A atriz Fernanda Torres, vencedora de prêmio no Globo de Ouro e indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em Ainda Estou Aqui, longa-metragem de Walter Salles, continua divulgando a história da família de Rubens Paiva por onde passa.
Em campanha do Oscar, período em que atores e atrizes indicados ao maior prêmio do cinema do mundo costumam participar de entrevistas e programas de televisão, Fernanda Torres foi entrevistada pelo jornalista Jonathan Lemire no Morning Joe, do canal MSNBC.
Na conversa, Fernandinha reforçou os motivos do sucesso do filme, que já conquistou outros prêmios além do Globo de Ouro e está indicado em mais de 35 premiações.
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Filha da também atriz Fernanda Montenegro, Torres relembrou que a primeira brasileira a disputar a categoria de Melhor Atriz no Oscar foi sua mãe, em 1999. Na ocasião, Montenegro perdeu a colocação para Gwyneth Paltrow, que ganhou por Shakespeare Apaixonado. “É inacreditável. Jamais imaginei que isso aconteceria. […] No Brasil nós temos esse fenômeno que é: Fernanda, eu; e Fernanda, minha mãe”, completou.
Na última quarta-feira (11), Fernanda Torres gravou sua participação no tradicional programa da manhã norte-americana, o Good Morning America. A edição ainda não foi ao ar.
Leia a tradução da entrevista:
Jonathan Lemire: Obrigado pela sua presença no programa e parabéns pela sua conquista e suas indicações. Como foi quando você começou a receber tanto reconhecimento e aclamação por seu papel no filme?
Fernanda Torres: É quase um milagre, porque, você sabe, é um filme falado em português. É um filme pequeno comparado aos outros. E acho que ele diz muito sobre o poder dessa história e como as pessoas que o assistem ficam tocadas por essa família, essa mulher e a história.
Jonathan Lemire: Essa conexão que você menciona, como foi para você? Como foi se conectar com o personagem? O que te atraiu para o papel?
Fernanda Torres: Como eu poderia recusar? Walter Salles é o mesmo diretor com quem eu fiz Terra Estrangeira. Ele fez Central do Brasil com minha mãe, e agora, de novo. E essa história… é a história do sequestro e tortura de um deputado em 1970 da qual nunca falamos sobre. Era como uma fotografia que estava sendo esquecida. E então, de repente, seu filho escreve esse livro no qual o filme é baseado, e descobre que a grande heroína na família é sua mãe. É uma história sobre resistência e esperança. É ainda mais especial pela crise em que vivemos hoje, eu penso. Por isso o filme ganhou tanta atenção.
Jonathan Lemire: Sim, o livro obviamente é muito impactante. Agora, o filme também. O que você ouve das pessoas no Brasil quando elas vêm até você e falam como se sentiram assistindo ao filme?
Fernanda Torres: No Brasil foi fenomenal porque as pessoas começaram a ir aos cinemas de uma forma que não iam mais. Pessoas da esquerda, da direita, centro, todas elas. Como o filme é focado na família, todo mundo consegue se identificar. Se você é jovem, você se identifica com os filhos, se você é mãe ou pai também se identifica. O filme é muito importante porque os jovens estão sendo apresentados ao que realmente significa viver em uma ditadura, por meio dele. Acredito que o filme liberta o Brasil de uma ideologia binária, no sentido de estar ou de um lado, ou de outro. Conecta as pessoas. Agora as pessoas estão enlouquecendo, e o Oscar vai acontecer bem no Carnaval.
Jonathan Lemire: Você mencionou sua mãe. E devemos lembrar que você é a segunda atriz brasileira a ser indicada ao Oscar na categoria de Melhor Atriz. A primeira, foi sua mãe, alguns anos atrás. Como é ter esse tipo de conquista na família?
Fernanda Torres: Como disse, é inacreditável. Jamais imaginaria que isso aconteceria. Eunice Paiva, a protagonista, criou o Marcelo Rubens Paiva, que é um escritor muito famoso no Brasil. E minha mãe me criou. Então, o filme também tem essa simbologia sobre transmissão, sobre a arte através do tempo. É claro, para mim e minha mãe, é muito bonito. No Brasil, nós temos esse fenômeno que é: Fernanda, eu; e Fernanda, minha mãe. Somos as Fernandas.
Jonathan Lemire: Fernanda Montenegro, sua mãe. E ainda receber essas indicações em filmes do mesmo diretor.
Fernanda Torres: Sim, imagine isso! É uma história tão bonita e eu estou muito feliz e muito grata.
Jonathan Lemire: É, o filme está arrasando. E o Oscar está chegando. O novo filme Ainda Estou Aqui está em cartaz nos cinemas dos Estados Unidos e do Canadá. Fernanda Torres, atriz indicada ao Oscar, obrigado e boa sorte no mês que vem.
Fernanda Torres: Muito obrigada!