Europa diz preparar retaliação a medidas de Trump

Ursula von der Leyen, disse que Europa tem "plano forte" contra guerra tarifária de Trump, mas prefere saída negociada. Entenda
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"Europa não iniciou essa confrontação, acreditamos que ela está errada. Mas minha mensagem hoje é que temos tudo o que precisamos". Foto: EC/Flickr

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje (1) que a Europa possui um “plano forte” para retaliar contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, ressaltou que a prioridade do bloco é encontrar uma “solução negociada”. O político de extrema direita norte-americano toca uma política de guerra tarifária contra o mundo. No Brasil, o Parlamento e o governo Lula também se debruçam sobre formas de proteger o mercado e retaliar a sanha trumpista.

As declarações de von der Leyen foram feitas antes do anúncio de novas tarifas por Trump, previsto para esta semana. A presidente da Comissão Europeia destacou que os europeus estão “profundamente desanimados” com as recentes medidas protecionistas adotadas por Washington.

“Sejamos claros: a Europa não iniciou essa confrontação, acreditamos que ela está errada. Mas minha mensagem hoje é que temos tudo o que precisamos para proteger nosso povo e nossa prosperidade”, disse von der Leyen em discurso ao Parlamento Europeu.

Resposta a Trump

A líder do bloco enfatizou que a UE tem condições de reagir caso seja necessário. “Temos o maior mercado único do mundo, temos força para negociar e temos o poder para reagir. Os cidadãos europeus devem saber que, juntos, sempre promoveremos e defenderemos nossos interesses e valores”, afirmou.

Von der Leyen reconheceu que há questões a serem tratadas no comércio global, como subsídios desleais e restrições ao acesso a mercados. No entanto, ela alertou que tarifas generalizadas apenas agravarão a situação. “Ouço os americanos quando dizem que alguns se aproveitaram das regras. Concordo. Também sofremos com isso. Então, vamos trabalhar nisso juntos”, propôs.

A presidente da Comissão Europeia também alertou para os impactos econômicos das tarifas, chamando-as de “impostos pagos pelo povo”. “Tarifas são impostos para os americanos em seus alimentos e medicamentos. Tarifas apenas alimentarão a inflação, exatamente o oposto do que queremos alcançar”, argumentou.

Tensão global

As declarações de von der Leyen ocorrem em um momento de grande apreensão global, com países se preparando para o maior anúncio tarifário de Trump até o momento, marcado para 2 de abril. O presidente americano vem chamando a data de “dia da libertação”.

As ações de Trump já abalaram os mercados financeiros e elevaram as tensões com aliados históricos dos EUA, incluindo Bruxelas. Em especial, a tarifa de 25% sobre carros e peças automotivas pode causar grandes prejuízos à economia europeia, que emprega cerca de 14 milhões de pessoas no setor automotivo. A medida entra em vigor na quinta-feira.

Além disso, desde o mês passado, exportadores europeus já estão sujeitos a uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio. Em resposta, a UE anunciou um pacote de retaliação de 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) sobre produtos americanos.

Na segunda-feira, Trump voltou a acusar outros países de “explorarem” os EUA, mas argumentou que suas tarifas serão “muito justas” em comparação com as políticas comerciais de outras nações. Ele também descartou a possibilidade de isenções, garantindo que as novas medidas se aplicarão a “todos os países”.

Europa promete negociar

Apesar do tom firme, von der Leyen reiterou que a UE está disposta a negociar com Washington. No entanto, enfatizou que qualquer conversa será feita “a partir de uma posição de força” e que o bloco está preparado para adotar “contramedidas firmes, se necessário”. “Todos os instrumentos estão sobre a mesa”, garantiu.

Com informações da Al Jazeera

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