A fotografia que reúne o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante encontro no dia 27 de outubro, em Kuala Lumpur (Malásia), alcançou um novo marco de engajamento nas redes sociais brasileiras. Segundo levantamento do instituto Quaest, foram aproximadamente 72 milhões de visualizações, cerca de 778 mil menções, mais de 22 milhões de curtidas e cerca de 7,5 milhões de compartilhamentos em plataformas como Instagram, X, TikTok e Facebook. Leia em TVT News.
Para efeito de comparação, a imagem que detinha até então o recorde do presidente brasileiro, na qual ele aparece de sunga ao lado de sua esposa, Rosângela da Silva (Janja), havia acumulado cerca de 65 milhões de visualizações, 4,6 milhões de menções, 19 milhões de curtidas e 7 milhões de compartilhamentos.
O levantamento da Quaest foi realizado entre os dias 21 e 27 de outubro, com monitoramento de perfis e menções nas principais redes sociais.


De acordo com o diretor da Quaest, Felipe Nunes:
“O encontro Lula-Trump mostra que a diplomacia do século XXI acontece nas redes e nas mesas de negociação. A foto publicada e amplamente visualizada é um exemplo claro da política como imagem, que mesmo sem legenda fala sobre o que aconteceu. O sorriso, a postura, o aperto de mão, tudo é simbólico.”
Segundo a análise da empresa, das menções levantadas, aproximadamente 54% foram neutras, 26% positivas e 20% negativas.
Veja os números da foto Lula-Trump:
- 1 milhão de curtidas;
- 65,8 mil comentários.
- 92 mil curtidas;
- 17,4 mil comentários;
- 12 mil compartilhamentos.
X (Twitter)
- 90 mil curtidas;
- 3,6 mil comentários;
- 12 mil compartilhamentos.
TikTok
- 14,4 mil curtidas;
- 617 comentários;
- 991 compartilhamentos.
Linguagem corporal que fala
Nas imagens divulgadas, percebe-se uma série de sinais não-verbais que reforçam o simbolismo do encontro:
- O aperto de mãos firme entre Lula e Trump transmite protocolo, mas também um gesto de igual para igual, reforçando visibilidade internacional.
- Ambos mantêm postura ereta, com olhar direto ou ligeiramente voltado um para o outro, o que sugere formalidade e autocontrole.
- Sorrisos – ligeiros, contidos – indicam cordialidade, sem exagero, o que pode ser interpretado como busca de equilíbrio e diplomaticidade.
- O cenário — bandeiras do Brasil e dos EUA ao fundo, ambiente formal de reunião — reforça o caráter institucional do momento, mas as expressões dos dois se situam entre o amistoso e o contido.
- A imagem de Lula sentado, por vezes com dossier ou fones de tradução, transmite que ele está em ambiente internacional, interlocução de alto nível; Trump, por sua vez, aparece no gesto de saudação ou iniciando conversa, o que simboliza protagonismo.
Em suma: a fotografia funciona como “selfie diplomática” — não literal, mas no sentido de comunicar visualmente ao público externo e interno que “estou à mesa”, “tenho interlocução”, “sou visto globalmente”.
Derrota simbólica para o bolsonarismo
Para o espaço político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a imagem representa uma virada simbólica. Durante o seu mandato e na transição, o bolsonarismo cultivou a narrativa de “intimidade” ou “aproximação especial” com Washington — tal como quando Bolsonaro visitou os EUA ou buscou realçar afinidades ideológicas com Trump. Ver agora Lula ocupar essa cena de protagonismo internacional desmonta essa narrativa.
Alguns pontos chave:
- A imagem de Lula com Trump deixa o bolsonarismo em segundo plano na cena diplomática e simbólica, justamente ao mostrar o petista em alto nível de interlocução global.
- O recorde de engajamento reforça que essa não é apenas uma cena de bastidor: ela ressoou no público e nas redes, o que implica que o símbolo foi captado inclusive pelos cidadãos-internautas.
- O fato de Lula “tomar” esse lugar de visibilidade sugere que o bolsonarismo precisaria agora reposicionar-se, pois já não detém o monopólio da narrativa de proximidade com Washington.
- No entanto, cabe destacar que ser “vista” não é o mesmo que “conseguir acordos imediatos”. A narrativa bolsonarista continuará explorando que aproximação diplomática não garante necessariamente resultados concretos — no caso, as tarifas estadunidenses sobre produtos brasileiros ainda são parte da pauta.
- Em termos eleitorais ou de opinião pública, o protagonismo visual de Lula pode reforçar sua imagem de estadista e líder internacional, o que é um elemento de capital político que o bolsonarismo terá de contestar.
A imagem de Lula com Trump, além de detentora de recorde de engajamento, opera como um símbolo político forte: comunica poder de interlocução, visibilidade global e uma guinada na narrativa de proximidade diplomática. Para o campo do bolsonarismo, representa pelo menos um revés simbólico, mas também um desafio de narrativa relevante.


