Ex-secretário-geral pede reformas na ONU para resolver crises

Ban Ki-moon discursou no Conselho de Segurança da ONU afirmando que é preciso evita que apenas países poderosos ditem soluções políticas
Tendo em vista a eleição de um novo secretário-geral no ano que vem, Ban Ki-moon sugeriu uma reforma que estabeleça um mandato único de sete anos na ONU. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Tendo em vista a eleição de um novo secretário-geral no ano que vem, Ban Ki-moon sugeriu uma reforma que estabeleça um mandato único de sete anos na ONU. Foto: ONU/Eskinder Debebe

Ban Ki-moon discursou no Conselho de Segurança afirmando que é preciso evitar situações em que apenas países poderosos ditam soluções políticas; ele defendeu um mandato único de sete anos para o cargo de líder da ONU, como forma de evitar “dependência excessiva” de membros do Conselho. Entenda na TVT News.

Para que a ONU consiga promover cooperação em um mundo cheio de divisões, o secretário-geral deve ter um papel político mais ativo na diplomacia e na resolução de crises. Essa é a visão do ex-ocupante do cargo, Ban Ki-moon, convidado para um debate sobre “liderança para a paz” no Conselho de Segurança nesta segunda-feira.

Ele afirmou que os Estados-membros, especialmente os que compõem o Conselho, devem apoiar esse papel e “evitar situações em que apenas os países poderosos ditam as soluções políticas”.

Poder para mediar conflitos e intervir em violações

Tendo em vista a eleição de um novo secretário-geral no ano que vem, Ban Ki-moon sugeriu uma reforma que estabeleça um mandato único de sete anos. Ele explicou que dois mandatos de cinco anos tornam o líder da ONU “excessivamente dependente dos membros permanentes do Conselho para a sua recondução”.

O ex-secretário-geral disse que quem quer que seja escolhido para o cargo precisará de um compromisso renovado de todos os Estados-membros para “apoiar e possibilitar o papel singular do chefe das Nações Unidas na resolução de conflitos”.

Para Ban Ki-moon, o líder da ONU precisa “deter poder real para mediar entre duas partes em conflito; e para intervir de forma mais ativa em casos de violações graves do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, como crimes de atrocidade”.

Uso “arbitrário” do veto

Ele afirmou que a “contínua incapacidade do Conselho de Segurança de funcionar adequadamente constitui a causa mais grave” da crise atual da ONU.

O ex-secretário-geral alertou para “a maneira irresponsável como muitos Estados desconsideram suas obrigações”, e em particular, como alguns membros permanentes do Conselho usam o veto “para proteger a si mesmos, seus aliados e seus representantes da responsabilização”.

Ele declarou que sem reformas “para conter o uso arbitrário e o abuso do poder de veto pelos membros permanentes, a sensação de impotência da ONU não será superada”.

Deterioração da situação internacional

Ban Ki-moon foi secretário-geral de 2007 a 2016. Ele afirmou que, em comparação com aquela época, a situação internacional parece ter se deteriorado ainda mais em diversas frentes.

O diplomata coreano é membro emérito do The Elders, um grupo de líderes globais independentes fundado por Nelson Mandela que trabalha pela paz, justiça, direitos humanos e um planeta sustentável.

Após a reunião do Conselho, Ban Ki-moon se conversou com jornalistas, ao lado do ex-presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e do ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo, que também são membros do The Elders.

Eles falaram sobre o processo de seleção para o próximo secretário-geral da ONU, a necessidade urgente de reforma do Conselho de Segurança e a importância das Nações Unidas retomarem um papel central na prevenção e resolução de conflitos.

Por ONU News

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