, mesmo diante das flutuações de preços do cereal. Os projetos maduros entregam uma Taxa Interna de Retorno (TIR) média de 15% ao ano, tornando o setor altamente atrativo para investidores. Além disso, o modelo industrial proporciona operação contínua ao longo do ano — inclusive durante a entressafra da cana-de-açúcar, o que garante estabilidade de produção e suprimento energético.


“O etanol de milho oferece um equilíbrio raro entre sustentabilidade e retorno financeiro. Estamos falando de um modelo que transforma excedente agrícola em energia limpa, gera coprodutos de alto valor e movimenta cadeias produtivas inteiras com eficiência e larga escala”, afirma Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro.


Entre os coprodutos estão o DDG (grão seco por destilação), um alimento proteico voltado para a nutrição animal, e o óleo de milho, utilizado tanto na indústria alimentícia quanto como insumo energético. Esses subprodutos garantem uma diversificação da receita das usinas, tornando o negócio ainda mais resistente a crises.

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Etanol de milho: energia limpa

A produção de etanol, seja a partir da cana ou do milho, tem como grande diferencial sua característica renovável. Trata-se de um combustível que, ao contrário dos derivados do petróleo, emite menos gases de efeito estufa e é obtido de fontes agrícolas que se regeneram a cada safra.

Nesse sentido, o etanol de milho tem o mérito adicional de complementar a cadeia da cana-de-açúcar, cuja produção é sazonal. Durante a entressafra da cana, as usinas de milho mantêm a produção ativa, colaborando para a segurança energética do país e contribuindo com metas ambientais de descarbonização.

“O milho passa a ser protagonista na nova matriz energética brasileira. Essa versatilidade aumenta a resiliência das usinas e fortalece o suprimento doméstico, reduzindo impactos ambientais e permitindo ao agro participar ativamente da transição energética que o mundo exige”, complementa Jordy.

Vocação para o etanol de milho

Embora o Mato Grosso ainda concentre a maior parte da produção — com capacidade projetada de mais de 16 milhões de toneladas até 2026 —, o setor começa a se expandir para outros estados, como Paraná, Bahia e Santa Catarina. Essa interiorização reforça a capilaridade da bioenergia no Brasil e impulsiona o desenvolvimento regional, com geração de emprego, renda e inovação tecnológica.

Segundo Felipe Jordy, “Estamos diante de uma grande transformação, que posiciona o Brasil como protagonista da bioenergia no mundo. O etanol de milho não é apenas uma tendência — é um caminho sólido para integrar competitividade, sustentabilidade e independência energética no agronegócio brasileiro”.

Etanol de milho x etanol de cana

Ambos os tipos de etanol — de milho e de cana — compartilham a característica de serem combustíveis renováveis, com menor impacto ambiental em comparação aos combustíveis fósseis. No entanto, existem diferenças significativas entre os dois modelos de produção.

O etanol de cana-de-açúcar é tradicionalmente mais difundido no Brasil, sobretudo no Sudeste, e tem um ciclo de produção sazonal, concentrado em determinados meses do ano. Já o etanol de milho permite operação contínua, o que garante suprimento estável mesmo fora do período de colheita da cana. Além disso, o modelo americano — que inspirou o crescimento dessa indústria no Brasil — demonstra que o milho pode ser transformado em biocombustível de forma altamente eficiente, sobretudo quando aliado a sistemas integrados de logística, armazenagem e coprodução.

Por outro lado, a cana apresenta maior produtividade por hectare e menor demanda energética no processo de fermentação. Ainda assim, o etanol de milho tem conquistado seu espaço com base na flexibilidade operacional, na diversificação geográfica e na capacidade de transformar excedentes agrícolas em ativos energéticos.


Dados do etanol de milho

  • Crescimento do etanol de milho: 18 vezes (1.700%) em sete anos.
  • Consumo atual de milho: 17 milhões de toneladas.
  • Projeção para 2026: mais de 22 milhões de toneladas de milho destinadas ao etanol.
  • Principais estados produtores: Mato Grosso (com mais de 16 milhões de toneladas previstas até 2026), Paraná, Bahia, Santa Catarina.
  • Margem operacional das usinas: até 30%.
  • TIR (Taxa Interna de Retorno): cerca de 15% ao ano em projetos maduros.
  • Coprodutos gerados: DDG (ração animal), óleo de milho.
  • Diferencial estratégico: operação contínua na entressafra da cana, diversificação da matriz energética, contribuição para a segurança energética e redução de emissões.
  • Etanol de milho vs. Etanol de cana: o primeiro permite produção contínua e aproveitamento do excedente agrícola; o segundo tem maior produtividade por hectare, mas é mais sazonal.

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