O Ministério das Relações Exteriores da França convocou o embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Kushner, nesta segunda-feira (25), após publicação de uma uma carta aberta criticando a “ausência de ações suficientes” do governo francês no combate ao antissemitismo. Entenda na TVT News.
A carta, endereçada ao presidente Emmanuel Macron e publicada no jornal The Wall Street Journal, foi classificada por Paris como possuindo alegações “inaceitáveis” e “incompatíveis com a qualidade do relacionamento” entre os EUA e a França.
Paris reage: carta viola o direito internacional
A França refutou firmemente as alegações de Kushner. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que as declarações “violam o direito internacional, em particular o dever de não interferir em assuntos internos dos Estados, previsto pela Convenção de Viena de 1961”.
O governo francês reconheceu o aumento de atos antissemitas desde 7 de outubro, mas enfatizou a “mobilização total” das autoridades para combatê-los. O ministro francês de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, reforçou a posição, declarando que “a França não tem lições a aprender na luta contra o antissemitismo”.
O embate diplomático acontece em um momento sensível. No final de julho, Macron anunciou que a França reconhecerá a condição do Estado Palestino em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, uma iniciativa vista como um passo para promover a paz no Oriente Médio. Outros países como Reino Unido, Canadá e Austrália também consideram ações semelhantes.
Acusações e alinhamentos polêmicos
Na carta, Kushner diz que possui uma “profunda preocupação” com a “explosão do antissemitismo na França” desde 7 de outubro de 2023. Ele afirma que “não passa um dia na França sem que judeus sejam agredidos nas ruas” e critica diretamente a postura francesa de reconhecimento da Palestina.
Suas declarações ecoam a posição do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que enviou uma carta semelhante a Macron, acusando o reconhecimento de um Estado Palestino de “recompensar o terror do Hamas”. A presidência francesa, por sua vez, já havia classificado as acusações de Netanyahu como “abjetas” e “errôneas”.
Charles Kushner é pai de Jared Kushner, genro de Donald Trump, e foi nomeado embaixador por Trump após seu retorno à Casa Branca. O Departamento de Estado dos EUA declarou seu apoio total aos comentários de Kushner, afirmando que ele está “fazendo um ótimo trabalho no avanço de nossos interesses nacionais”.