O governo dos Estados Unidos decidiu revogar o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (22) pela agência de notícias Reuters. A decisão faz parte de um pacote de medidas unilaterais da administração Donald Trump contra autoridades brasileiras. Leia em TVT News.
Segundo fontes ouvidas pela imprensa, a medida não foi acompanhada de justificativas formais, mas se soma a uma série de sanções adotadas pelo governo norte-americano contra membros do alto escalão do Judiciário e do Executivo no Brasil. A decisão ocorre em um momento de intensa tensão diplomática entre Brasília e Washington, marcado por divergências políticas e institucionais.
Jorge Messias, que ocupa a chefia da Advocacia-Geral da União (AGU), reagiu publicamente ao anúncio e classificou o cancelamento do visto como uma “agressão injusta”. O ministro ressaltou que a medida agrava o que chamou de um “desarrazoado conjunto de ações unilaterais, totalmente incompatíveis com a pacífica e harmoniosa condução de relações diplomáticas” mantidas por mais de dois séculos entre os dois países.
Messias reage
Em nota oficial, Jorge Messias reforçou que não se intimidará diante da decisão norte-americana. “Diante desta agressão injusta, reafirmo meu integral compromisso com a independência constitucional do nosso Sistema de Justiça e recebo sem receios a medida especificamente contra mim dirigida. Continuarei a desempenhar com vigor e consciência as minhas funções em nome e em favor do povo brasileiro”, declarou.
O advogado-geral da União também destacou que o gesto dos Estados Unidos tem implicações que vão além da esfera pessoal, atingindo o equilíbrio institucional e a própria tradição de diálogo entre Brasil e EUA. Messias afirmou que seguirá atuando “com serenidade, mas com firmeza”, no exercício de suas funções constitucionais.
Constranger Lula
De acordo com informações da colunista Débora Bergamasco, da CNN Brasil, a medida contra Jorge Messias integra um conjunto de sanções que os Estados Unidos “premeditaram” para constranger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
Entre as ações anunciadas pelo governo Donald Trump, estão também sanções contra a esposa e os filhos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Fontes diplomáticas relataram que a decisão teve caráter estratégico, visando aumentar a pressão sobre o Brasil em um momento de visibilidade internacional do presidente Lula.
O episódio aprofunda a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A revogação de vistos de autoridades brasileiras e sanções direcionadas a familiares de ministros do STF são vistas no Itamaraty como medidas desproporcionais e de difícil conciliação dentro do histórico de cooperação bilateral.
Especialistas em relações internacionais avaliam que a decisão pode ter impacto na agenda de negociações entre os dois países, especialmente em áreas de interesse mútuo, como comércio, meio ambiente e segurança. A reação oficial do governo brasileiro deve ser consolidada nos próximos dias, em meio à agenda de Lula em Nova York.
Enquanto isso, Jorge Messias sinalizou que seguirá firme em sua função à frente da AGU. Para o ministro, o gesto unilateral de Washington não terá o efeito de enfraquecer sua atuação institucional. Ao contrário, reforçará sua disposição em defender o sistema de Justiça brasileiro diante de pressões externas.