Fed corta juros pela primeira vez em 2025

Pressões políticas e sinais de desaceleração econômica moldam decisão histórica do Banco Central dos EUA
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Apesar das pressões de Trump, Powell reafirmou independência do Fed. Foto: Casa Branca

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (17) a redução de sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo o intervalo entre 4% e 4,25%. Esta é a primeira diminuição desde dezembro de 2024 e sinaliza o início de um ciclo de afrouxamento monetário, com dois cortes adicionais previstos até o final deste ano. Leia em TVT News.

A decisão ocorre em meio a intensas pressões políticas, especialmente do presidente Donald Trump, que tem criticado publicamente o Fed por não adotar uma postura mais agressiva de redução de juros. Ele chegou a tentar destituir a diretora Lisa Cook, alegando irregularidades em sua conduta, embora a ação tenha sido bloqueada pela Justiça.

Além disso, o presidente nomeou Stephen Miran para o conselho do Fed, que votou contra o corte de 0,25 ponto percentual, defendendo uma redução de 0,5 ponto.

O Bundesbank, banco central da Alemanha, alertou que tais interferências políticas podem comprometer a credibilidade do Fed e afetar a estabilidade financeira dos EUA, com possíveis repercussões nos mercados globais. Apesar disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou o compromisso da instituição com sua independência e com o cumprimento de seu mandato duplo: estabilidade de preços e pleno emprego.

Sinais de desaceleração

A decisão do Fed também reflete preocupações com a desaceleração da economia norte-americana. O crescimento do mercado de trabalho tem mostrado sinais de enfraquecimento, com a criação de apenas 22 mil vagas em agosto e revisões para baixo nos dados de empregos anteriores, indicando que a desaceleração começou já em 2024. A taxa de desemprego aumentou ligeiramente para 4,3%, e a inflação, embora ainda acima da meta de 2% do Fed, registrou 2,9% em agosto, impulsionada em parte por tarifas impostas pela administração Trump.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed observou que, apesar da inflação persistente, os riscos para o emprego aumentaram, o que levou a uma mudança na prioridade da política monetária, passando de um foco em controlar a inflação para apoiar o crescimento do emprego.

Expectativas para o futuro

O Fed projeta que a taxa de desemprego atinja 4,5% até o final deste ano, com uma leve queda para 4,4% em 2026. A inflação medida pelo índice de preços de consumo pessoal (PCE), preferido pelo banco central, deve permanecer em 3% em 2025, antes de recuar para 2,6% em 2026 e 2,1% em 2027.

O mercado financeiro reagiu de forma mista à decisão. O índice S&P 500 apresentou leve queda, enquanto o dólar teve valorização, refletindo a cautela dos investidores quanto à eficácia das medidas do Fed diante dos desafios econômicos e das pressões políticas.

Em resumo, o corte de juros pelo Fed representa uma resposta às crescentes preocupações com a desaceleração econômica e ao enfraquecimento do mercado de trabalho. No entanto, a pressão política contínua e os desafios inflacionários indicam que o caminho para a estabilidade econômica nos EUA pode ser mais complexo do que o esperado.

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