Brasil é certificado como país livre da febre aftosa sem vacinação

Certificado de país livre da febre aftosa mesmo sem vacinação é um estágio avançado de controle sanitário, que abre portas para negócios
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“Temos mais mundo para ganhar”, declarou Lula ao receber certificação de país livre da febre aftosa. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou hoje (6), em Paris, a conquista de um marco histórico para o agronegócio brasileiro. O reconhecimento oficial do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação. Entenda na TVT News.

O certificado foi entregue a Lula e ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela diretora da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), Emmanuelle Soubeyran, em cerimônia realizada durante a visita de Estado do presidente à França.

“Temos mais mundo para ganhar”, declarou Lula ao receber o documento. A frase sintetiza a importância estratégica da certificação, que posiciona o Brasil, já líder mundial nas exportações de proteína animal, em um novo patamar no mercado internacional. A partir de agora, o país poderá ampliar sua presença em mercados mais exigentes, que só aceitam carne de países livres da doença sem o uso de vacinas.

Brasil contra a febre aftosa

“É o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. É o reconhecimento da robustez e da confiabilidade do nosso sistema de defesa agropecuária”, afirmou Lula. Ele também ressaltou o desafio de manter o status sanitário: “Mesmo sem a vacinação, está comprovado que a febre aftosa não circula em nosso país. E cabe a nós não permitir que volte a circular nos nossos territórios.”

Emmanuelle Soubeyran, da OMSA, classificou o momento como um “marco histórico” e destacou o planejamento envolvido na conquista. “Essa jornada começou em 1998, quando o Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram reconhecidos como zonas livres da doença. Hoje, o Brasil está pronto para seguir adiante.”

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Sistema sanitário brasileiro

Segundo o ministro Carlos Fávaro, a certificação é fruto de investimentos contínuos, parcerias com a iniciativa privada e uma política sanitária rigorosa. “O Brasil avançou muito na produção sustentável, respeitando regras sociais e ambientais. Agora damos um salto com um sistema sanitário que é referência mundial”, afirmou.

Fávaro lembrou que foram mais de seis décadas de esforços para erradicar a doença, com campanhas em parceria com estados, municípios, entidades de classe e até países vizinhos como Bolívia, Paraguai, Colômbia, Venezuela e Guiana. “O Brasil teve protagonismo regional, compartilhou vacinas e atuou para conter focos em toda a América do Sul.”

Segurança alimentar

Representantes do setor produtivo também estiveram presentes na cerimônia e ressaltaram os impactos econômicos e geopolíticos do novo status sanitário. Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou que a certificação reforça o papel do Brasil na segurança alimentar global. “Isso vai se reverter em dinheiro na balança comercial. É gratificante vivenciar esse momento de um Brasil forte e responsável.”

Já Roberto Perosa, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), lembrou que, mesmo sendo o maior exportador mundial, o mercado interno ainda absorve a maior parte da produção. “Exportamos 3 milhões de toneladas no ano passado, mas 70% da carne bovina fica no Brasil. Agora, com a certificação, poderemos expandir nossos mercados com mais confiança e competitividade.”

Febre aftosa e seus riscos

A febre aftosa é uma doença infecciosa que afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Causada por um vírus altamente contagioso, pode provocar surtos devastadores, impactando severamente a produção e o comércio. O controle da doença depende de medidas rigorosas de biossegurança, rastreabilidade e, até então, vacinação sistemática.

Visita de Estado reforça laços com a França

A entrega do certificado foi parte da intensa agenda de Lula na França, que marca a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao país em 13 anos. Nesta sexta, além da cerimônia com a OMSA, o presidente visitou a exposição do artista brasileiro Ernesto Neto no Grand Palais, ao lado do presidente Emmanuel Macron, e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8.

Na véspera, Lula foi recebido com honras militares na Esplanada dos Inválidos, teve reuniões com Macron e com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e participou de um jantar de Estado. À noite, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores da bandeira brasileira, em gesto simbólico de aproximação entre os dois países.

A visita marca a retomada das relações estratégicas entre Brasil e França, após anos de distanciamento diplomático. Lula já havia visitado o país em 2005 e 2009, e sua presença em 2025 reforça o papel do Brasil como parceiro-chave nas pautas ambiental, comercial e de governança global.

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