O furacão Melissa atingiu o leste de Cuba na madrugada de hoje (29) com ventos máximos de 195 km/h, após perder força e ser rebaixado para categoria 3. O presidente Miguel Díaz-Cañel confirmou “importantes danos em várias zonas do território”. Apesar das imagens de destruição, o governo empreendeu esforços para proteger a população e, até o momento, não foram registradas vítimas em solo cubano. Em outros países do Caribe, mortos chegam a 31 pessoas, sendo 25 no Haiti. Entenda na TVT News.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) classificou o fenômeno como “extremamente perigoso” em sua chegada à ilha. Melissa tocou o solo na província de Santiago de Cuba, perto da localidade de Chivirico, às 4h10 (horário de Brasília), trazendo chuvas torrenciais e risco elevado de inundações e deslizamentos. Na tarde de hoje, o Melissa começou a deixar o solo cubano, partindo para as Bahamas. Contudo, reflexos ainda são sentidos.
“Foi uma madrugada muito difícil. Os danos são significativos e Melissa ainda permanece sobre o território cubano. Peço ao nosso povo que não se confie, mantenha a disciplina e permaneça protegido. Assim que a situação melhorar, iniciaremos a recuperação. Estamos prontos”, disse o presidente cubano.
Em Cuba, mais de 735 mil pessoas foram evacuadas preventivamente, sobretudo nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo, segundo informações das autoridades locais.

Cuba mobiliza Forças Armadas e sistema de defesa civil
O governo cubano mobilizou suas Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e declarou estado de alerta em seis províncias: Granma, Las Tunas, Holguín, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo. Brigadas de salvamento e resgate estão em prontidão nas zonas orientais, onde o furacão já provoca enchentes e deslizamentos de terra. As informações são da TeleSur em Cuba.

O vice-ministro primeiro e chefe do Estado-Maior Geral, general de corpo de exército Roberto Legrá Sotolongo, percorre o leste do país supervisionando as medidas de proteção. Ele destacou que a comunicação com a população é prioridade, mesmo diante dos apagões e da queda de energia.
“É preciso usar alto-falantes, megafones, qualquer meio possível. As pessoas precisam entender o perigo. A vida vem em primeiro lugar. A casa e os animais podem ser recuperados, mas a vida não”, afirmou Sotolongo. “O Estado cubano nunca deixou ninguém desamparado.”
Do posto de comando do Exército Oriental, mantém-se comunicação permanente com os conselhos de defesa locais para verificar a disponibilidade de recursos e o cumprimento dos planos de redução de desastres. A atenção principal está voltada às comunidades mais vulneráveis a inundações, penetrações do mar e desabamentos.
Segundo o jornalista Germán Veloz, morador de Cuba, o desafio é garantir que toda a população compreenda a gravidade da situação. “Há quem ainda ache que o fenômeno não vai chegar. Isso pode gerar erros de comportamento. É preciso mudar essa percepção, e por isso a mobilização antecipada é essencial”, afirmou.
Hemos mantenido comunicación toda la madrugada con los primeros secretarios del Partido de las provincias orientales, la última hace apenas unos minutos. Se mantiene el control sobre la situación. Nos hemos preparado para el peor escenario y las medidas han sido efectivas. pic.twitter.com/OnuWzAioli
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) October 29, 2025
“Proteção da vida é prioridade”
A preparação começou na segunda-feira (27), com suspensão de aulas, reforço de telhados e estoques de alimentos. O governo enfatiza que a proteção da vida é o objetivo central e que as zonas de defesa devem atuar de forma ativa na coordenação local.
Em El Cobre, localidade de Santiago de Cuba, agentes da Proteção Civil tentam resgatar 17 pessoas isoladas após a cheia de um rio e um deslizamento. “Que não nos faça tanto dano”, disse à AFP Floraina Duany, de 82 anos, moradora da região, à Virgem do Cobre, padroeira de Cuba.
Furacão e impactos regionais
Melissa chegou à Jamaica na terça-feira (28) como furacão de categoria 5, com ventos sustentados de até 295 km/h, o mais intenso já registrado na ilha. Após horas sobre o território jamaicano, o fenômeno perdeu força, mas voltou a se intensificar ao avançar sobre o Caribe em direção a Cuba.
Cientistas apontam que o aquecimento global tem aumentado a frequência e a intensidade de grandes tempestades como Melissa. O meteorologista Kerry Emanuel explicou que o fenômeno da intensificação rápida torna as chuvas e ventos ainda mais destrutivos: “A água mata muito mais pessoas do que o vento”.
Organização e reconstrução
Enquanto o furacão segue atravessando o leste cubano, as autoridades mantêm foco na coordenação entre exército, defesa civil e população. “A organização que se constrói agora é determinante para enfrentar os efeitos de Melissa e acelerar a recuperação quando o perigo passar”, destacou Yordanys, repórter da TeleSur.
